Vou aproveitar para me confessar
a partir desta tua boa provocação e quem sabe me aliviar aqui na tua postagem.
Com permiso. Sou um viciado em comprar livros e quando li o Irmão Alemão do
Chico Buarque me avistei quando descrevendo que o pai dele comprava livros
escondido da esposa - haja vista a casa cheia deles - e que tinha um
subterfúgio para colocá-los dentro de casa deixando eles numa sacolinha na
porta dos fundos e entrando pela frente com as mãos vazias em combinação com a
empregada que os recolhia, me vi quase desta forma, apesar de não poder
comparar minha biblioteca com a de um Sérgio Buarque de Hollanda. Também gosto
como ele gostava e muitos outros e outras de ler muito também, chego a ler mais
de cinco livros ao mesmo tempo, arrastando alguns comigo da sala para a cama,
mas noto que poucas pessoas gostam de ler e que, além disto, algumas pessoas
não tem paciência para ler e que outras não tem tempo também. Eu arranjei um
bom tempo para isto em função do meu atual trabalho exclusivo de professor. E
estes dias escutei um depoimento sofrido de uma pessoa que vivia atribulada em
função de sua vida pessoal e que disse que não conseguia sequer se concentrar
para ler um único livro. E ela queria ler, mas não conseguia e me compadeci
dela, porque fiquei pensando que tamanho sofrimento poderia causar tal mal a
uma pessoa. E depois fiquei me vendo privado de leitura e em pânico por isto.
Então, até chegar no tal vício da leitura a caminhada é muito grande mesmo, até
chegar na compulsão de comprar livros maior ainda, porque para tal muitas
outras prioridades precisam ficar no caminho, mas eu leio por necessidade,
assim como escrevo por necessidade. De um lado, buscar e encontrar ideias e, de
outro lado, colocar ideias em um texto para tentar cada vez mais encontrar uma
melhor expressão e que me dê certo conforto e tranquilidade que para mim só o
entendimento das coisas dá. Não aceito o mero sofrer, assim como não resisto a
uma boa provocação. Dai porque - sem saber se é da minha inteligência ou não -
adquiro livros e escrevo, talvez não sofra calado apenas e não temo dar mais um
palpite, ainda que como uma confissão, naquilo que tantos já tentaram.
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