SONETO 116 – Trad. Vasco Graça Moura (2005)
Não haja impedimentos à união
de almas fiéis; amor não é amor
se se alterar ao ver alteração
ou curvar a qualquer pôr e dispor.
Ah, não, é um padrão sempre constante
que enfrenta as tempestades com bravura;
é estrela a qualquer barco navegante,
de ignoto poder, mas dada altura.
Do Tempo o amor não é bufão, na esfera
da foice curva em bocas, róseos rostos;
com breve hora ou semana não se altera
e até ao julgamento fica a postos.
E se isto é erro e em mim a prova tem,
nunca escrevi e nunca amou ninguém.
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