Eu tenho um gosto meio maluco por cinema.
Já passei madrugadas inteiras vendo cinema em canal de televisão e quanto mais simples os filmes mais eu gosto.
Se bem que também gosto de filmes cujo significado é mais complexo ou que possuem seus enigmas e mistérios a serem desvendados.
Aliás me considero não um especialista em cinema, mas sim um viciado em cinema.
Tenho aquela obsessão que a internet veio ajudar a satisfazer que é descobrir quase tudo sobre o filme, a história, o cenário e as personagens. é um gosto meio atípico este. Um gosto de colecionador de informações enciclopédicas e inúteis par muitos dos mortais.
Ontem em rede aberta de tevê eu vi este filme do Ridley Scott - diretor de diversos filmes de destaque - dou aqui três pares de exemplos: Alien e Blade Runner; 1492 e Gladiador; Thema e Louise e este de que falo um pouco hoje.
Qualquer um que já tenho visto todos os filmes de Ridley poderá julgar ou achar que este é um exemplar fora de lugar, um despropósito.
Confesso que já vi todos os filmes de Ridley e o que mais me chama atenção na direção dele é a incontroversa impressão de que a gente tá vendo uma obra que sempre significa mais do que a gente está entendendo na hora ali na sala de cinema. Neste sentido, este é um filme com todo este ingrediente presente: UM FILME QUE DIZ MAIS DO QUE AQUILO QUE A GENTE LÊ E VÊ ...
Blade Runner já possui notoriamente esta característica, não porque possui enigmas interpretativos e etc. Mas porque a obra como um todo diz mais. E olha que mesmo quando você olha aquela edição aumentada do autor você fica com a mesma impressão.
É também o caso de Um Bom Ano história simples de um herdeiro que volta ao local em que teve suas melhores experiências da infância combinada com um personagem sem escrúpulos e extremamente eficaz no mercado de ações. Em meio a isso memórias de um tio querido, de diferenças sutis entre vinhos bons e ruins, de jogos (games) de tênis, xadrez, de vitórias e derrotas, da diferença entre uma boa piada e uma piada ruim que é o tempo. E, por fim, uma região maravilhosa da França Provence como cenário de uma reconquista da vida, reconquista do belo, reconquista de si mesmo para este homem poderoso que, entretanto, é escravo de uma ambição que não lhe permite ter prazer.
Uma cena significativamente indicativa da pista que devemos perseguir para conquistar o sentido maior do filme é quando a personagem principal retorna ao trabalho em Londres após uma semana em Provence - na qual se reapaixonou pelo ambiente de infância, e ao ingressar na sala do chefe ter uma entrevista com seu patrão vislumbra uma pintura de Van Gogh sob um vidro de tres polegadas na parede - aquela obra conhecida como exemplar justamente do ciclo solar de Van Gogh em Provence - e pergunta se é um original, ao que o chefe responde que a original está guardada e protegida no cofre, ao final ele pergunta se o chefe, para o seu deleite particular, olha a tela à noite escondido ao abrir o cofre sorrateiramente....
É esta a grande mensagem do filme de que não adianta ter grandes coisas, grandes riquezas ou experiências, vinhos, casas, mulheres e tempo se não podemos fruí-las adequadamente e tranquilamente. É por isto que ele resolve viver em Provence e dar um bom destino aquela propriedade herdada de seu tio.
Curiosamente este é um filme que a crítica e o público americano não apreciaram. E eu entendo que coisas simples não tem valor para um gosto que é violentamente adaptado.
Sobre um mistério do filme que merece atenção maior é a lenda do vinho CP - Le Coin Perdu...
Em meio a isto ele descobre muitas coisas mais que não podem ser ditas aqui e que cada um deve buscar o seu sentido. É um bom filme e eu recomendo...pois, à contra-pelo, pode nos lembrar de algo que realmente importa nesta vida....
uma observação final: não esqueça de deixar as caixinhas de lavanda na janela....
afinal para pensar na vida é preciso viver.....
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