Meu amigo César Schirmer dos Santos está as voltas com um doutorado sobre o tema do externalismo. O César tem até um blog sobre o trabalho dele, em que ele publica coisas, textos e notícias sobre o tema desde 2004, e recomendo muito aos amigos curiosos e aos alunos mais curiosos, chama-se MEMÓRIA e AMBIENTE: Diário de uma tese de filosofia.
Se você entrar no google agora e digitar esta palavra Externalismo encontrará lá um verbete bem construído sobre isto, o que provavelmente foi o próprio César que fez aliás. A conferência da segunda passada, ou melhor o Colóquio Inteiro tratava disto sob diversos enfoques.
Em homenagem ao esforço do meu amigo e ex-colega fiquei pensando num exemplo que talvez ajude ou complique mais o tratamento adequado do tema. Senão vejamos.
Ao assistir uma das exposições fiz notas que depois revisei e fiquei pensando com meus botões durante a semana toda. No almoço, no café da manhã em alguns dias e noites, caminhando e sentado no carro, em sala de aula enquanto tratava de outras questões, inclusive em meio a reuniões sobre outros assuntos.
A minha intuição original foi a seguinte: será que a nossa identidade, aquela que nós encontramos ao acordar de manhã cedinho é determinada pelo ambiente que nos cerca, por uma memória recente de quem nós somos ou por uma programete básico do nosso cérebro tipo aquele conjunto de arquivos do meu computador o do teu que inicializa o nosso sistema antes mesmo de ele lidar com qualquer informação externa, ou por todas estas coisas combinadas e associadas?
Penso que o meus computadores e o meu cérebro não são tão diferentes não. Que aqui como aí precisamos de algumas informações básicas e outras informações mais profundas para sabermos quem somos. Sempre lembro daquele filme do Adam Sandler Como se fosse a primeira vez - o qual prefiro em relação ao Jim Carrey disparadamente. Neste filme, só para lembrar, temos uma mocinha que sofreu um acidente e que amanhece todos os dias pela manhã sem saber o que aconteceu ontem, ela até sabe quem é, sabe quem é o pai e o irmão, mas se casar ontem amanhecerá sem saber disto e provavelmente se aborrecerá com o rapaz que estiver deitado ao lado dela na cama. Em resumo naquele filme ela tem uma memória remota, mas não possui uma memória de eventos próximos no tempo. É uma boa hipótese, pois neste caso ela inicializa o sistema mas perde algumas informações recentes ao fazer isto. Mesmo neste caso, ela preserva sua identidade, porque as informações familiares anteriores ao seu trauma se mantém registradas.
Será que o nosso sistema despertaria igual caso mudassemos de contexto de um dia para o outro. Creio que não. Creio que não é possível isto. Ou seja, mesmo que eu tome um porre homérico ou que me levem para alter terra (ou twin heart) não esquecerei de minha identidade e ao inicializar o meu sistema passarei desde já - como minhas memórias - a reconhecer diferenças e semelhanças entre este ambiente atual e o meu ambiente tradicional de despertar.
Se mudar o contexto não muda o sujeito e o sujeito passa a reconstruir o seu conhecimento ambiental em seguida quase que automaticamente.
Talvez não ajude em nada ao meu amigo, mas já é um começo naturalista para um problema mental do externalismo.
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