Tava lendo as letras de algumas músicas do Chorão e me dei
conta de muitas coisas:
Que eu nem sei como escolher entre tantas – vou deixar
rolar...
Olhei um monte e lembrei de muita coisa porque tenho a
opinião que ele pode ajudar sim a filosofar.
Ao contrário do que pensam os certinhos, os jeitosinhos e
sensíveis ou a turminha do MIMIMI...que tem aliás boas e razoáveis razões para
serem assim.
Numa hora destas me dou conta também do meu lado grosseiro,
facão e intempestivo...
Peço escusas, pois tento muito superar isto, ou seja, sair
de uma filosofia de oficina, para uma filosofia de salão. Digamos assim.
Mas é um traço característico desta pessoa ter que lidar
com isso: consigo mesmo e as idéias dos outros ao mesmo tempo.
E é um impasse que ficou mais marcado ainda pela filosofia
do martelo de Nietzsche.
Digamos que foi uma temporada juvenil de leitura do volume
dos Pensadores de Nietzsche que gerou este tipo de viés e marca.
Ainda que eu tenha na minha caixa de ferramentas um bom martelo
de borracha para retoques e acabamentos já em uso a um bom tempo.
Mas temos que pensar mais sobre isto: sobre a conexão entre
arte e tragédia também no mundo contemporâneo e não somente entre os gregos, ó
Fídias.
E é uma curiosidade isto que mesmo hoje todos os artistas
que ajudam ao filosofar são meio trágicos
E a coincidência do dia é que estava mesmo lendo e relendo uns
livros sobre Nietzsche – na tentativa de encontrar as sementes do filosofar –
assunto que me ocupa bastante hoje e nestes dias todos deste ano.
Ontem adquiri a biografia Nietzsche: Biografia de uma tragédia de Rüdiger
Safranski em que ele dedica justamente o primeiro capitulo a analisar a relação
entre a música e a filosofia em
Nietzsche. O que é uma audácia eu diria. Pois que assim o primeiro
capítulo não é sobre nascimento, formação familiar e etc, mas sim sobre algo
que era de certa forma a maior paixão de Nietzsche: a música. (este autor
escreveu uma biografia sobre Heidegger que é considerável uma das melhores – e tende
a escrever estas coisas combinando a filosofia e o desenvolvimento filosófico
destes personagens ao longo da obra como um ourives.)
Mas dá para aproveitar algumas coisas sim do compositor
Chorão.
Ele tratava sucessivamente da busca da felicidade e da
busca da sabedoria...
E se preocupava muito com a expressão da verdade – e penso
que nisso se aborrecia, como qualquer um de nós se aborreceria s estivesse no
lugar dele, tendo ou não mais estofo cultural...
E pesno que este impulso dele por dizer a verdade, mesmo
que venal, mesmo que cruel era algo muito forte e decisivo na sua
personalidade.
Apesar das coisas erradas (para não dar aqui outro nome
para isto) que ele já fez – e nem tenho um levantamento disto e nem quero ter;
acho uma bobagem julgar a existência de uma personagem visceral como esta a
partir disto, não creio que o visceral nele seja muito mais que a forma de
existir, ainda que contamine todo o conteúdo, mas me dou conta sim do conteúdo.
Olho e leio as jóias e os rubis, as pedras que ele jogou e que ele escreveu e
cantou e vejo muitos que valem e são importantes, vejo flores e vejo amores como
via na poesia de um Cazuza também.
Mas temos considerar
aqui que ele foi tentando e tentando errou
a acertou – isso aliás é algo bem com,um no skate e só quem anda sabe...vc
cai um montão de vezes até a manobra ou aquilo que vc queria fazer ficar redondo
ou do jeito radical que vc queria...
Mas nenhuma pessoa muito legal que
eu conheço ou conheci não errou em
algo. Não teve que cair e levantar várias vezes. Espero que
olhem para ele dando chance para outros jovens também e que abandonem a
necessidade mesquinha de construir condenações ou uma grande culpa que simplesmente
faça de novo um erro repetido com muitos artistas e heróis trágicos ao se prender
a detalhe esquecer o todo da grande inspiração e sublimação que o sacrifício da
vida destas personagens trazem.
Vá ler um pouco mais sobre o Apolíneo
e o Dionisíaco, se não consegue entender nada sobre isto. Verás que esta luta de
formas espirituais não começou hoje, não termina hoje, nem pertence a um
passado glorioso, pois é presente, se repete e se atualiza na vida de muitos,
ainda que uma grande multidão fique apenas assistindo, testemunhando e tirando
frutos doces e amargos desta velha parreira para o seu próprio vinho da vida.
Serve sim para alguma coisa ou alguma coisa aparece aí
é bom para repensar sempre
Por fim, e me deu uma vontade de andar de skate
muita vontade mesmo
isto é
ainda
tem
um
jovem
dentro
de
mim
NÃO
CHORA
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