Este é um pequeno comentário em
lembranças e memórias que me ocorrem com o falecimento de Ibsen Pinheiro e a
situação do Brasil.Vou postar algo aqui. Porque o buraco é muito mais embaixo
do que a discussão da perseguição injusta que Ibsen sofreu no erro de cálculo
que o jogou no meio do escândalo dos Anões do Orçamento. Tem uma cadeia inteira
de coisas que precisam conspirar para uma injustiça dessas ser cometida. Ou
seja, muita gente deixou passar a denuncia como certa. O próprio Ibsen
representou durante um bom tempo a Resistência ao entreguismo e ao anti
nacionalismo nas hostes do PMDB e dos partidos de centro. O que explica ou a
omissão ou o endosso de seus pares.
Seis anos atrás, um pouco antes
de assumir o Ministério da Educação do Brasil, após convite da Presidente Dilma
Rousseff, na sequência da demissão do Gomes, o Professor de Filosofia Renato
Janine Ribeiro, fez uma postagem em que tratava do ambiente perverso da
política.
Eu fiz um comentário confirnando
a opinião e impressão dele. Eu dizia, com algumas atualizações, veja que com os
níveis de exposição à chantagens, vendettas, canalhices, erros jurídicos e
administrativos, erros de gestão financeira e exposição à perseguições
políticas e jornalisticas possíveis e o vale tudo nas disputas da esfera
política, ser gestor público hoje é mesmo um ALTO RISCO. Principalmente para
quem só quer mesmo trabalhar bem e honestamente, ser absolutamente responsável
por seus atos e contribuir para a melhoria do estado brasileiro no atendimento
às diversas necessidades e demandas estruturais do país. Esse ambiente de risco
é perverso mesmo porque afasta quase que a priori todos que tem conhecimento
das tradicionais conspirações, manobras e equívocos possíveis. É preciso muita
coragem para entrar, muita persistência para se manter e muita sorte e juízo
para sobreviver ao ambiente. Isso inibe qualquer disposição de pessoas
razoáveis a entrar nessa Seara arriscada. Não quer dizer que os que entram não
são razoáveis. Significa apenas que aceitam esse risco, como quem entra numa
roleta russa com muita fé no seu trabalho, estrela e de olho atento ao tambor
do revólver que gira na mesma velocidade que a roda da vida
Eles corajosamente e em muitos
casos cheios de precauções e arranjos de proteção, laços de confiança sólidos e
muita determinação ingressam nesse ambiente.
Quando se expõem a esse risco
todo de cair em vendetas, armadilhas e toda sorte de confusão que não depende
exclusivamente de suas competências, desempenhos e habilidades, fazem uma
aposta pela sociedade e pelo bem dos cidadãos. Sobreviver nesse meio, portanto,
é uma façanha que deve ser muito respeitada dada essa ambiência de disputa
selvagem e também de alta exposição seja aos mal entendidos, seja a má fé, seja
a incompreensão ou também a uma espécie de juízo de expectativas que quer
solução absoluta aos males sociais.
Nesse quadro muita gente boa já
foi massacrada, perseguida e nefastamente atingida pelo interesse de ocasião ou
estratégico que órgãos de comunicação, partidos políticos, camarilhas e
esquemas de elites ou frações organizadas muito poderosas e inescrupulosas. Não
é nada fácil esse ambiente e ele parece estar reproduzindo claramente a dominação
da esfera política pelo interesse econômico maximizado e impositivo.
Poderia dar a lista aqui de como
isso se distribui, numa lógica perversa por partidos e instituições
aparentemente respeitosas, mas deixo para pensarem não em ilações, mas em hipóteses
explicativas alternativas aos problemas que o país enfrenta e não consegue
resolver. E a lista é grande e pode começar pelo esquema de juros bancários
vigente, passar pela justiça desigual e também pela gritante diferença salarial
entre servidores públicos e carreiras públicas, bem como, pela não tributação
de grandes fortunas e também por esse absurdo que é o patrimonialismo
brasileiro dos grandes latifúndios e da falta de terra, moradia e também
dignidade básica da maioria da população brasileira, mesmo num país cujas
riquezas naturais, o clima e todo o território é fértil, produtivo e
praticamente sem par em relação a nenhum outro país do planeta.
Agora, com esse acirramento da
reação das elites brasileiras e de uma classe média com ilusões burguesas e
conservadoras, se assiste ao descalabro da entrega de mais patrimônio nacional
aos interesses adversos a nossa soberania. E isso ocorre com o testemunho do
exército e de partidos cujo interesse nacional não poderia ser negociável ou
transigido jamais.
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