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domingo, 26 de janeiro de 2020

IBSEN PERTENCEU A UMA DIGNA GERAÇÃO QUE LUTOU CONTRA A DITADURA


Por outro lado, podemos deixar esse texto escrito de súbito. Sem problemas. Se for escrever algo mais pensado, sopesado talvez fique muito sério mesmo. Em demasia.

Por exemplo, cito ele no rol dos homens públicos gaúchos de elevado jaez, dos quais posso discordar das ideias, das ações e também de posições, mas devo respeitar eles em muitas coisas.

Chego a imaginar uma prosa entre eles. Alguns do MDB e outro do PT que creio que pertenciam a mesma geração e que cursaram quase todos a Filosofia e o Direito da UFRGS. Ibsen Pinheiro, João Carlos Brum Torres, Rui Carlos Ostermann - meu conterrâneo de São Leopoldo, Marco Aurélio Garcia, Nelson Jobim e talvez mais uns oito que pertenceram todos a geração dos anos 60 na UFRGS e que viram a ditadura militar se agravar com cassação de Professores e líderes políticos e que ajudaram a reconstruir a democracia no Brasil nos anos 80. 

Tive o privilégio de conhecer ou ser aluno de alguns deles e também de assistir ao tipo muito especial de intervenção deles em assuntos públicos ou acadêmicos.

Fui também rever a questão da denúncia que levou a cassação.

Ela exibe o quanto esse tipo de denúncia e também de procedimento deve ser usado com responsabilidade e que provavelmente no Brasil seria necessário se adotar um regime mais rígido nesse e em outros casos.

A atuação política no Brasil é uma atividade de alto risco para todos. E eu não tenho nenhuma convicção de que aquilo que ocorre nos tribunais de contas, assembleias legislativas, câmaras de vereadores e outros foros possa ser chamado de justiça. O denuncismo e essa ótica da suspeita combinado com uma coleção de artifícios casuístas e muito pragmáticos tem causado sérios danos a democracia. Qualquer um de nós se abordar com serenidade e responsabilidade o que tem ocorrido no nosso país sabe que temos mais excessos do que acertos. Prefeitos e prefeitas tem sido cassados injustamente em todo o país. E não há praticamente nenhum regime de correção disso. Tenho dois exemplos no RS. Rita Sanco em Gravataí e o último com o prefeito de Caxias do Sul. No qual, aliás, o MDB teve parte decisiva segundo informações.

Esse tipo processo e vale tudo não começou com Ibsen e nem terminou com Dilma. Desde a ditadura por outros e diversos meios isso tem ocorrido. Ibsen Pinheiro foi uma vítima notável disso, mas teve a grandeza de perdoar publicamente e, na minha opinião de forma sincera, o tal erro de contabilidade da assessoria do José Dirceu que o Zé instrumentalizou e tocou em frente. Só não tenho a fonte e nem a notícia pública aqui em mãos e acessível, mas se não me engano o próprio Zé Dirceu ficou muito arrependido desse episódio.

É uma tristeza esse aspecto e tom acirrado e sectário na política brasileira.

Eu creio que todos os democratas devem refletir seriamente sobre isso e pensar como superar esse quadro. Sei que nos dias de hoje será muito difícil revisar o sistema e atingir um padrão mais elevado em todas as etapas. Mas é necessário, portanto, para começar elevar isso a uma disposição moral e um limite aos políticos, juízes, procuradores, promotores e também na imprensa.

Fui buscar, enfim, um extrato da notícia sobre o caso. Uso aqui, na falta de fazer uma seleção maior de fontes, mas também na certeza de que o que apresento é resumo razoável dos fatos que pode ser encontrada em qualquer lugar hoje. Então, vamos passar para o ALTO RISCO como nosso tema.

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