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domingo, 24 de abril de 2016

NÃO VAI TER REPLAY DA VOTAÇÃO DO DIA 17?

Daqui a alguns anos todos nós olharemos para as imagens dos 511 deputados federais que votaram na Câmara dos Deputados com um sentimento de renovada surpresa, péssima lembrança, triste memória, mas talvez para alguns de nós com uma pitada de orgulho. 
Pois, com certeza não eram todo iguais mesmo.

Os 367 deputados e deputadas que votaram sim, que venceram na vida por força de suas famílias - não dos eleitores - de suas esposas - e que não tem amantes é claro - que venceram na vida por conta da generosidade e boa fé dos eleitores e que prestaram reverências à divindade e não às leis, à constituição deste país, aqueles que bradaram contra a corrupção apesar de vermos seus nomes registrados em muitas listas, apesar de lermos notícias de processos, prisões, sentenças do TSE e outros tribunais contra suas condutas, aqueles que todos nós sabemos que não se elegeriam para nada caso não tivessem atrás de si fortunas para suas campanhas, bases eleitorais herdadas e passadas de pai para filho, de marido para mulher, de avô, bisavô e tataravô para netos bisnetos e tataraneto, aqueles que tem mandatos e reeleições sucessivas a mais de dez, vinte ou trinta anos, aqueles que zelam tanto por fidelidade partidária e questões programáticas que andam criando partidos e legendas novas para facilitar suas negociações de cargos e seus lugares na mesa de negociação de arranjos eleitorais, aqueles que se mantém com influência nos poderes de estado, serviço público e também instituições mesmo quando os governantes eleitos lhes são adversários o que explica suas imunidades e imunidades de tal modo que quando se apuram escândalos de corrupção eles figuram nas listas de beneficiários, aqueles que são notórios e recorrentes em esquemas de desvio e tráfico de influência nos assuntos públicos - mas que a ficha limpa não pega - fala liderança! - e aqueles que bradam moralidade e preocupações com o povo brasileiro mas que votam sem nenhuma dificuldade favoravelmente em projetos contra os direitos dos trabalhadores, garantias de proteção social e que estão loucos para botar em pauta ataques aos de baixo através da agenda golpista e sua tripa de PLs, PECs e PLCs, sim estes mesmos que votam contra o povo onde estiverem que aumentam impostos e derrubaram a CPMF para satisfazer aqueles que movimentam milhões, sim os mesmos que querem acabar com as rubricas orçamentárias, com as verbas vinculadas e começar um desmanche do estado brasileiro com demissões PDV s e terceirizações, privatizações e o repasse a um preço camarada das riquezas nacionais como o Pré-Sal - como já fizeram com os minérios e outros - para empresas privadas ou multinacionais que por um acaso financiam direta ou indiretamente suas campanhas, convescote, encontros, viagens, jatinhos, cruzeiros e também suas organizações golpistas e diversos movimentos.

Poderia haver um replay daquela votação, também, para vermos de novo as sete abstenções que são representativas do tamanho da vacilação e da insegurança da causa cujos votos marcarão na lembrança não uma indiferença, mas certa disposição a não assumir sua parte na conta final e nas conseqüências finais daquela votação.

Mas, e esta é só minha modesta opinião de quem é militante continua e persistentemente desde o final dos anos 70, de quem caminhou seja por alta expectativa ou alto envolvimento em todas as jornadas de uma forma ou outra desde 1978 aproximadamente que, também,  seria bom o replay hoje a tarde ou pelo resto do indecente processo de Impeachment da Presidenta Dilma Rousseff para vermos quem são os 137 deputados federais que com toda altivez, determinação e argumentos votaram pelo não. Sim, aqueles que seguiram seus partidos com posição muito clara contra o golpe, mas também os demais que contrariaram por consciência e com conhecimento, as cabalas conspiratórias em que poderiam em que poderiam estar envolvidos e beneficiários e que acabaram formando a bancada de resistência ao golpe e à condenação da nossa democracia ao casuísmo e a redução do nosso país à uma república de bananas.

Todos eles que, ao meu juízo, acabaram votando pelo bem comum, pela justiça e de forma justificada e argumentada serão lembrados  pelo reconhecimento da legitimidade dos 54 milhões de votos, pelo reconhecimento da probidade da presidência e, também, pelo respeito à  legalidade e soberania do voto popular, não aceitando uma eleição indireta para presidente e não assentindo desavergonhadamente à uma traição e uma impostura de quem jurou a Constituição, como a que está sendo promovida pelo vice presidente, pelo seu partido e seus aliados no achaque e butim ao estado brasileiro.


Os 137 não aceitaram nem as ofertas e nem o método proposto do vale tudo pelo poder. E, então, como seria bom um replay daquela votação de tal modo que o povo brasileiro pudesse ver de novo quem são seus representantes, conferir no espelho se é isso mesmo e quem sabe pensar melhor se o recall que precisamos de fato não é também deste congresso, dos seus partidos e de seus representantes. Um replay para vermos o fundo do poço e quem sabe conseguimos erguer no nosso país uma disposição no seu povo de se realizar um reforma política que venha a sepultar todos os elementos negativos, vergonhosos e rebaixados deste acontecimento. 

E um replay seria bom sucessivamente até que se salvasse a democracia das garras destes sujeitos e sujeitas e se desse então maturidade à nossa democracia, com mais democracia e mais exemplaridade para nós e para o mundo.

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