Observo um mau humor e uma irritação profunda em muitos
amigos e amigas nestes dias. E já tinha notado isto logo ali na primeira semana
das manifestações em reação a repressão absurda e descabida da burra, tola e
perversa Polícia Militar de São Paulo, sob responsabilidade de seu governador. Aquilo
só se explica como uma medida extrema que causou justamente uma reação justa.
O ataque depois disto a Prefeitura de São Paulo por aquele
Playboy que foi flagrado bombado e bombando no movimento também com um discurso
anti-nacional e anti-político sendo esbravejado só se explica como uma medida
extrema (nitidamente de ultra direita) e de alguns indivíduos nesta reação e
depois disto vieram todos saques em todo o país. Devem ter pensando os membros
de gangues, bondes, quadrilhas: se o Playboy pode e é o coitadinho arrependido,
como a imprensa pareceu noticiar depois, então liberou geral.
Depois na segunda semana, em especial no dia 20 no que toca
a mim as coisas pioraram e muito. E o símbolo da tentativa de invasão do
Itamarati é o sinal completo disto. Depois vieram tragicamente as mortes que apareceram,
de uma menina de 12 anos no interior de São Paulo em uma barreira policial, de
uma senhora da limpeza urbana por intoxicação causada por bombas de gás lacrimogêneo
no nordeste e daquele menino que foi pular de uma pista do viaduto para outra, arrasam
qualquer democrata ou lutador social com um mínimo de sensibilidade real e
humana. E me aborrece mesmo ver que alguns TEÓRICOS e COMENTARISTAS DE FACEBOOK
ou pseudo-lutadores sociais, achem que tudo vai bem e que nada vai mal num
processo destes.
Eu não tenho este tipo de escrúpulo e para mim algo está
muito errado. Talvez isto seja uma espécie de transe histórico que está
acontecendo neste período. E este mau humor se reflete em mim também por outros
motivos mais pessoais e eventualmente profissionais inclusive. Tenho passado
por momentos pessoais bem duros nos últimos dois anos. Algumas coisas também
não tem sido fáceis para mim nestas últimas três semanas e cada sinal ruim vem
precedido de mediações falsas, expressões sem sentido e equívocos
incorrigíveis. Ou seja, digo claramente que estou passando por um mau momento e
não é por narcisismo ou vaidade que digo isto.
E mesmo assim estou fazendo muita força para suportar isto
porque sei que preciso manter a esperança, preciso cultivar meu otimismo e bom
humor e de certa forma sei que não posso me entregar e que tenho que enfrentar
toda e qualquer situação de cabeça erguida e peito aberto. É aquela velha
necessidade de lucidez, de precisar recuar, de fazer mais ponderações ainda nos
momentos difíceis e de não desistir jamais. E ao mesmo tempo não aceitar as
provocações, não responder a mesquinharias, não pensar que toda bobagem,
absurdo ou tibieza que você escuta ou que lhe é lançada mereça resposta ou
consideração. Mas é brabo isso.
Tenho notado que este clima se apresenta também
simultaneamente aos meus companheiros de partido que sofrem todos os dias vendo
a canalha triunfal desfilar seu rosário de absurdos. Vejo um retrocesso claro,
mesmo que se responda adequadamente, pois vejo o pusilânime corajoso, o
medíocre tomando peito, o ignorante cheio de opiniões e vejo isso de forma
gritante. Erra quem pensa que a gente não entende o que está acontecendo. Se
equivoca muito quem imagina triunfalmente que temos medo. E mesmo aqueles que
não são petistas estão assim desta forma aborrecidos com as vozes que distorcem
o real para fazê-lo parecer ser o mundo como lhes parece. A verdade é que a
tampa da panela de pressão do Brasil finalmente explodiu e explodiu com todos os
componentes sociais que sempre foram parte na história do Brasil. Você pode constatar
por si tanto a presença de Anarquistas, Neo-Nazistas ou vertentes anti-políticas
e ao mesmo tempo uma coletânea diversificada de causas e bandeiras. Para além
do passe livre e das pautas da educação, saúde, segurança, vemos o tema da
reforma política como a grande questão, pois a falência do sistema é bem óbvia
As pesquisas podem ser as fontes deste mal estar e
aborrecimento. Mas no meu caso, em especial e talvez de outros, é muito outra
coisa. Parece que muitos já jogaram a toalha com as pesquisas divulgadas pela
datafolha. Eu não. Outros nem sequer imaginam no horizonte a possibilidade e a
eficácia de pressionar Dilma para corrigir os rumos e melhorar o cenário
futuro. Mas também existem aqueles que impugnam a pesquisa na tentativa de
recorrer a outros dados e a um universo que não aparece na amostragem das
pesquisas. Não me parece ser correto nem uma postura e nem a outra. As
pesquisas são relativas, mas mesmo que elas não viessem com esta marca qualquer
um de nós com um senso de observação poderia saber o que está acontecendo de
fato no Brasil hoje. E o que ocorre é que a pergunta fundamental para o povo
hoje é: QUEM REPRESENTA A POSSIBILIDADE DE UMA MUDANÇA NESTA SITUAÇÃO POLÍTICA
ATUAL? Assim, para além do meu aborrecimento, vamos continuar tentando mudar o
Brasil.....
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