O diálogo do Uber ontem em uma
corrida rápida foi algo. O motorista, primeiro, me explicou que corridas curtas
eram boas porque significavam um bom valor na cobrança de curta distância em
virtude da taxa mínima. Também falou que quanto mais corridas, melhor, porque
aumentava a pontuação dele e incluía o motorista em promoções e premiações.
Depois mudamos de assunto. Ele me
perguntou sobre a minha profissão. Respondi que era professor. Depois ele falou
que a coisa estava bem feia. Eu disse que sim. Que no meu caso e dos meus
colegas, professores estaduais do RS, estamos 40 meses com salários atrasados e
congelados sem nenhum reajuste por mais de quatro anos. Ele me perguntou o que
eu ensinava. Respondi que lecionava Filosofia e História e, também, Sociologia
e Geografia, quando necessário. Ele então exclamou que as coisas estão feias
para professores de filosofia e sociologia. Eu disse que sim, que o atual
governo do Brasil negligenciava a importância das nossas disciplinas e da
educação.
Ele me olhou e disse, então, está
difícil, mas a gente vai sobreviver e isso vai passar. Eu olhei para ele e
disse que sim. A gente vai sobreviver, com mais dificuldades, mas vamos
sobreviver. Mas disse, então, que o problema disso tudo que está acontecendo não
é exatamente a nossa sobrevivência, o problema é se os outros – todo o povo que
não tem defesas - vão sobreviver. O problema é a vida do povo brasileiro que já
está sofrendo muito. Terminou a corrida. O jovem me deu cinco pontos na
avaliação. Me despedi, desci ou desembarquei do carro e sai pensando nisso.
Depois fui, em casa, ver a entrevista do Lula. E ele disse praticamente a mesma
coisa afirmando estar muito preocupado com a vida do povo brasileiro. Lula
disse que estava na cadeia e que via todas as notícias e que estava muito
preocupado com o que estavam fazendo no Brasil.
Muita gente, portanto, ainda
precisa entender que a questão atual no Brasil não é a própria sobrevivência,
mas a sobrevivência do povo brasileiro, que não é protegido e tem sido atacado
pelo atual governo em seus direitos e condições de vida como na reforma
trabalhista já aprovada, a reforma da previdência que ataca gravemente os
trabalhadores e trabalhadoras brasileiras e no teto dos gastos que tem impacto
profundo nas políticas de saúde, educação, habitação, seguridade social e
assistência social que estão sendo dizimadas num ciclo de vinte anos. A miséria
e o desemprego, com a fone e o desalento tem aumentado, a economia não se
recupera com o receituário neoliberal e o governo do Bolsonaro não funciona
direito e passa o tempo todo fazendo maluquices e bobagens que não ajudam em
absolutamente nada.
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