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quarta-feira, 6 de março de 2013

NÃO FALA MAL PORQUE ELE É DE VERDADE: CHORÃO, FILOSOFIA, NIETZSCHE, TRAGÉDIA E SKATE


Tava lendo as letras de algumas músicas do Chorão e me dei conta de muitas coisas:
Que eu nem sei como escolher entre tantas – vou deixar rolar...
Olhei um monte e lembrei de muita coisa porque tenho a opinião que ele pode ajudar sim a filosofar.
Ao contrário do que pensam os certinhos, os jeitosinhos e sensíveis ou a turminha do MIMIMI...que tem aliás boas e razoáveis razões para serem assim.
Numa hora destas me dou conta também do meu lado grosseiro, facão e intempestivo...
Peço escusas, pois tento muito superar isto, ou seja, sair de uma filosofia de oficina, para uma filosofia de salão. Digamos assim.
Mas é um traço característico desta pessoa ter que lidar com isso: consigo mesmo e as idéias dos outros ao mesmo tempo.
E é um impasse que ficou mais marcado ainda pela filosofia do martelo de Nietzsche.
Digamos que foi uma temporada juvenil de leitura do volume dos Pensadores de Nietzsche que gerou este tipo de viés e marca.
Ainda que eu tenha na minha caixa de ferramentas um bom martelo de borracha para retoques e acabamentos já em uso a um bom tempo.
Mas temos que pensar mais sobre isto: sobre a conexão entre arte e tragédia também no mundo contemporâneo e não somente entre os gregos, ó Fídias.
E é uma curiosidade isto que mesmo hoje todos os artistas que ajudam ao filosofar são meio trágicos
E a coincidência do dia é que estava mesmo lendo e relendo uns livros sobre Nietzsche – na tentativa de encontrar as sementes do filosofar – assunto que me ocupa bastante hoje e nestes dias todos deste ano.
Ontem adquiri a biografia  Nietzsche: Biografia de uma tragédia de Rüdiger Safranski em que ele dedica justamente o primeiro capitulo a analisar a relação entre a música e a filosofia em Nietzsche. O que é uma audácia eu diria. Pois que assim o primeiro capítulo não é sobre nascimento, formação familiar e etc, mas sim sobre algo que era de certa forma a maior paixão de Nietzsche: a música. (este autor escreveu uma biografia sobre Heidegger que é considerável uma das melhores – e tende a escrever estas coisas combinando a filosofia e o desenvolvimento filosófico destes personagens ao longo da obra como um ourives.)
Mas dá para aproveitar algumas coisas sim do compositor Chorão.
Ele tratava sucessivamente da busca da felicidade e da busca da sabedoria...
E se preocupava muito com a expressão da verdade – e penso que nisso se aborrecia, como qualquer um de nós se aborreceria s estivesse no lugar dele, tendo ou não mais estofo cultural...
E pesno que este impulso dele por dizer a verdade, mesmo que venal, mesmo que cruel era algo muito forte e decisivo na sua personalidade.
Apesar das coisas erradas (para não dar aqui outro nome para isto) que ele já fez – e nem tenho um levantamento disto e nem quero ter; acho uma bobagem julgar a existência de uma personagem visceral como esta a partir disto, não creio que o visceral nele seja muito mais que a forma de existir, ainda que contamine todo o conteúdo, mas me dou conta sim do conteúdo. Olho e leio as jóias e os rubis, as pedras que ele jogou e que ele escreveu e cantou e vejo muitos que valem e são importantes, vejo flores e vejo amores como via na poesia de um Cazuza também.
Mas  temos considerar aqui que ele foi tentando e tentando errou  a acertou – isso aliás é algo bem com,um no skate e só quem anda sabe...vc cai um montão de vezes até a manobra ou aquilo que vc queria fazer ficar redondo ou do jeito radical que vc queria...

Mas nenhuma pessoa muito legal que eu conheço ou conheci não errou em algo. Não teve que cair e levantar várias vezes. Espero que olhem para ele dando chance para outros jovens também e que abandonem a necessidade mesquinha de construir condenações ou uma grande culpa que simplesmente faça de novo um erro repetido com muitos artistas e heróis trágicos ao se prender a detalhe esquecer o todo da grande inspiração e sublimação que o sacrifício da vida destas personagens trazem.

Vá ler um pouco mais sobre o Apolíneo e o Dionisíaco, se não consegue entender nada sobre isto. Verás que esta luta de formas espirituais não começou hoje, não termina hoje, nem pertence a um passado glorioso, pois é presente, se repete e se atualiza na vida de muitos, ainda que uma grande multidão fique apenas assistindo, testemunhando e tirando frutos doces e amargos desta velha parreira para o seu próprio vinho da vida.   
Serve sim para alguma coisa ou alguma coisa aparece aí
é bom para repensar sempre
Por fim, e me deu uma vontade de andar de skate
muita vontade mesmo
isto é
ainda
tem
um
jovem
dentro
de
mim

NÃO

CHORA

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