FIM DA AGENDA NEOLIBERAL - O
NOCAUTE DO PROJETO E DA COALIZÃO DE BOLSONARO
Eu, Daniel Boeira, que te
escrevo: não há mais futuro, sem mudança.
“Tudo o que era sólido se
desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e as pessoas são
finalmente forçadas a encarar com serenidade sua posição social e suas relações
recíprocas.”
Manifesto Comunista de Karl Marx
e Friedrich Engels.
Teve que aparecer essa PANDEMIA
GLOBAL de COVID19 ou CoronaVírus no mundo e no Brasil para sepultar de vez todo
esse papo furado de neoliberais, estado mínimo, controle do déficit fiscal,
reformas, teto dos gastos e acabar de vez com a supremacia do interesse
econômico contra o interesse político ou do bem comum ligado a defesa da vida e
do direito à vida digna de todos. Marx interpretava isso como a indestrutível,
no capitalismo, supremacia dos interesses da esfera econômica sobre os
interesses da esfera política. Que era essa a marca fundamental da subordinação
da política aos interesses da burguesia acumuladora de capital com base na
exploração do trabalho e na alienação dos sujeitos das classes subalternas.
A História fez com que a profunda
e radical transformação das forças produtivas redundasse na substituição do esquema
colônia metrópole em centro e periferia e foi das margens dessas periferias que
saíram as alterações genéticas que transformaram um vírus de animais que
atacava o sistema respiratório desses animais, num vírus fatal ao humanos com
um poder galopante de disseminação.
Esse vírus com sua violenta
capacidade de contágio que impressiona ao atingir em média entre 50 a 80% de
toda a população humana de regiões, países, continentes e no mundo, em poucas semanas, em caso da não adoção de
medidas radicais de isolamento horizontal para tentar suprimir essa
disseminação. Desses 80%, uns 20% passam a sintomas e desses automáticos, uns
10% necessitam de internação em UTIs, com uma letalidade de 1,2 a 3% de todos
os contagiados. Para piorar o vírus é também mutável e tende a se adaptar ao
perfil humano de certas regiões do planeta. Ao fazer isso, ele combina a
distribuição da sua letalidade com pessoas que possuem comorbidades anteriores
a criar pacientes cuja letalidade não se justifica por isso. Ele tem, portanto,
é preciso admitir um grupo de risco, mas também dispara suas cerdas mortais
para além desse grupo de risco atingindo pessoas saudáveis e jovens e adultos e
não somente idosos ou adultos com comorbidades. É isso que tem se mostrado na
sua letalidade na Europa, Espanha, França e Portugal e também nos Estados
Unidos da América.
No Brasil, essa tendência a diversificação já se exibe nos
primeiros 159 óbitos até o dia de hoje. E com essa imposição racional, técnica
e científica do isolamento como única política ou medida protetiva eficaz para
sustar o avanço do vírus e impedir que se gere o Colapso do Sistema de Saúde,
se sacrifica claramente as atividades econômicas não essenciais e todas as
cadeias de consumo, distribuição e produção dos produtos dessas atividades. O
axioma fatal é ou a economia ou a vida. A bolsa ou a vida. De certa forma o
Vírus promove um assalto ao sistema capitalista, as suas relações de produção e
ao modo de vida contemporâneo e suas respectivas formas e padrões de relações
sociais, materiais, culturais, espirituais e políticas
Aqui no Brasil, em virtude disso
e por certo certo um infortúnio do destino, os que vão ter que cumprir essa
tarefa de fazer frente com os instrumentos de estado, segurança, proteção
social, saúde e infra-estrutura, ou seja, retomar uma agenda de New, New Deal
ou Welfare State, são justamente aqueles que lhe são mais antagônicos a isso e
que forma eleitos vendendo – com apoio intenso da imprensa também liberal ou
ultra liberal – com um projeto de desmanche do estado, das políticas de
proteção social e de geração de renda ou trabalho formal.
Eles são obrigados pela história
agora, sob pena de não sobreviverem a ela pelas suas consequências e colocarem
o povo numa situação mais grave do que aquela em que já se encontrava, a girar
a agenda e começar imediatamente a fazer tudo aquilo que eles não consideravam
estratégico fazer e que poderia ser mitigado ou atenuado. As Bolsas Família
viraram política necessária e não mais dispensável. Para ser objetivo, ao
contrário do que o ministro Onix Lorenzoni dizia a menos de um mês atrás – com
uma ar de satisfação típica de seu caráter – a porta de saída do Bolsa Família
deverá ser fechada e a porta de entrada deverá necessariamente ser aberta e
aumentada para acolher mais brasileiros e brasileiras.
