Pensando em Putnam e outros e
comigo mesmo sobre mudanças filosóficas radicais e me defrontando com o valor
inestimável e moral da ousadia filosófica ou teórica.
Só se sabe realmente o quanto um
filósofo é realmente bom quando este é capaz de contradizer, contestar e
corrigir com todo rigor possível e algumas vezes maior ainda sobre suas
próprias idéias, concepções ou posições. O idílio da coerência, o elogio da
caminhada continua e cumulativa de posições afins, os acordos eternos consigo
mesmo e a tal trajetória linear são possibilidades importantes de percurso, mas
talvez não sejam indício de reflexão profunda e radical, debates francos e
abertos com outros e virtudes intelectuais como a honestidade e generosidade
devem estar sendo substituídas aí por um desejo de conforto e pouca disposição
para pensar mais, pensar além e não se fechar em uma cidadela de crenças,
dogmas, medalhas e troféus que amanhã, mais cedo ou mais tarde, serão
suplantados.
Mudanças filosóficas de próprio
punho dão dignidade ao pensamento, mudanças filosóficas por acolhimento ou por
saber reconhecer boas objeções dão grandeza a personagem. E é bem bom que
Putnam tenha deixado está grande lição que é também libertadora e emancipadora
de um pensamento autônomo inclusive contra si mesmo, ainda que em um outro
tempo, em um outro aspecto ou por um outro motivo.
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