COM UM COMENTÁRIO PARA ELA E MEUS
ALUNOS DE FILOSOFIA E SEMINÁRIO DE 2014
Uma das coisas que me surpreende
nestas redes sociais é justamente isto. A gente escreve e acha que ninguém lê
ou curtiu, mas somos surpreendidos com comentários e mesmo diálogos sobre o que
escrevemos. Por isto, escrevo e publico aqui também. Não são artigos
acadêmicos, mas bem, são lidos e geram reflexão que é o que me importa em meus
enunciados, discursos e posições. A Endoxa me apareceu nas aulas de seminário
integrado no ensino médio e de filosofia por conta de que eu deveria encontrar
sim algo como uma opinião na base de todo discurso e de minha análise do discurso a partir da diferença platônica entre doxa e
episteme. Assim, acabei adotando endoxa com muito prazer para tratar das
opiniões dos mais sábios, mais experientes e mais práticos - que ainda que não
sejam capazes ou intentem em seus propósitos dizer a causa ou determiná-la com
rigor - nos apresentam uma opinião que deve ser levada em consideração e que
pode nos ajudar a começar na abordagem cognitiva ou teórica de determinado
assunto. E eu precisava encontrar uma forma de diferenciar todas as opiniões
sem usar alguma guia ideológica e tal. E neste ano isto foi muito importante.
Nem sempre a famosa voz da experiência está correta e é a diretora que resolve
os conflitos de opinião, mas deve ser levada em consideração. A piada é que eu
descobri que os bons jornalistas ou os mais reconhecidos geralmente são
especialistas em endoxas e alguns poetas também. Isso ocorre quando a opinião
sofre certa mutação e vira informação, ainda que não tenha o grau de
conhecimento e precisão que nós gostaríamos que fosse apresentado sobre
determinado assunto.. Assim, em minha análise do discurso acabei então
diferenciando em sua base DOXA e ENDOXA. E constitui, então para análise e
classificação de tipos de discursos uma escala de OPINIÃO, INFORMAÇÃO E
CONHECIMENTO...e a parte legal é que partes das ENDOXAS chegam sim a compor, em
alguns casos, senão um discurso de conhecimento, parte das tarefas a serem
cumpridas e analisadas por quem deseja conhecer mais e expressar algum
conhecimento sobre alguma coisa. Deixarei aqui, por último, uma pista de que
neste tema estamos também bordejando aquele limite em que o senso comum está na fronteira do bom senso.
Mariane respondeu ao meu
comentário assim:
“Sinto-me honrada por meu
trabalho poder fazer parte da discussão com seus alunos, Daniel. Estou de
acordo com tudo que disseste e acho uma maravilha que possamos traçar, como tu
traçaste, paralelos com o cotidiano e levar isso para a sala de aula, não
restringindo a discussão aos pequenos circuitos acadêmicos.”
Compartilho a mesma opinião aqui.
Gostei muito do teu artigo que somou-se avançando ao que li no Dicionário de
termos gregos de Peters e em algumas pesquisas. .Estive às voltas sim com a
endoxa de Aristóteles o ano todo. E mesmo nos debates políticos vi ela mais
confundida com certo senso comum da pior estirpe com ares de razoabilidade
forçada. Gostei muito de tua abordagem e elucidação e avançamos muito nisto
saindo do simplismo de tratar sempre a opinião como preconceito ou senso comum.
Um abração.
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