Powered By Blogger

sábado, 15 de junho de 2013

PENSANDO NAS MANIFESTAÇÕES EM SÃO PAULO E A LUTA GERAL

Eu estava mesmo pensando nisto:

NAS GRANDES MANIFESTAÇÕES EM SÃO PAULO PELO PASSE LIVRE 
E CONTRA O AUMENTO DAS PASSAGENS.

Depois da minha maratona de aulas desde a última 4a feira até esta sexta as 22:30 horas e que me envolveu hoje pela manhã (sábado 15/06/13), na entrega de boletins aos pais dos alunos desmaiei em  casa à tarde e renasci por volta das 18 horas. Daí que dá para falar um pouco aqui disto tudo e das coisas que me vem à cabeça, sem muita preocupação de editar ou ser analítico. Devo admitir que foi um turbilhão admirável o que aconteceu nesta semana que passou. E, me corrigindo, em relação a minha primeira impressão, devo dizer que não foi baderna ou por bobagem que isto aconteceu não. 

Em relação ao movimento eu entrei aqui no FACEBOOK e no máximo curti e compartilhei algumas coisas, tipo as fotos da PM com gás mostarda ou pimenta e aquela imagem do pelotão de fuzilamento GOYA  e da PM com suas balas de Borracha apontando para abarricada de jovens e postei um apoio ao PASSE LIVRE. Assim: 

"Sobre toda a agitação e debate nas passagens e no transporte público das capitais: Se os governos de São Paulo (capital, Região Metropolitana e Estado) ou de outras grandes capitais tiverem a capacidade de adotar, com êxito e justiça tributária, o passe livre será uma revolução no Transporte Público Brasileiro e em toda a lógica (de custeio a licitações) da mobilidade urbana. E, com todas as especulações possíveis e com todas as contas que eu posso fazer, eu não tenho nenhuma dúvida de que é possível sim resolver isto. Não penso de modo algum que é uma tolice a ideia de PASSE LIVRE não. E ainda vai melhorar de forma maravilhosa as condições de vida de todas as pessoas, aumentando se as linhas e garantindo trafegabilidade e uma economia indireta de milhões em recursos de vigilância do trânsito, redução de acidentes, redução dos percursos, e um bom tempo no deslocamento para as pessoas se conectarem, pensarem e serem mais felizes. Quem sabe não aproveitam para plebiscitar isto ou algum governante toma uma coragem histórica e propõe isto garantindo sua viabilidade técnica? Duvido que não dê certo, sendo bem concebido bem planejado e construído coma  participação dos cidadãos.13/06/13"

Não estou em governo, nem em sindicato, nem sou burocrata em nenhuma instituição ou aparelho e nem sou um profissional liberal. Sou um professor em sala de aula com tarefas bem específicas. Me desloco de ônibus diversas vezes por semana e isso me leva a pensar no tempo e também a  me identificar com estes jovens. Não tenho tempo para fazer muito movimento e o máximo que faço é seguir as deliberações sindicais e cumprir minhas tarefas profissionais e eventualmente me solidarizar e me envolver com questões coletivas da escola. Acabo de me lembrar que participo do Conselho Escolar e que isso ainda é digamos algum tipo de compromisso para além dos meus compromissos e atribuições individuais. Mas lembro que tudo isto é como que uma atividade de ciência normal e que, bem entendidas as coisas, nesta semana a ciência e a sociedade entraram em crise, ou melhor, houve uma reação dos jovens a um estado de crise que os oprimia. E o transporte urbano merece sim debate, mobilização, mudança e solução para forma como se encontra. 

A escola estadual onde trabalho, por exemplo, E.E.E.M. Olindo Flores da Silva tem lutado a mais de 4 anos para conseguir resolver a questão das linhas de transporte entre os bairros da Zona Norte de São Leopoldo e não tem conseguido. Mesmo com a mudança da concessionária que agora é um consórcio (BEM) das 4 empresas que antes prestavam o serviço por setores e zoneamento na cidade. E isso, para exemplificar, faz com que a nossa escola que se encontra em um perímetro de menos de 4 km seja a última alternativa de matrícula dos jovens da região que seguem para as escolas no centro da cidade ou até mesmo em bairro que dista a mais de 7 km daqui.  mas os alunos da escola tem lutado junto com os professores contra isto e toda vez que se trata disto a única questão posta na mesa é o cálculo de resultado financeiro da Empresa. Ou seja, o problema não é mais mesmo a competição entre as empresas que antes tinham suas áreas de abrangência. Ao mesmo tempo, já está na hora de termos algumas linhas transversais aqui na região haja visto que e a estação Rio dos Sinos foi aberta e está em pleno funcionamento. Os bairros de minha cidade que requerem transversailidades são todos da ZONA NORTE e eu não creio que é inviável se replanejar as linhas inclusive para desafogar mais o trânsito da região. A escola tem espaço ocioso e pode muito bem atender os alunos da região. Mas tem enfrentado evasão e abandono de alunos em virtude da falta de transporte e da falta de segurança nas idas e vindas dos alunos para a escola e para casa. Este é somente um exemplo de que o tema do TRANSPORTE URBANO é carente também aqui em São Leopoldo.  Este exemplos erve para que a partir dele e de sua conexão coma discussão geral se atente mais para este tema específico, sem subestimá-lo ou diminuí-lo.

