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domingo, 7 de junho de 2020

DITADURA NUNCA MAIS, TORTURA NUNCA MAIS


DITADURA NUNCA MAIS,

TORTURA NUNCA MAIS

"É preciso estar atento e forte.
Não temos tempo de temer a morte."

Caetano Veloso e Gilberto Gil
Tudo é divino, tudo é maravilhoso.

A interpretação mais divina e mais maravilhosa dessa canção é de Gal Costa. Eu amo esta canção desde a primeira vez que a ouvi. E é bem estranho falar disso como uma memória, porque é possível que eu tenha escutado ela com menos de cinco anos de idade, porque estava ecoando de um apartamento vizinho. Essa é uma das canções do período militar e de revoltas estudantis de 1968 1969, que contém uma plêiade de mensagens filosóficas, políticas e combativas. A mais filosófica de todas e que eu sempre cito como Professor de Filosofia, já está no título diretamente derivado de Tales de Mileto: Panta Rei - "Todas as coisas estão cheias de deuses" ou há deuses em todas as coisas (citada especialmente por Aristóteles e Diogenes Laércio) e em todas as criaturas meu jovem, meu Amigo e minha Amiga.

Caetano Veloso iniciou seus estudos universitários fazendo Filosofia. Inclusive confessou em seu livro autobiográfico Verdade Tropicais que é a outra coisa que gostaria de ter feito na vida. Em tempos de internet essa mensagem pode chegar nele ainda. Então, obrigado Caetano! pois saiba que tu ensinou muita Filosofia em tuas canções. Em especial, sobre a vida, o amor, a beleza, a saudade e tudo que envolve aquilo que há de mais humano em nós que é o amor ao próximo e o amor a vida e a humanidade. E na minha opinião isso é uma importante mensagem política também. As mensagens mais políticas da canção, vou trocar pelo que segue.

No ano passado em visita a Argentina, Bolsonaro sofreu protestos intensos da população do nosso país vizinho. Estava lá para apoiar a candidatura a reeleição do neoliberal que logo depois foi derrotado pelo peronista. Um ano depois, o peronista é presidente e protege a população com razoável eficácia e muita segurança e nossos vizinhos vão superando a Pandemia muito melhor do que nós.

Enquanto isso, exatamente um ano depois dessa visita a Argentina, aqui no Brasil nós vivemos a dolorosa realidade de termos esse presidente incapaz, inepto e irresponsável, sem empatia alguma pela população e que passa a esconder os números de óbitos para esconder a tragédia que ele ajudou a construir com muita negligência, desconsideração e contra todos os conselhos da OMS, de praticamente todos os governadores, a grande maioria dos prefeitos, dois ministros da saúde demitidos e mais uma batelada de esforços de ministros do STF, deputados federais e senadores. Temos um presidente que não dialoga, não escuta, não é sensível a conselhos dos mais experientes, mais sábios ou que possuem pais conhecimento e, assim, simplesmente não lidera, não coordena e também não resolve os graves problemas que enfrentamos. E as mortes vão aumentando e ele prioriza construir dissensos e conflitos de toda ordem com os demais poderes da República e outras unidades da federação.

É sempre bom lembrar e levar em consideração que na Argentina, boa parte dos ditadores morreram na cadeia e que todos eles foram processados e punidos por seus crimes contra a humanidade. Não houve impunidade após a ditadura barbara e cruel Argentina. A anistia foi feita para as vítimas de perseguição e os sobreviventes, não para algozes ou criminosos.

É uma sociedade que tratou com muito mais rigor os crimes dos ditadores e que até hoje tem um processo ativo de busca e identificação, reconhecimento e reparação dos filhos e filhas dos desaparecidos políticos. As mães da praça de maio e as avós da praça de maio, são um caso exemplar de consciência cívica com apoio franco da população e do estado e até hoje elas reencontram seus netos e netas, alguns filhos e filhas e persistem na procura daqueles que ainda não foram encontrados.

A resposta e os protestos desse povo nas ruas de Buenos Aires com a visita de Bolsonaro, é somente a ponta afiada da memória desse povo, escrevendo mais um capítulo dessa história e respondendo com firmeza contra aqueles que elogiam fascistas e seus regimes autoritários.

Nós, no Brasil, não promovemos esse processo e disso resultou que esses covardes e facínoras tenham retornado da lata de lixo da nossa história para os espaços políticos. Eles se elegeram e se reelegeram em eleições democráticas sem sofrerem nenhum óbice mais rigoroso e em 2018 elegeram seu representante como presidente.

Esse é um resultado flagrante da nossa impunidade e excessiva tolerância a esse tipo de personagem histórico e mostra o quanto foi um erro do nosso sistema legal e político que eles não tenham sido demovidos, punidos e limitados em proteção a democracia do Brasil. E eles também estão aí com esses discursos autoritários, também por efeito de uma grande omissão da imprensa - que ao tentar ser imparcial, foi condescendente e concedeu espaços e audiência a esse personagens, e acabou por promover ou permitir a volta do elogio ou a defesa do regime militar, da ditadura militar, do golpe militar e das torturas e assassinatos políticos que destruíram a vida de muitos brasileiros e brasileiras e suas famílias e amigos, sem objeções e reparos.

E com a Pandemia estamos pagando muito caro por isso.

Portanto, por mais séria que seja a recomendação contra as mobilizações dos jovens de hoje, eu entendo absolutamente esse impulso de protestar contra um Facínora e Criminoso. Eu entendo e respeito muito cada um dos jovens e dos homens e mulheres que vão sair às ruas hoje. A defesa da democracia pode ser feita de muitas formas e modos, mas com certeza a maior defesa da democracia talvez acabe sendo exatamente essa mesma, no meio de uma PANDEMIA ocupar as ruas com máscaras e o maior distanciamento possível e protestar contra esse Facínora e qualquer ameaça que seja posta contra a nossa democracia no Brasil e os direitos civis e humanos.

É arriscado sim, mas nenhum risco há de demover esses jovens e todos os cidadãos e cidadãs de lutarem contra as ameaças que são covardemente expressas por esse presidente e seus apoiadores.

Atenção para o refrão:



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