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terça-feira, 21 de maio de 2013

MUDAR NOSSO ESTILO DE PENSAR: LUDWIG WITTGENSTEIN - 1938


"Tudo que estamos fazendo aqui é mudar o nosso estilo de pensar, e tudo que eu estou fazendo é tentar mudar o meu estilo de pensar e tudo que eu estou fazendo é persuadindo as pessoas a mudarem seu estilo de pensar."

Ludwig Wittgenstein - circa 1938 

In: Lectures and Conversations on Aesthetics, Psychology and Religious Belief.

Esta é uma das expressões mais irresistíveis de Wittgenstein para mim. E ela acabou me provocando a rever alguns detalhes das minhas velhas leituras (1991-1997) sobre ele mais uma vez.

E me é uma boa surpresa encontrá-la onde encontrei de novo e uma muito bela mensagem que sempre me lembra que de Wittgenstein podemos esperar tudo, menos uma gota de conformismo filosófico.

Encontrei ela de novo – porque já li ela muitas vezes antes - quando entrei na sala número 7 da Escola Olindo Flores, na quinta-feira passada, na sala de artes que estava toda bem decorada. Estava ali dando uma atividade em substituição a um colega e olho para o teto e vejo os jornais colados e eis que me viro para o quadro da sala e leio anotado em tinta preta um pouco acima sobre a lousa esta expressão de Wittgenstein.

É a sala de artes da escola e eu fiquei muito feliz ao constatar que esta marcante expressão de Wittgentein, que aparece justamente num texto sobre estética, chegou até a cabeça de um aluno de ensino médio que a postou ali com a anuência da professora Luciana Giacomelli.

É uma expressão aparentemente banal ou trivial de uma grande e talvez demasiada intenção, mas que marca uma grande perspectiva de mudança do pensamento filosófico no século XX. Creio que esta perspectiva corre o risco de ser minimizada e simplificada e ela que ainda não foi bem compreendida.

Penso que ela vai nos trazendo belos efeitos como este  de pensarmos que a liberdade de pensamento também envolve a possibilidade de mudarmos nosso modo tradicional de pensar. Isto é, que para mudar nosso modo de pensar temos que enfrentar a tradição mesmo e o seu velho estilo de pensamento.

Ainda que para isto tenhamos que malhar muito na academia do velho modo de pensar. Ou seja, para mudar o velho modo de pensar – e esta é a minha anotação aqui – precisamos derrotar com muito entendimento os velhos dragões do velho modo de pensar.

Me vale de muita ajuda esta lembrança aqui. Porque isto me aparece justamente agora em que tento reconstruir uma leitura histórica do conhecimento para efeitos didáticos e críticos, como já disse no sábado passado. E a questão fundamental é justamente esta: como mudar nosso velho modo de pensar?   

Esta obra póstuma de Wittgenstein é uma coletânea de anotações transcritas dos cadernos do seu pequeno grupo de alunos, Yorick Smythies, Rush Rees e James Taylor que em 1938, em Cambridge com outros assistiram a este pequeno curso privado sobre estética. Elas foram revisadas e publicadas em 1967 pela Basil Blackwell, de Oxford e após também publicada em edição da University of California Press. O editor é Cyrill Barrett e a primeira advertência dele no Prefácio é de que nada do que esta escrito ali foi escrito pelo próprio Wittgenstein e que são notas que ele não revisou ou leu. Mass isto não nos impede de dar uma atenção considerável a este pequeno volume de anotações de alunos, posi que muitas coisas que estão ali digamos assim tornam plausíveis certas direções interpretativas sobre as transformações do pensamento de Wittgenstein do Tractatus Lógico-Philosphicus (1918) para as Investigações Filosóficas (1953).

Em 1938 Wittgentein decidiu realizar um pequeno curso de leituras sobre estética para um seleto grupo de estudantes de Cambridge. Estas notas de curso são suplementadas por notas e conversações sobre Freud (ao que ele fez referências durante os cursos de estética) de conversas entre Wittgenstein e Rush Rees e, também, por notas de algumas outras leituras sobre crenças religiosas.

Na edição inglesa, de 1967, as notas sobre estética seguem da página 1 a 40, as conversações sobre Freud de página 41 a 52 e as leituras sobre crença religiosa da página 53 a página 73.

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