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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

NIETZSCHE E SCHOPENHAUER

NIETZSCHE E SCHOPENHAUER

Além da obrigação e do cuidado de não se citar Nietzsche fora de contexto é preciso prestar atenção também ao seu humor e radical indisposição com a humanidade e as relações sociais. Vejo que tem algo do seu ânimo e do seu espirito e modo de ser que não é recomendável aqueles que querem viver de forma satisfatória em sociedade.  Então temos dois problemas ai: o primeiro da coerência da sua obra e o segundo do seu humor excessivamente pessimista.

Alguns autores facilitam muito a nossa vida de compreender e interpretar o que pensam, construindo obras com muita coerência e unidade e ainda prestam a nos tornar mais livres e animados a viver esta vida que podemos ter neste mundo. Autores como Kant e Descartes, por exemplo, apresentam tal unidade de pensamento que facilitam muito a nossa vida. Já outros dizem algo aqui e outro ali. Mudam de posição ou simplesmente passam boa parte do tempo amaldiçoando nossa miserável vida. O mundo é sim um vale de lágrimas, mas este aspecto terrível que já nos traz dor que chega não precisa ser diluviano.  São autores que tratam de certa forma de questões vistas de perspectivas diferentes num tempo e em outro de suas trajetórias. Isto não é um defeito, pois podem estar apenas evoluindo de um tipo de abordagem para outra. Ou como se poderia dizer em uma investigação científica progredindo de uma abordagem e método para outro.

Mas é claro que citar o contexto de onde se tira uma citação de suas obras de forma adequada e precisa é importante porque o uso mais rigoroso de qualquer autor deve ser sempre incentivado em respeito a importância de sua obra e ideias e algo que sempre ajuda na interpretação ao se ter uma leitura contextualizada. Porém, eu poderia dar exemplos aqui de expressões e citações que são usadas de forma incorreta e com objetivos escusos, sem respeitar o espírito do autor.

Ele Nietzsche é muito bom e genial porque literalmente ataca os problemas sobre os quais reflete com muita radicalidade e coragem. A filosofia feita a martelos dele não é uma força de expressão, é real, pois ele de fato massacra com muita precisão os argumentos que encara, de forma impiedosa e sem concessões à tradições de todo tipo. Nada para ele é sagrado, nenhum ídolo se impõe em sua investigação. Porém, isso leva para uma postura de tal desprendimento que acabar podendo incidir sobre as relações objetivas dos leitores desavisados. Assim poderá parecer que ele é o orientador da maior libertação da tua vida,  mas há um problema semelhante a este mesmo de deixar a gente perdido num labirinto.

Este falar do problema, apontar muito bem o problema e a questão que ele apresenta, ainda não é, entretanto, resolver o problema. Eu diria que aqui Nietzcshe parece para mim um filósofo da crise e também da obra inacabada. Pois não há saída e não há futuro após a sua filosofia feita a marteladas.  

Nietzsche é um autor que eu comecei a ler muito cedo, antes dele havia lido Platão e Kant, porém, tinha uma advertência e orientação bem qualificada que me orientava não por preconceito, mas por reconhecer o poder dele nestes e em outros temas, mas a situação de SEM SAÍDA que você aponta no labirinto. Eu adoro ler Nietzsche mas aprendi a ler ele sempre com alguns descontos bem fortes o que é muito bom também porque evita a idolatria e a tal perdição que joga água abaixo a necessidade de pensar por si mesmo e ser capitão de seu próprio navio nesta vida.

Já Schopenhauer comecei a ler agora com prudência redobrada. Mas com muito respeito porque ele não era nada bobo mesmo. Tinha seus excessos em relação a outros pensadores, mas a leitura dele é algo muito bom.

Eu li com 17 anos Nietzsche. Praticamente morando sozinho e andando como aquele cara na carta do tarot à beira do abismo. Eu sabia assim que cada passo para cá e para lá era responsabilidade minha. Mas já que estais a dizer isto, vi hoje a biografia do Nietzsche escrita por Rudiger Safranski num sebo e recomendo. Aliás a biografia de Schopenhauer escrita por ele também é notavelmente bem escrita e eu diria que é inclusive um extraordinária abordagem ao tema em Schopenhauer a tal ponto de ser boa parte da base do Livro de Irvin B. Yalon A Cura de Schopenhauer que tarta desta crise existencial dele. .É muito bem escrita a obra de Niezsche e serve de bom guia para quem como você que chegou até aqui parece dirigido e firme em ler toda obra dele. 

E Kant...bem Kant é algo. Sou aqui como Schopenhauer, tenho a maior admiração por Kant e Platão. Além de outros.



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