O DESMANCHE DO ESTADO DE DIREITO
E DA REPÚBLICA PELO JUDICIÁRIO
Já se passaram alguns anos do
processo do Mensalão, no qual o domínio do fato virou instrumento para a
perseguição política. Já se passaram três anos do vergonhoso golpe contra a
Presidenta Dilma Roussef. E já se passou mais de um ano do julgamento
persecutório e injusto de Lula no tribunal de Curitiba e no TRF 4 de Porto
Alegre. Também se passaram nove meses de gestão do governo mais vergonhoso e
atrasado da história do Brasil que é produto desse primeiro abuso jurídico e
teórico, do segundo abuso político e jurídico e do terceiro abuso ou Conluio do
judiciário que colocou um dos maiores presidentes da História do Brasil na
cadeia, mas na verdade mais fora do processo eleitoral de 2018, do que qualquer
outra coisa.
Muita coisa foi escrita por juristas
de muita qualidade contra tudo isso, mas mesmo assim essa escalada
discricionária abusada e tendenciosa prosseguiu sua sanha sem nenhum obstáculo
até a divulgação pela Intercept dos áudios e diálogos escandalosos da lava
jato.
Em tudo que foi escrito contra
esses abusos, não encontrei maior discordância ou algo para criticar, ao
contrário, penso que se deve avançar
mais duramente nessa análise e que a cada dia que passa esse debate deve ser
feito por todos os cidadãos e cidadãs que conseguem pensar, refletir e julgar
com clareza e espírito justo.
Apesar de não ser jurista, sou
defensor da República, de um Estado Democrático de Direito, tenho profundo
compromisso conceitual e prático com justiça e justiça social e me arrepio com
qualquer excesso de poder nos três poderes que pode ser pai do arbítrio, de
abusos e de distorções graves no Brasil.
Eu creio que o debate de fundo
está correto. O tema clássico da divisão entre os três poderes com equilíbrio e
regulação nas especificidades, autonomia e respeito institucional estão extremamente prejudicadas no Brasil. As ingerências do poder judiciário nos
executivos - vide judicialização e também uma espécie de sequestro das decisões
políticas do legislativo por parte do judiciário tem transformado o poder judiciário
em legislador e também em relação ao executivo em definidor e redefinidor das
prioridades orçamentárias e programáticas.
Eu não sei como resolver isso.
Mas me preocupa principalmente os prejuízos no planejamento e na tomada de
decisão do executivo. Quem poderia avalizar e ser penalizado por isso - no caso
da nomeação da ministra ou do chefe da casa civil, por exemplo - deveria ser o
congresso. Depois que ficasse tramitando recursos contrários a tal decisão
executiva no judiciário. Mas hoje tudo vira peremptório, abrupto e casuística.
Creio que o problema é gravíssimo no Brasil de hoje, pois mostra a face
arbitrária do judiciário, seletivo e discricionário e, ao mesmo tempo, esconde
a colcha de benesses, privilégios, abusos e também desmandos do poder. Eu acabo
sempre na questão final: quem regula e dá limites ao judiciário? Viraram um
super poder - um poder absoluto - e tal excesso ou excedente de poder é péssimo
para a República.
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