Algumas pessoas são mais importantes pelo que fazem do que
pelo que pensam.
E a gente
demora muito tempo para entender e aceitar isto.
Um exemplo
disto são os artistas, os escultores, pintores, músicos e também os homens de
ação: os políticos.
Sim, meu
caro, os políticos.
A gente
gostaria que estas pessoas tivessem um pensamento superior, que o seu
pensamento refletisse o poder das suas ações.
Mas não,
somente as ações delas são superiores.
É como olhar
para um herói que não tem consciência do seu próprio heroísmo.
Me lembro
aqui de Nietzsche, quando esta verdade é o avesso daquilo que estamos
acostumados a esperar.
Queremos que
o gênio tenha uma máxima razão, que o herói tenha uma máxima razão, mas isso é
incomum.
É mais
frequente que a razão deles seja enviesada como que por uma paixão.
O mito do
home integral, daquele que reúne muitas qualidades se dissolve na nossa
história.
Não
encontramos com frequência neles uma compreensão, ou uma clareza de idéias.
Nada daquilo
que há de mais nobre no seu gesto ou ação e compreendido por eles num sentido
completo.
Se tem o
conceito de valor, ocorre lapso de medida e assim vai.
É nós que
atribuímos valor às suas ações e eles nos olham surpresos por nosso
reconhecimento.
Quando faço
constatações como esta volto a pôr água no moinho de uma determinada tese
filosófica sobre a necessidade de educarmos a sensibilidade das pessoas.
Não é a
lógica brilhante ou a racionalidade soberba que deveria então ser admirada, mas
sim a sensibilidade pura, aquilo que nos toca nos gestos de grandeza das
pessoas que possuem o dom e a dádiva de agir corretamente guiadas pela boa e sã
sensibilidade de delicadeza mais humana.
Humano
Demasiado Humano.
Hoje, em
outra direção deste mesmo ponto, estive pensando em alguns exemplos que
encontrei na minha curta vida e experiência.
Cheguei a
pensar - por alguns momentos - que é só no Rio Grande do Sul que você encontra
pessoas que ficam aborrecidas com bajulação e elogios vazios de conteúdo, ou seja,
pessoas que recusam méritos que julgam não possuir, por mais lisongeiros que
eles lhes pareçam.
Mas ora
bolas!?
Eu nem
conheço toda a humanidade.
Então não
posso afirmar isto.
Posso
afirmar apenas que conheci homens e mulheres no Rio Grande do Sul que não
aceitam em hipótese alguma qualidades e adjetivos que não lhes cabem.
E olham
desconfiados para elogios vazios de conteúdo.
Parece que
há subjacente a isto um gosto pela verdade.
Uma
necessidade do bom juízo.
Uma
exigência suprema de m´perito real e verdadeiro.
Deve ser um
bicho que não se contenta com um mérito fortuíto, com um prêmio injusto.
Quer olhar
para si mesmo e dizer: foi merecido!
Estou aqui
postando idéias - com o doce acento e o suave peso do ser que é e que ias ser -
e alguns podem pensar que isto é filosofia, que aquelas esculturas ali embaixo
são um alento no banho de imagens políticas do facebook ou do meu blogue agora.
Mas há uma
incompreensão nisto.
Quem disse
que não estou fazendo política com idéias e formas estéticas tão perigosas
quanto santinhos, números, siglas e promessas aqui?
As pessoas
deveriam pensar mais aonde o artista e o pensador realmente quer chegar ou nos
levar com seus gestos e obras.
Mesmo que
ele negue isto, que ele negue o caráter político de seu gesto.
FREUD sobre
o Moisés de Michelangelo:
“as obras de
arte exercem sobre mim um poderoso efeito, especialmente a literatura e a
escultura e ,com menos, freqüência, a pintura. Isto já me levou a passar um
longo tempo contemplando-as, tentando apreendê-las á minha própria maneira,
isto é, explicar a mim mesmo a que se deve o seu efeito (…) Uma inclinação
psíquica em mim, racionalista ou talvez analítica, revolta-se contra o fato de
comover-me com uma coisa sem saber porque sou assim afetado e o que é que me
afeta”
Percebemos a
grandeza portanto e isto é um bom juízo.
Ou seja a
ação, o gesto ou a obra impõe um valor que ultrapassa o agente e nos atinge em
cheio.
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