Mas eu não sou nem pessimista nem otimista em relação a isso tudo. Creio sim que há solução e que este movimento pode ajudar aqueles que são muito espertos para algumas coisas e extremamente tolos, burros e ignorantes para outras (os bipolares cognitivos), para que eles se voltem pela força da pressão social e da mobilização e se debrucem sobre isto com soluções  mais racionais e objetivas. Porque as soluções que são dadas hoje só olham para a dimensão do mercado e não tanto para o o interesse público.

Eu acho bom, somente isso. Aprendi nestes anos todos a não me impressionar com o volume das manifestações e a ficar mais atento aos conteúdos e às questões que estão de fato em jogo e sob fogo ali. E este movimento pela crítica que carrega quanto a questão do transporte urbano e, ao colocar em crise a sociedade e a ciência normal, me parece mais um bom movimento pelo direito dos movimentos do que propriamente um  movimento pontual em que seu tema é de fato fundamental. Ainda que eu tenha convicção sincera que está na hora de PASSE LIVRE mesmo. Mas isso não pode ser dissociado de um sentimento geral de mal estar na sociedade. Aqueles jovens como já disseram outros não estão movidos somente pelos R$0,20 centavos não.

Penso que pelo menos algo está sendo agitado. Alguns dizem que esta geração despertou. Eu não tenho tanta certeza disto, vamos ver o que ela fará nos próximos dias, meses e anos. E vamos também ver os resultados gerais disto. Toda vez que a gente faz uma agitação – e eu um razoável seguidor de agitadores (sic) – se mede a força não somente pelo volume mas pela adesão ao pano de fundo da causa. Pela digamos assim compreensão orgânica da questão em pauta. Penso que quando a gente discute PASSE LIVRE o pano de fundo não é mesmo corrupção, mas sim SERVIÇO PÚBLICO e fim à exploração privada (ou estatal, ou corporativa) dos serviços. E já me justifico sobre isto. Não creio que todos os servidores públicos se dão conta da diferença entre as suas realidades e a realidade do povo brasileiro e isto também é algo que deve ser debatido sim. Gostaria de ver se vamos topara fazer um debate sobre a ISONOMIA SALARIAL ENTRE OS TRABALHADORES QUE EXERCEM AS MESMAS FUNÇÕES NO SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL, ESTADUAL, MUNICIPAL, NOS LEGISLATIVOS, EXECUTIVOS E JUDICIÁRIOS (?), com os mesmos graus de escolaridade.    

Já participei de tanta passeata, marcha, manifestação, panfletagem, já fiz discurso em trem, praça, em cima de carro na rua, já usei megafone, já usei máscara, já me fantasiei de médico, já carreguei caixão, já balancei e carreguei orgulhosamente bandeiras, segurei faixas, cartazes, já sacudi sinetas, já cantei palavras de ordem, já fiz gritos de guerra e também já assoviei, apitei, toquei corneta e bati tambor e ainda posso fazer tudo isto. Ainda bem. Mas eu não acho mesmo que inventaram a pólvora não. Nem que sta é a luta mais digna nesta hora do Brasil. E a luta que estes jovens toparam e eu fico feliz que eles toparam alguma luta. Não acho nem que o Brasil acordou. Este é um movimento e existem vários, inclusive alguns para os quais eu jamais daria apoio, porque representam fraudes e o mero e desespero da burguesia com a possibilidade de ficar afastada do poder mais um tempo.

Eu vou gostar muito, por exemplo, se este movimento e estes jovens toparem e começarem a avançar por outras causas coletivas para além do PASSE LIVRE que eu apoio em princípio....por exemplo REFORMA AGRÁRIA, por exemplo PUNIÇÃO AOS TORTURADORES E AOS MANDANTES DA DITADURA, por exemplo a PARADA GAY, por exemplo as GREVES DOS TRABALHADORES ASSALARIADOS, e não tanto as lutas das corporações cujos rendimentos ultrapassam o dez salários mínimos, por exemplo A MANUTENÇÃO DE UMA POLÍTICA DE COTAS. a ampliação das vagas na UNIVERSIDADES PÚBLICAS PARA EGRESSOS DE ESCOLAS PÚBLICAS...e mais uma batelada de causas específicas e gerais.

