“O encontro de duas personalidades é como o contato de duas
substâncias químicas: se houver alguma reação, ambas são transformadas.”
Carl Jung
Absolutamente perfeito! Se
entendemos em sentido bem geral é simples, mas especificamente - em situações
especiais e extraordinárias, tem duas ou três coisas adicionais aqui. Ainda que
todos os encontros gerem reações, alguns geram reações maiores e transformações
maiores. Como os elementos químicos, algumas combinações são poderosas e tem
grande potencial, já outras nem tanto. O conceito de personalidade de Jung é
também muito poderoso, no sentido de que duas personalidades são duas pessoas
de grande caráter, capacidade e que tem seu self ou sua personalidade total com
dinâmica articulada e que consegue produzir ações, relações e ideias em relação
ao mundo, às pessoas e aos sistemas de pensamento com alta. O tipo de reação
gerada vai envolver então todas as dimensões das personalidades em jogo, tanto
a consciência, o inconsciente individual, o inconsciente coletivo, quanto a
sombra que contém o desafio moral do indivíduo para o seu desenvolvimento.
Neste sentido a personalidade total que ultrapassa nossa matriz analítica de
pensamento é parte fundamental desta química. Para alguns isso é uma mística.
Eu gosto de dizer que neste caso temos algo que vai para além do verdadeiro e
do falso, mas que assume um caráter quase mágico, mas cuja dependência
fundamental da intencionalidade do individuo - ou dos indivíduos em jogo -
produz o efeito transformador que sempre é visível para aqueles que estão numa
perspectiva de observadores. Aqui eu anoto que talvez uma das mais maravilhosas
conseqüências é que as pessoas ou personalidades sob este efeito transformador
param de fazer mágica somente para si mesmas e é exatamente isto que nos
fascina em algumas pessoas - cujo duplo ou par pode ser revelado ou escondido -
mas que como que desabrocham. Eu não recusaria a hipótese de que muitas acmes filosóficas
foram resultados destes tipos de encontros. Em Sócrates me parece muito
evidente - mesmo com a distância de séculos e com toda a poeira do tempo de
hoje até o século V a.C. - que Xantipa teve o papel transformador. Mas temos
muito mais exemplos. Eu disse uma vez para uma pessoa que eu imaginava que ela
tinha uma chave especial para abrir algo que era muito meu e que seu poder
transformador me atordoava ao ponto de me sentir dependente dela naquela
passagem que vivíamos. Mas é o caso com muitas pessoas e grupos isto também
ocorre quando elas deixam as relações e a criatividade, as possibilidades e
energias fluírem e quando os propósitos comuns são positivos os resultados são
transformadores também. Times, bandas, conjuntos, grupos, entidades,
organizações, partidos e famílias dependem disto e de dar condições para isto.
Eu já tinha escrito sobre esta química específica e quando li tua postagem e
citação me impressionei que Jung também havia expresso algo parecido. Isso é
mais do que perfeito, porque esta combinação também gera resultados superiores,
belos, bons e ótimos.
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