O SONHO DO MARINHEIRO
Essa é a minha vida, pensei. Esse
é o meu lugar, mas algo me atraia em seguida em pensamentos e fantasias recorrentes
após um longo êxtase alcançado. Deixar, ficar, sair e voltar. Nem tive tempo de
me segurar aqui e logo já era a partida.
Amanheceu, a aurora dourava as
cortinas e fazia os vidros das janelas brilharem com reflexos por todo quarto.
Vi meu corpo sobre o leito e voltei aos meus sonhos.
E se foi minha alma para outro
lugar como a névoa dissipada de uma manhã em que os ventos do mar chegam para
me lembrar que o meu lugar não é em terra firme ou no regaço de uma dama, mas
sim no balançar da rede entre uma pilastra e outra de uma caravela. Com uma
garrafa de rum esgotada entre os braços e o negrume da noite a proteger nosso
navegar entre os canhões.
Ainda que tente me agarrar em
terra firme e em teu belo colo manter minha cabeça, nas curvas alvas de tua
pele perder o meu olhar, sob teus braços acalentado e aos cuidados de tuas mãos bem repousado, não fico aqui. O sonho me chama devo voltar ao mar, como aquele homem que encontra um tesouro no deserto, mas
que não possui água para beber e só vai viver se a encontrar. Uma força me impele para longe de tua
suavidade. Do teu tesouro eu sigo o mar de volta.
Penso que sem você não viveria,
mas que sem o mar não acreditaria mais em minha vida e em minha existência,
porque em cada sonho em que eu voltava, era minha vida que eu encontrava.
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