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domingo, 28 de abril de 2013

GHOST WRITER, DISCURSOS POLÍTICOS, LOGOS E LOGOS COMUNITÁRIO: GETÚLIO E LULA


A função de Ghost Writer me parece apresentada sempre por coleções de preconceitos. Ou se diz que quem usa ghost writer não sabe escrever, ou se diz que quem escreve - o intelectual que escreve - parece emprestar sua pena para alguém menor.
Na maior parte dos casos não é nem uma coisa nem outra. Ainda que eu não seja um Ghost Writer, pelo que já assisti na história e na experiência sobre isto: o discurso é visto e construído mesmo como uma performance.
Em geral, ele é construído sobre eixos que representam objetivos ou temas que querem ser tratados. A mistura, a ordem entre temas conhecidos e lançamentos, balões de ensaio e tensões intencionais, apupos e sopapos é elegida quase sempre entre o ghost e aquele que vai discursar. E não há nada de errado nisto.
Tendo a elogiar presidentes ou autoridades que usam um Ghost Writer porque é um sinal de muita inteligência admitir que não é necessário pensar sozinho e que um texto sempre pode ser melhorado ou ganhar luzes, cores e acentos mais adequados do que aquilo que produzimos de forma bruta e lançamos à audiência.
E é bom lembrar que um discurso - e já faz muito tempo que é assim - é, no fundo, uma proposta de diálogo, de reflexão do outro, ainda que seja apresentado de forma monológica.
Outro aspecto que me parece relevante é que o Ghost Writer é no fundo uma espécie de espelho da qualidade do presidente ou do seu par. Assim quanto melhor o Ghost Writer, mais qualificada a escolha e o diálogo entre o escritor ou redator e o seu orador ou apresentador.
Quando penso no logos grego por exemplo, sempre me vem a baila a idéia de que havia um logos comunitário que o reconhecia e que foi fundamental para cerzí-lo. O reconhecimento do logos de alguém, através daquilo que é chamado de Acmé, para mim, não é nada mais, nada menos, que o momento em que o logos comunitário reconhece a performance do logos individual.
Sólon é lembrado pelo fato de ser um grande orador e legislador. Não conheci nenhum grande orador ou legislador que pensasse sozinho.
Por um acaso nesta semana mesmo andei olhando o que faziam o poeta Gregório Porto da Fonseca e depois dele o outro poeta Ronald de Carvalho no gabinete de Getúlio Vargas entre 1930 e 1935?. E ao contrário que que é expresso acima sobre Getúlio ele não era um discurso ruim ou vazio. Simplesmente (sic) era um discurso com todos os traços dos discursos desta época. A pergunta que deve ser tocada aqui é como ele liderava então com este discurso e porque os outros gênios do discurso político não eram seguidos ou sequer viraram presidentes? Talvez ele simplesmente produzia performativos mais eficazes para o seu tempo. Como Lula tem feito, aliás, nos últimos 11 anos.
opinião ao debate sobre GHOST WRITER in: OS PRESIDENTES E SEUS GHOST WRITERS - BLOG DO NASSIF

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