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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

QUANDO ESCREVO PARA VOCÊ

QUANDO ESCREVO PARA VOCÊ

Penso que escrever corretamente é uma atitude de respeito e delicadeza com o próximo. É a mesma coisa que argumentar com clareza e precisão.

Assim, é preciso sim escrever cuidando da pontuação - para ficar mais legível e mais bem escrito. Me dou o direito, de certa forma somente no Facebook e eventualmente no meu blog, por exemplo, por pressa de escrever sem pontuar corretamente usando os três pontinhos, os hifens ou reticências de forma abundante no lugar de pontos, vírgulas e ponto e vírgula. Isso acontece por uma certa euforia que é essencial no meu modo de escrever incessantemente e respondendo abruptamente e por impulso a estímulos, boas provocações, ideias soltas, desafios que fico ruminando as vezes por meses e, em alguns casos, anos. Mas depois em geral corrijo isso, reedito os textos e mesmo republico versões melhoradas deles. É assim que nascem alguns dos meus posts longos e carregados de conteúdos diversos.

Uma vez me disseram que eu escrevia demais e que ninguém ia ler isto. Sim, tem um grupo de pessoas que só querem imagens e memes aqui, mas tenho notado sérias e boas mudanças. Porque há também um bom grupo de amigos e pessoas que não se furtam de escrever posts longos e com argumentos detalhados que já romperam mesmo com a camisa de força – ou disciplinar - dos 140 caracteres. Não sou contra os 140 caracteres do TWITTER por principio. E mesmo algumas vezes fico fazendo o exercício de concisão que eles impõem. Mas vejo que eles obrigam de certa forma a abrir mão de coisas tipo pontuação correta e explicitação mais argumentativa de idéias.    

Mesmo assim, precisamos sim pontuar e grafar o mais corretamente possível nossa escritura. Creio mesmo que, ao contrário do que alguns julgam por ai, é uma tendência se escrever cada vez mais e melhor nas redes sociais e nos blogs. E fazendo um balanço destes meus dez anos de certa freqüência no mundo virtual diria que surge também uma espécie de ética no mundo virtual em relação ao que dizer, como dizer e com que palavras dizer. Assim, a preocupação com a legibilidade e um certo exercício em relação a isso começa a aparecer com mais força, na minha opinião. Ao ficar mais legível facilitamos a compreensão e ao ficar mais bem escrito damos ao leitor o direito de obter algum prazer na sua leitura.

Porque, para mim, escrever é sim um ato de carinho com o outro. E penso que quanto melhor o escrito, maior o carinho. Não gostaria que as pessoas entendessem isto como uma crítica aos textos que elas são capazes de escrever. Na verdade, a gente sabe e não é muito difícil perceber que cada um está em uma etapa da sua escritura por assim dizer. E também há aqueles que querem entrar aqui e sair daqui na mesma. Vejo isso como uma espécie de conformismo e comodismo. Não penso assim, não tiro o direito de pensar assim, mas penso diferente. Olho para a internet e as redes sociais como uma grande ferramenta com um gigantesco potencial comunicativo e transformador sim. Assim, também entendo que cada um encara isto como se estivesse em uma etapa de sua compreensão disto. Alguns estão engatinhando, outros estão evoluindo e outros podem estar em um momento muito superior de suas trajetórias no uso da linguagem e também no pensamento. Mas ninguém evolui de uma ponta a outra deste espectro descrito antes sem estímulos, sem boas leituras, sem boas trocas e diálogos. E também sem uma vontade e uma abertura para isto. Me lembrei de um amigo agora: é preciso apostar para vencer e é preciso apostar com sinceridade e uma pitada de otimismo para vencer junto. 

Cada vez me convenço mais de que o uso correto da linguagem, a honestidade na argumentação e também o cuidado com as palavras com as escolhas de palavras é um ato de respeito com o próximo.

Mesmo que ele não concorde com você. Tento ao máximo seguir isto aqui. E espero que em alguma medida consiga.

Isso é uma coisa que me leva a pensar muito. Eu hoje tenho convicção de que falar, escrever é uma forma de tocar as pessoas. E isso deve ser feito com cuidado e atenção porque as pessoas são sensíveis em seus pensamentos, emoções, vidas e suas formas de ver o mundo. E mudei muito a partir disto.

Então, quando escrevo para você, meu leitor, minha leitora, meu amigo ou amiga, ex-aluno ou ex-aluna, colegas de atividades, colegas de formação, camaradas e companheiros de caminhada política, adversários, conhecidos virtuais e desconhecidos, distantes e próximos, tento mesmo, ao máximo, ter um cuidado, e expressar, mesmo que opostamente ao que você pensa, ideias claras e distintas, sobre as coisas, os assuntos e as matérias de meu interesse.

Te peço que, por qualquer insatisfação ou imprecisão me corrija, me advirta com o mesmo cuidado e delicadeza que dedico a você.

Enfim, quando escrevo para você, tento ao máximo te tocar e te fazer sentir com carinho e sensibilidade algo sobre a possibilidade de uma troca, um diálogo em que nós nos entendamos com clareza ou nos desentendamos com clareza, mas com muito respeito, sensibilidade e precisão.

Você pode até pensar que sofro de uma Síndrome de Pollyanna, de que tenho uma ilusão infantil sobre a possibilidade de nossos atos de fala serem mais compreensivos e mais honestos, mas é exatamente isto que tento atingir.

O laço de sentido que tentamos construir na linguagem deve ser o mais confiável possível  e de certa forma, eu entendo, que toda a nossa possibilidade de uma sociabilidade satisfatória depende dele. Mesmo que existam muitas diferenças entre nós a possibilidade de nos entendermos ou nos desentendermos com clareza é uma pré-condição para podermos viver juntos e cuidarmos uns dos outros. E isso é afinal é o que acontece em uma vida em sociedade.


Um grande abraço amigo....    

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