Eu estava esperando algo legal
nos jornais deste final de semana. Aliás, sempre espero isso, independente do
que acontece durante a semana ou da onda que sacode a moçada nas redações.
Para qualquer Jornal de Sábado ou
de Domingo sempre tive este gosto. Ou vem um caderno Cultural bom, ou vem uma
matéria abordando algo inusitado, desconhecido ou surpreendente.
Tenho este tipo de expectativa
desde os anos 70, quando aguardava o Correio do Povo. Depois nos anos 80, tinha
o Caderno de Letras da Folha de São Paulo que depois virou o Caderno Mais, do
que não tenho mais notícias e os Suplementos Literários de um Jornal do Brasil
ou Estadão.
Durante todo este tempo a
expectativa era muitas vezes saciada outra vezes aguçada porque nem sempre um
suplemento ou um artigo fazia tudo aquilo que se esperava, seja porque o espaço
era menor do que o necessário, seja porque o escritor ou o editor faziam menos
do que o objeto exigia, se preparavam mal e escreviam mal, ou editavam mal. Isso
quando a gente não se defronta com um articulista mais pretensioso do que
genial e modesto. O que pode gerar certo estrago, se forem assaz lenientes com
seus impulsos etílicos ou baratinados.
Me desculpem a linguagem, mas estou tentando evitar mesmo certas palavras e
menções de um certo vocabulário corrente que deveria entrar em desuso mesmo,
tanto quanto seus referentes semânticos.
Mas já tive grandes surpresas.
Para falar a verdade mesmo neste assunto, boa parte delas eram resultados de
óbitos – parece ser esta a sina dos grandes intelectuais, só serem retratados
em sua grandeza ao final, ou, então quando eram realizadas certas entrevistas
em que o entrevistado e entrevistador estavam preparados para perguntar e
responder – senão tudo o que é importante, aquilo que é fundamental e decisivo.
Neste final de semana eu li o
Caderno ZH Cultura (Sábado 20 de abril de 2013) e fiquei sinceramente
embevecido com dois documentos que nele são apresentados e que me deixam
provocado a avançar de um lado sobre as Obras do Secretário Estadual da Cultura
Luis Antonio de Assis Brasil o entrevistado e, de outro lado, por algumas
memórias e anotações apresentadas por Carlos Gerbase e Luis Augusto Fischer, de
Anibal Damasceno Ferreira, esta certa e incrível personagem real não pouco
conhecida que combinava o trabalho no Instituto de Física no Campus do vale da
UFRGS – no meu tempo inclusive, com aulas de Cinema na FAMECOS PUC e
provavelmente em muitas rodas de conversas e diálogos formadores de Porto
Alegre que faleceu a alguns dias.
Sobre Aníbal eu creio mesmo que a
Cultura do Rio Grande do Sul merece que esta personagem e sua trajetória seja
reconstituída, apresentada e devidamente reconhecida. A sina deste homem que descobriu
um gênio como Qorpo Santo e que era expert em cinema e em literatura merece ser mais estudada e revelada.
As poucas notas apresentadas pelo Carlos e pelo Fischer denunciam isto. Fico
imaginando o que mais pode sair daí e o quanto é importante que possamos
conhecer e aprender com ele ainda hoje, após sua passagem. Creio que se trata
de uma personagem Imortal e cabe a nós reconhecer isto.
Sobre agora, a entrevista do Luis
Antonio de Assis Brasil, devo dizer que fiquei surpreendido com as pontas de análise
apresentadas pelo autor de obras que me cativam como Um quarto de légua em
quadro e outras. Mas deixo aqui a provocação para os demais literatos e
literatas e quero muito ver no que vai dar esta visão do autor sobre suas
obras, em debate e mais que isso em elucidação de uma história de estilo e
inspirações reveladas em
obras. E , por fim, percebi uma evocação e provocação bem interessante
na expressão do autor de que “toda arte é insuficiente”. O me toca muito nos
meus pequenos temas e anotações de filosofia, de percebermos que toda obra traz em si uma insuficiência a ser descoberta,
sendo esta uma provocação fundamental para a próxima obra. Tudo se passa ai
como se estivéssemos todos nós a remendar um grande tapete cerzido pela razão enquanto
espera a solução dos velhos e dos novos problemas. Mas era isto. Hoje é domingo
e quem leu até aqui, mas que não leu o caderno Cultural do último sábado que o
procure por ai. No meu tempo de estudante e mesmo hoje me é fácil – com meus hábitos
pedestres – encontrar um exemplar intacto de caderno cultural abandonado em
pilhas de jornais de final de semana. Às vezes na lixeira e muitas vezes
naquela pilha de jornais que o zelador ou o porteiro do prédio preparam para despedir
adiante. Uma outra opção, também, é o armazém...aquele abraço.
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