Bolsonaro fala agora dos
trabalhadores informais como se tivesse compromisso efetivo com eles. Mas foi
um dos agentes políticos que junto com o Condomínio Golpista, contribuiu para
promover as Reformas Trabalhista e a Reforma Previdenciária. Os recursos do SUS
e a sustentação efetiva do SUS vai ter que voltar. O Programa Mais Médicos por
força da necessidade vai virar prioridade de novo. Talvez mudem o nome, mas
terá que ser promovido algo em escala igual ou semelhante ao programa original
criado em 2013. O tema da segurança pública e tudo que vem junto com ele agora
vira de fato por força do cenário social uma questão estratégica na sociedade
brasileira e eu aposto que nenhum desses energúmenos vai fazer arminha mais.
Poderia seguir sobre muitos outros exemplos cujas direções, decisões, medidas e
políticas precisam necessariamente ser abandonadas e revertidas.
Fico imaginando o que passa na
cabeça dos militares que estavam caindo nessa ladainha liberal e ultra liberal,
desde que preservassem os seus próprios privilégios, ou dessa cambulhada do
judiciário que tinha essa mesma perspectiva. Agora não tem volta. Vão ser
obrigados a dividir o pão com o povo.
Tudo que eles imaginavam líquido
e certo, sólido e estável nos seus projetos de chegar ao estado mínimo -
preservando os seus próprios máximos e satisfazendo a ganância insaciável do
rentismo do mercado, dos seus especuladores e da concentração de renda - se
esboroou e se desmanchou nos ares de um Vírus.
Agora é que são elas. Muitas
cabeças vão ter que mudar e essa mudança vai inclusive atingir aqueles que se
julgavam protegidos da miséria ou da dependência do estado. Eles vão ter que
limpar direitinho toda a sujeira e perversidade que estavam fazendo e
promovendo e reparar, amparar e viabilizar de verdade as condições de vida dos
14 milhões de desempregados, das donas de casa sem renda, dos trabalhadores
informais sem renda, dos trabalhadores empregados sem renda e com baixos
salários sendo desvalorizados por eles.
Além disso, a situação provocada pelo
Corona Vírus ou Covid19 é tão grave que boa parte da classe média que
tonitroava a sua adesão a essa agenda neoliberal também vai precisar agora de
bolsas família e ajudas para sobreviver porque todo o seu sistema de
sustentação econômica está se dissolvendo aos seus olhos. Alguns querem voltar
a trabalhar porque tem mais pânico de ter que viverem como os pobres que eles
desprezavam e dos quais desprezavam as políticas de proteção social que os
amparavam, do que morrer. O sonho de ficar por cima e melhor do que a grande
massa do povo brasileiro acabou de vez. E a vida nunca mais será como antes.
Dá para imaginar muito bem,
portanto, porque é tão difícil para eles que essa ficha caia e que eles
abandonem o Negacionismo e também toda essa coleção de teorias lastreadas em
engodos, mentiras, burrice e ignorância que os fazem resistir a admitir a
gravidade da pandemia do Corona Vírus e a adotarem imediatamente uma outra
conduta condizente com o isolamento horizontal, a solidariedade ao próximo ou a
quem de fato precisa de apoio para sobreviver – isso inclui os trabalhadores
que eles não querem ver parar de trabalhar e os mais pobres que precisam de
alimentos e mais proteção e essa perversa falta de empatia com os trabalhadores
das áreas da saúde que estão clamando que os cidadãos Fiquem em Casa.
Para eles é difícil aceitar que o
sonho deles acabou e é difícil aceitar também que não havia nada de sólido no
projeto deles que acaba de ser desmanchado por uma força da natureza e que
gerou uma outra força social que vai se conformando a medida que os
acontecimentos vão evoluindo. Isso, entretanto explica, mas não justifica.
Não há, porém, nenhuma salvação
para essas velhas fantasias da elite, as ilusões burguesas e essa profunda
falta de solidariedade e empatia com a vida do mais próximo ou do povo
brasileiro que já andava se disseminado também naqueles que deveriam pesar mais
sobre o que é que realmente importa para as suas vidas e a vida do povo
brasileiro ao qual pertencem de forma inextrincável e profunda.
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