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domingo, 23 de fevereiro de 2014

SOBRE OS 100 ANOS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL E 50 ANOS DO GOLPE MILITAR - BREVE NOTA DO PENSAMENTO

Eu vou lecionar Filosofia Moderna para os segundos anos e Filosofia Contemporânea para os terceiros anos do Ensino Médio na Escola Estadual Olindo Flores da Silva, em São Leopoldo, e este ano vou lecionar com um olho na Primeira Guerra Mundial....na qual Wittgenstein lutou como jovem austríaco com um caderno de anotações de seus pensamentos na mochila que se transformou de 1914 a 1918 no Tractatus Logico-Philosophicus, com um olho no centenário desta guerra na qual meu avô como jovem alemão também lutou e, ao meu ver, aonde tudo que levou a segunda guerra mundial, revolução russa e também ao uso de armas de destruição em massa e de muita tecnologia militar e onde começaram os assassinatos em massa com armas químicas e bombardeios de populações civis ...e com o outro olho  no tempo presente...Ao ler autobiografia de Stefan Zweig durante o ano passado - O MUNDO QUE EU VI - compreendi algo que já desconfiava a partir de Freud - MAL ESTAR DA CIVILIZAÇÃO - e de Rosa de Luxemburgo - Socialismo ou Bárbárie, mas que eu preferia não saber às vezes...Penso que este é o piro fantasma que ronda o nosso pensamento e racionalidade saber que todo o trabalho realizado, que tudo que de mais alto pensamos, criamos e constyruímos pode ser edstruído por esta forma de pulsão de morte que vem revestida de romantismo, heroísmo, voluntarismo, mas que ao fim e  ao cabo nada tem de revolucionário sendo somente a destruição de um sistema por aqueles que não o compreendem para aperfeiçoá-lo ou superar seus limites. Assim,  por mais alta que vá uma cultura ela não se afasta ou se imuniza de um impulso destrutivo - de uma pulsão de morte - que envolve inclusive a sua auto destruição...Minha mãe é alemã e ela tem no coração um sentimento sobre a Alemanha muito duro, que para mim é de a Alemanha não existe mais, que só restaram cacos, mas que para ela é bem pior que isso...de quem viveu na infância uma guerra....e eu entendo esta dor dela e de outros alemães...sem inocentar ninguém pelo que ocorreu, mas me parece que é muito pesada a carga de decepção que sobrevém depois que o avisado acontece...principalmente para aqueles que não foram avisados , que não compreenderam e que seguiram a manada mesmo sem saber. Sou, desde a minha juventude um cara de ação, de linha de frente e hoje vejo o quanto a prudência e a sabedoria é importante para que o grande sonho, não vire um pesadelo. Então eu olho para a primeira guerra e olho para o presente e fico pensando, afinal, na coruja da filosofia que segundo Hegel só faz o sobrevoo dos fatos, tentando ver como o pensamento pode incidir sobre a reflexão de cada um e evitar o pior e construir uma saída, uma janela para um mundo de paz, sem barbárie e sem mais militarização. Fico, enfim, pensando no que mesmo pensam os homens e mulheres de minha geração, que nunca tomaram iniciativa política alguma e agora parecem possuir toda a coragem do mundo para por em risco o que a duras penas construímos nestes 34 anos de democratização de um país que enfrentou à 50 anos um golpe militar que também trouxe consigo a ausência de pensamento e a omissão como elemento cotidiano que permeia as relações violentas entre classes, da maioria frente às minorias e dos que detém o poder e daqueles que não possuem nada. Agradeço ao professor Renato Janine Ribeiro que citando Bárbara Tuchman me deu uma referência que eu desconhecia para a Primeira Guerra Mundial e que também está de olho no presente e no passado como diria Hannah Arendt em relação ao pensamento e a história.

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