Eu tive uma educação tradicional em São Leopoldo. Nós cantavamos o Hino Nacional na escola no primeiro dia da semana, todas as semanas do ano, durante todos os anos 70 até aproximadamente 1977. Foi assim pelo menos em duas escolas das que eu frequentei nos anos 70. Eu sei cantar o hino até hoje e não me arrependo não. Mesmo que eu tenha profundas divergências com a forma como as coisas eram feitas no Brasil nos anos 60 e 70 da Ditadura Militar, concordo que temos que ter uma educação cívica.
Não chego a ser um espartano neste assunto, mas admiro com respeito algo daquela educação que serviu de modelo para os militares, esse um quê da educação grega clássica.
Os gregos aprenderam isto na marra, ou seja, eles sabem que se você não aprende a defender a tua cidade - a pólis - com a tua própria vida, prepare-se para ser um escravo obediente de qualquer outro povo que saiba derrotá-lo num campo de batalha qualquer. Quem quiser entender um pouco disto não precisa ler a Paidéia grega de Werner Jaeger, basta olhar aquele filme Os 300 de Esparta.
Penso que isto ainda vale de alguma forma hoje em dia. Em tempos de imperialismo vale, de colonialismo já valia e continua valendo. Como, aliás, diz o nosso hino do Rio Grande do Sul povo que não tem virtude acaba por ser escravo.
Por isto creio que nós precisamos incentivar sim o civismo, o amor à pátria e ao país. Não para criar uma geração de fanáticos, facistas, facínoras ou sádicos. Não para dar uniforme e transformar o povo em soldados de um imperialismo qualquer, mas para desenvolver um senso de nacionalidade, debater nossa nacionalidade e ser capaz de valorizar nossa história, cultura e, com isso, assumir enquanto povo a responsabilidade pelo país em que vivemos.
Apesar de ter uma ambição internacionalista, um sonho de ver a emancipação da classe trabalhadora, o fim de toda e qualquer forma de exploração econômica e dominação política, não vejo esta construção como tão fácil assim não. Precisamos educar nossos filhos e nossos jovens a saberem cuidar da cidade, do estado e do país. Porque este é um espaço deles, é o espaço da vida deles e dos filhos deles. E combinar isto com uma educação que os ensine a cuidar da humanidade inteira e do planeta inteiro.
Por isto penso que não é vão, termos uma banda na escola, nos prepararmos para um desfile, cantarmos o hino nacional com certa frequência em cerimônias públicas e também cantar o hino do Rio Grande do Sul. O civismo pode nos ajudar a ser mais cidadãos de nosso país e, com isto, aprender a encontrar o nosso lugar no mundo, na história e nos destinos da humanidade.
Por fim, já foi dito que o nacionalismo é o refúgio dos canalhas. E eu entendo isto como uma lembrança aqueles que usam o seu país e a sua nacionalidade para cometerem crimes mundo a fora ou para se inocentar dos crimes que aqui cometem ou cometeram e dos segredos que guardam do passado. Em nome da pátria muitos crimes contra a humanidade já foram cometidos. Bem esta é uma outra história. Mas se a nossa educação cívica carregar consigo o respeito às diferenças e a compreensão das outras culturas e de uma visão democrática da sociedade....
por uma Pátria para Todos....
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