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sexta-feira, 26 de abril de 2019

A NECESSIDADE DA REVOLUÇÃO


Tenho pensado muito nisso também. Nessas horas, é bom lembrar o velho Marx. Ele não prescrevia uma Ditadura do Proletariado porque simplesmente tinha um ódio venal e de classe à burguesia ou considerava uma prioridade vingar toda exploração e dominação, explicação e submissão imposta ao proletariado ao longo da história. Marx não era um revanchista. Tratava de uma outra questão muito mais crucial: a burguesia não vai conceder de mão beijada ou por boa vontade qualquer grande alteração no sistema econômico e político de exploração e dominação, seja a um partido eleitoral ou a um grande líder do proletariado, através da via democrática. A disputa de classe ou a luta de classes em que interesses opostos se enfrentam, não tem essa dimensão negociada ou mediada. Toda vez que o proletariado quiser obter algum ganho ou melhoria para além de meras concessões conjunturais, haverá de ser pelo uso da força e pela imposição inarredável de seu poder. Por isso, também a mudança efetiva e real das  estruturas da sociedade, na perspectiva de Marx e outros socialistas e comunistas que são considerados radicais, só será possível pela via revolucionária e através da ruptura violenta e impiedosa do regime jurídico e estamental que sustenta esse sistema de exploração e dominação de uma classe sobre a outra. É por isso que a Ditadura do Proletariado, o vaticínio odioso para a burguesia, é a única via de mudança social efetiva e sustentável e que permite conquistar, manter e solapar de vez com as bases jurídicas e materiais de classe do sistema político e econômico dominante no capitalismo. Você pode não gostar de violência, você moralmente pode desejar a paz e preferir sempre a democracia e é razoável que pense assim e que deseje isso com convicção, mas toda vez que o fizer deves pensar que a não violência de teu método e propósito, há de deixar espaço para a extrema violência da exploração e da dominação continua da burguesia sobre o proletariado e suas frações de classe. Nesse caso, não se trata de comparar o número de vítimas ou a insensatez do sacrifício de um lado ou do outro, por uma via ou por outra, como um cálculo de custos e benefícios ou uma contabilidade de perdas humanas, mas sim de refletir sobre que todos os sacrifícios você se dispõe a aceitar para sepultar de vez o sacrifício constante e regular da vida de milhões de pessoas no capitalismo, num aparente regime normal e estável, cuja normalidade aparente é enganosa, pois através da miséria, da fome, da doença, da falta de oportunidades e dos diversos procedimentos legais que dão base ao massacre de uma grande parte da humanidade, se observa o alto preço que homens e mulheres pagam, com suas vidas e existências para sustentar os privilégios e prerrogativas de muito poucos das classes dominantes burguesas. A espada de Dâmocles repousa – a espada da morte e da responsabilidade – paira balançando sobre as cabeças daqueles que tem o poder ou o talento e a liderança de decidir qual das duas vias seguir. Não é uma questão pequena essa. Sou daqueles que me ressinto da condição de Lula e de seu destino e sacrifício pessoal que está atrelado diretamente ao destino do povo brasileiro, como é fácil ver hoje para muitos que não queriam aceitar isso antes ou que já haviam esquecido disso. É preciso reconhecer que a escalada golpista que levou ao atual quadro nacional é produto direto dessa não concessão e não admissão de alguns ganhos ao proletariado e a classe proletária brasileira. A pergunta que deve ser feita, então, quando se adota essa percepção e constatação é: porque será que é tão difícil para certos sujeitos históricos compreender seu lugar numa revolução real da sociedade? E por consequência por que a maior parte do proletariado não se vê num papel revolucionário por necessidade de sobrevivência real de si e de sua classe?

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