Tenho memória e participação de diversas manifestações tão importantes quanto estas desta semana e quero poder ver de perto mesmo este movimento. Mas não me foi possível. Vou tentar ler e tentar sacar qualé deles, porque creio que é um bom sinal que esta geração vá para a rua e proteste e com isso comece a se envolver com as soluções também.

Até para ver se é algo de um alcance de fato emancipatório de classe e da sociedade. Mas eu gostei sim. E não me importo tanto com os excessos dos jovens e me sinto feliz que eles possam fazer isto e não sofrerem tortura. Por outro lado, não gostei mesmo da PM e da forma parcialista com que a imprensa trata das questões. Esta forma tacanha e mesquinha tudo vira baderneiro, bagunça e caos. Nada parece ter racionalidade e objetividade. São os jovens tolos e idealistas contra um sistema que não pode mudar? É isso? Então estou com eles!

Por fim, fiquei rindo quando li da vaia na Dilma aqui na internet. Não rio da Dilma, ri do fato de que isto parece ter uma razão muito interessante mesmo. Eles queriam outro presidente ali? Não queriam a presidente ali? Não gostam das políticas? São Contra a Copa do Mundo? São contra a política em geral? Se exibe uma grande contradição e eu prefiro que as contradições apareçam do que fiquem escondidas.

Por exemplo, nem olhei o jogo e isto para mim é muito bom. Até gostei do resultado no placar. Não tenho nada contra futebol, show de rock, carnaval, peças de teatro de rua, nem mesmo algo contra qualquer tipo de ritual religioso. Não somente entendo, mas defendo que é bom mesmo e não é só ópio do povo uma catarse de vez em quando e que se deve sim respeitar as manifestações culturais, esportivas e religiosas. Entendo inclusive que isto também é saúde, também é educação e que também é geração de emprego e renda, também é construção de uma sociedade mais justa e mais humana. E que isto também nos ajuda a construir mais segurança e mais infra-estrutura. Conheço vários problemas nacionais, estaduais e municipais, mas aprendi a pensar e me sentir comprometido com as responsabilidades dos governos, dos cidadãos e também nos direitos de todos.  

Estou agora tão ocupado com as conseqüências e obrigações do meu trabalho de professor que mal consigo opinar sobre muita coisa que se passa por ai. Tenho que planejar várias coisas hoje e amanhã, para executá-las na semana que vém. Muitas mudanças ocorreram na minha carreira e devem continuar ocorrendo. Esta é a minha primeira vez em 20 anos de formado que me dedico exclusivamente para a escola e a educação e nem penso que deva me sentir culpado não por não estar em outras atividades mais coletivas. Temos CONAE este ano, temos Conferências de Cultura, o meu principal e hoje único sindicato tem Congresso Geral. Ma seu estou aqui enfurnado no meu trabalho, mergulhado mesmo nas minhas atividades docentes. Dou meu apoio a luta pela educação sempre, mas me sinto no pleno direito de me dedicar a isto e como respeitei muitos outros antes, em meio às mobilizações e greves em que participei creio que serei bem compreendido por aqueles todos para os quais militei durante anos. 

Em todos os anos 80 e 90 e na primeira década deste novo século estive em tantas atividades de luta e reivindicação de direitos, conquistas, políticas e protestos, campanhas e etc, que poderia escrever uns três livros de relatos sobre isto e sobre os resultados disto. Sendo que alguns destes direitos e programas incluem coisas que as pessoas julgam triviais e comuns hoje em dia. Em 1978 e 1979, na primeiras agitações estudantis pela anistia, em apoio as greves dos Metalúrgicos e Bancários, na organização quase clandestina de um partido político novo, em 1984, 1985 na luta pelas Diretas Já, nas Greves Gerais 1986-1987 1988. em 1989 nas eleições ROUBADAS, em 1991 e 1992 no FORA COLLOR – sim, houveram dois fora Collor baby, nos anos de 1996 1997 e 1998 contra o Neo-Liberalismo e a Alca, Fora FHC e FMI, contra o Governo Britto e as privatizações....E assisti estupefato outros movimentos antes....como o MOTIN DO PCC, não creio que tudo vai mudar, mas sei que as coisas mudam quando a gente realmente faz o debate geral, faz a mobilização e se faz a caminhada pensando no futuro da nossa sociedade, com  os pés no presente e uma boa consciência do passado e isso passa também por eleições e também pela construção de organizações sociais e causas sociais....


BOA LUTA SEMPRE!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário