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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

O FIM DE TODAS AS COISAS: NOTAS

“Ora, está muito próximo o fim de todas as coisas; portanto, tende bom senso e vigiai em oração. Antes de tudo, exercei profundo amor fraternal uns para com os outros, porquanto o amor cobre uma multidão de pecados...”

Pedro, 4:7-8. Bíblia Sagrada.

"Negamos as causa finais: se a existência tendesse a um fim a esse fim já teria atingido."

 Nietzsche

Existem, com certeza e deve ser admitido em princípio, diversos modos de se observar a natureza das coisas. Estou dizendo observar aqui num sentido em que a nossa cognição, conhecimento os experiência sempre nos impõe uma certa maneira de dar atenção a algo, seja como apreensão sensível, seja como um certo produto da nossa imaginação em que a percepção é aquilo que nos faz compor essa imagem ou desenho.

Apreendemos, entretanto, e de um modo cuja distinção é clara e evidente, que a partir da experiência podemos observar as coisas de modo direto ou indireto. Essa consideração, porém, não basta para nos dar alguma garantia definitiva e alguma certeza absoluta aos nossos conhecimentos sobre as coisas, sobre a natureza das coisas e aquilo que elas são ou serão em um futuro próximo ou num futuro mais remoto ou no passado e no presente que possamos poder considerar. Isso, para muitos, é compreendido como uma limitação razoável e por outros apenas um detalhe. Mas não é. A nossa linguagem permite discernir com base em nossas experiência e dos modos de observação das coisas, da natureza das coisas ou de todas as coisas que podemos fazer um repto temporal, ou seja, podemos ver todas as coisas, a sua natureza e uma coisa, no passado, no presente e no futuro de forma imediata ou remota, sendo o grau disso regulado por nosso apelo a meios de chegar nas coisas ou em todas as coisas que é dependente do maior ou do maior uso de instrumentos auxiliares e da nossa própria imaginação. Essa perspectiva menos rígida por assim dizer, me parece ser exatamente a perspectiva necessária para a metafísica e todas as nossas especulações.   

Ocorre que esse detalhe faz muita diferença, em especial, quando procuramos com máximo esforço obter alguma pista sobre uma causa primeira de todas as coisas ou sobre um final último para todas as coisas. Os modos diretos ou indiretos de se observar as coisas e num grau maior de observação todas as coisas nos levam a crer que a observação direta é sempre imediata e abrangente, mas que somente a observação indireta e mediada pode nos permitir observar ou se julgar que se observa todas as coisas em seu princípio ou numa totalidade última e definitiva. Dentre as formas indiretas de se observar as coisas constituímos com a ciência e com razoável esforço especulativo muitas propostas de solução para certos problemas, interrogações ou inquietações nossas. Já foi dito que é uma pretensão característica dos filósofos e filosófas procurar observar todas as coisas, seja no seu passado mais remoto e mais primordial, seja no seu futuro mais remoto e final. Essa pretensão, desejo ou ambição à totalidade sempre foi considerada como ultrapassando os limites do nosso conhecimento ou atingindo as fronteiras últimas do nosso conhecimento.

É assim que quando consideramos como os primeiros filósofos, os grandes físicos e todos os cosmólogos e metafísicos ou poetas sobre a totalidade, nos vemos frente a questão de onde vem todas as coisas e para onde elas estão a se dirigir em seu movimento ao derradeiro ou só seu ciclo final. Nós humanos temos uma tendência derivada de nossa experiência existencial que é sempre temporal, mesmo que não façamos as contas do tempo, ou sempre desafiada pela finitude ou morte, mesmo que julgamos que a morte não seja o fim do nosso espírito, a pensar que haverá um final ou concerto final de todas as coisas. Essa consideração parece estar associada diretamente a um outro impulso característico da filosofia ou do nosso modo de contemplar o mundo, todas as coisas e as nossas vidas e a existência, deveria haver uma ordem ou harmonia ou certo modo de organização na natureza das coisas que nos permite racionalizar, discriminar, explicar e discernir como as coisas estão.

Mas há, podemos observar também, uma espécie de procura de um final feliz. Como personagens românticos que estivessem à deriva em um oceano a procura de uma ilha prometida ou do paraíso na terra.

Nosso impulso em busca de sentido nos leva tanto, portanto, para o caminho das religiões, como para o caminho da filosofia e da metafísica, quanto para o caminho da literatura e da poesia, bem como, para o caminho da ciência ou das ciências que com seus poderes sempre sendo renovados, fazem com que frente a frente nossa falta de sentido e nosso impulso em busca de sentido nos compensem sobre este mundo, todas as coisas, a natureza das coisas e essa ou aquela coisinha ou pedrinha que está no nosso caminho. Aqui se encontra talvez a resposta enviesada e incompleta da questão da possibilidade da metafísica como ciência. 

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