Daqui a alguns
anos todos nós olharemos para as imagens dos 511 deputados federais que votaram
na Câmara dos Deputados com um sentimento de renovada surpresa, péssima lembrança, triste memória, mas talvez para alguns de nós com uma pitada de
orgulho.
Pois, com certeza não eram todo iguais mesmo.
Os 367
deputados e deputadas que votaram sim, que venceram na vida por força de suas
famílias - não dos eleitores - de suas esposas - e que não tem amantes é claro
- que venceram na vida por conta da generosidade e boa fé dos eleitores e que
prestaram reverências à divindade e não às leis, à constituição deste país,
aqueles que bradaram contra a corrupção apesar de vermos seus nomes registrados
em muitas listas, apesar de lermos notícias de processos, prisões, sentenças do
TSE e outros tribunais contra suas condutas, aqueles que todos nós sabemos que
não se elegeriam para nada caso não tivessem atrás de si fortunas para suas
campanhas, bases eleitorais herdadas e passadas de pai para filho, de marido para
mulher, de avô, bisavô e tataravô para netos bisnetos e tataraneto, aqueles que
tem mandatos e reeleições sucessivas a mais de dez, vinte ou trinta anos,
aqueles que zelam tanto por fidelidade partidária e questões programáticas que
andam criando partidos e legendas novas para facilitar suas negociações de
cargos e seus lugares na mesa de negociação de arranjos eleitorais, aqueles que
se mantém com influência nos poderes de estado, serviço público e também
instituições mesmo quando os governantes eleitos lhes são adversários o que
explica suas imunidades e imunidades de tal modo que quando se apuram
escândalos de corrupção eles figuram nas listas de beneficiários, aqueles que
são notórios e recorrentes em esquemas de desvio e tráfico de influência nos assuntos
públicos - mas que a ficha limpa não pega - fala liderança! - e aqueles que
bradam moralidade e preocupações com o povo brasileiro mas que votam sem
nenhuma dificuldade favoravelmente em projetos contra os direitos dos
trabalhadores, garantias de proteção social e que estão loucos para botar em
pauta ataques aos de baixo através da agenda golpista e sua tripa de PLs, PECs
e PLCs, sim estes mesmos que votam contra o povo onde estiverem que aumentam
impostos e derrubaram a CPMF para satisfazer aqueles que movimentam milhões,
sim os mesmos que querem acabar com as rubricas orçamentárias, com as verbas
vinculadas e começar um desmanche do estado brasileiro com demissões PDV s e
terceirizações, privatizações e o repasse a um preço camarada das riquezas nacionais
como o Pré-Sal - como já fizeram com os minérios e outros - para empresas
privadas ou multinacionais que por um acaso financiam direta ou indiretamente
suas campanhas, convescote, encontros, viagens, jatinhos, cruzeiros e também
suas organizações golpistas e diversos movimentos.
Poderia haver
um replay daquela votação, também, para vermos de novo as sete abstenções que
são representativas do tamanho da vacilação e da insegurança da causa cujos
votos marcarão na lembrança não uma indiferença, mas certa disposição a não
assumir sua parte na conta final e nas conseqüências finais daquela votação.
Mas, e esta é
só minha modesta opinião de quem é militante continua e persistentemente desde
o final dos anos 70, de quem caminhou seja por alta expectativa ou alto
envolvimento em todas as jornadas de uma forma ou outra desde 1978
aproximadamente que, também, seria bom o
replay hoje a tarde ou pelo resto do indecente processo de Impeachment da
Presidenta Dilma Rousseff para vermos quem são os 137 deputados federais que
com toda altivez, determinação e argumentos votaram pelo não. Sim, aqueles que
seguiram seus partidos com posição muito clara contra o golpe, mas também os
demais que contrariaram por consciência e com conhecimento, as cabalas conspiratórias
em que poderiam em que poderiam estar envolvidos e beneficiários e que acabaram
formando a bancada de resistência ao golpe e à condenação da nossa democracia
ao casuísmo e a redução do nosso país à uma república de bananas.
Todos eles que,
ao meu juízo, acabaram votando pelo bem comum, pela justiça e de forma
justificada e argumentada serão lembrados pelo reconhecimento da legitimidade dos 54
milhões de votos, pelo reconhecimento da probidade da presidência e, também,
pelo respeito à legalidade e soberania
do voto popular, não aceitando uma eleição indireta para presidente e não
assentindo desavergonhadamente à uma traição e uma impostura de quem jurou a
Constituição, como a que está sendo promovida pelo vice presidente, pelo seu
partido e seus aliados no achaque e butim ao estado brasileiro.
Os 137 não
aceitaram nem as ofertas e nem o método proposto do vale tudo pelo poder. E,
então, como seria bom um replay daquela votação de tal modo que o povo
brasileiro pudesse ver de novo quem são seus representantes, conferir no
espelho se é isso mesmo e quem sabe pensar melhor se o recall que precisamos de
fato não é também deste congresso, dos seus partidos e de seus representantes.
Um replay para vermos o fundo do poço e quem sabe conseguimos erguer no nosso país
uma disposição no seu povo de se realizar um reforma política que venha a
sepultar todos os elementos negativos, vergonhosos e rebaixados deste
acontecimento.
E um replay seria bom sucessivamente até que se salvasse a
democracia das garras destes sujeitos e sujeitas e se desse então maturidade à
nossa democracia, com mais democracia e mais exemplaridade para nós e para o
mundo.
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