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segunda-feira, 23 de março de 2020

CORONA E HISTÓRIA - DAS NUVENS ÀS PROFECIAS




CORONA E HISTÓRIA - DAS NUVENS ÀS PROFECIAS

Olha, eu não me fiaria nisso de que após esse grande Fenônemo, tudo vai voltar ao normal. Não vejo um céu limpo e cristalino à vista para nós hoje. Eu vejo esse Tsunami chegando - a minha sensação e imagem recorrente de que estou vendo uma onda gigante se aproximar e destruir tudo, não desaparece mesmo.

Essa grande Pandemia Global do Corona Vírus ou Covid 19, não me parece deixar nenhuma ou alguma pequena possibilidade de que tudo vá voltar ao normal ou ser como era antes. Talvez alguns esperem isso mesmo, mas isso é uma ilusão para mim.

Alguns por pessimismo de que o mundo vai continuar exatamente tão desigual e perverso como era antes e que não adianta ter esperanças. E outros de que vão continuar levando a boa vida que levam, apesar de reclamarem e apurrinharem a vida de muitos, seja dominando eles, seja discriminando, seja explorando. O mundo tem sido muito perverso e injusto com milhões de seres humanos e não por acaso, mas por decisão de poderosos e também de humildes que decidem sobre o mal dos próximos ou dos desconhecidos.

É interessante que isto esteja ocorrendo também em tempos dos filmes Bacurau, Parasita e Coringa, em que excluídos, explorados e estigmatizados pela tal sociedade evoluída e institucional se revoltam contra ela. Coringa é um símbolo de um estigma e Joaquin Phoenix usou uma expressão no Oscar que merece ser usada aqui: temos que dar voz aos que não podem falar. Pois esse vírus acaba, com o seu grande impacto, tirando a voz de muitos, mas dando hora e lugar para a voz não da economia, do lucro, da riqueza ou ao sucesso de poucos, mas dando voz a luta pela vida de todos. Como essa equação não tem sido bem feita, parece que ela está sendo imposta pela natureza - alguns diriam que Deus quis assim ou fez assim. Cada um com sua doutrina pode bem entender o que eu digo aqui.

Todos os cenários, modelos e análises, devo registrar, indicam um grande golpe evolutivo e seletivo sobre a nossa espécie e a nossa cultura.

Esse fenômeno tem, portanto, uma grandeza muito superior a Peste Negra na Europa ou a Gripe Espanhola ou a todas as catástrofes que ocorreram desde o início do século vinte pelo mundo. Esse fenômeno tem a grandeza de uma guerra mundial, uma glaciação, um tsunami, um meteoro e/ou um salto evolutivo na espécie. Eu já chamo ele de terceira guerra mundial porque é de fato global e atinge a totalidade dos países e porque requer a mobilização de um grande exército de trabalhadores da saúde, de governos e da iniciativa privada para lhe fazer frente. Além disso, o modo como o processo tem sido recebido com um misto de incredulidade - não pode ser e não é possível - e de pânico - isso é surreal, é um filme de terror ou um grande pesadelo, o que só prova o seu assombro em nós. Esse misto de negação e espanto, cegueira e pânico.

Vejam, não faz muito tempo aqui no Brasil estávamos em uma guerra iminente com ameaças e arroubos e violências de parte de uns e declarações de resistência de outros. De tal modo que estávamos em tempos de guerra e o comportamento litigante, odioso e raivoso, o impulso de haters e outros estava em alto e elevadíssimo grau. Sim, eram os tempos de guerra. E curiosamente também tempos em que – como em toda guerra - mais uma vez a verdade se torna a primeira vítima com a proliferação desavergonhada e na maior cara de pau de Fake News e de militantes de Fake News para derrubar governo, prender e matar pessoas, eleger presidente com mentiras e destruir direitos e o patrimônio público nacional na maior cara de pau e era isso.

Mas esse fenômeno que bota uma Guerra efetiva e real em tela não é de origem política, por mais que tenhamos uma proliferação de teorias de conspiração para todos os gostos, terrores e paranóias, o fenômeno é essencialmente de natureza biológica, tem sua origem biológica, mas tem tal grandeza que - como a AIDS nos anos 80, possui a virtualidade de ter impacto não sobre um segmento ou um tipo de comportamento sexual ou acidental - sexo, uso de drogas injetáveis e transfusão de sangue foram as causas da proliferação da AIDS, o Corona Vírus se dissemina por contato físico cordial ou proximidade, e a deposição do vírus em superfícies as quais se tem contato com as mãos e por transmissão aérea pegando indiscriminadamente quase 80% da população que será sintomática ou assintomática.

O Coronavirus tem pelo seu nível de contágio social ou comunitário consequências culturais sobre todos os segmentos e setores sociais. Não tem muito como fugir dessas consequências também porque provoca isolamento de todos ou da grande maioria, mas também porque parece mudar as formas das relações de confiança e proximidade e, portanto,  as distâncias e os parâmetros de proximidade e confiança entre nós.

Ao ameaçar de colapso os sistemas de saúde, tendo parte da sua letalidade associada ao fato de não ter cura e de também não se ter suficientes equipamentos, recursos humanos, leitos e mesmo sangue para transfusão, como tratar todos para enfrentar seus danos. E isso não é um privilégio de um ou outro país: nenhum país possui os meios para atender a todos os sintomáticos leves ou críticos. A única vantagem possível contra ele que é a prevenção e o isolamento tem sido negligenciada na maior parte dos países pelas razões políticas mais mesquinhas e também por uma certa ganância econômica mais comezinha que é a ganância do curto prazo. Vejo pessoas pensando na feira da semana e esquecendo completamente o resto de suas vidas pela imediatez de continuar como está e “ir levando assim mesmo”. Além disso, temas as pessoas e aqueles países onde a ignorância grassa ou possui algum poder.

Não é pouca coisa mesmo por isso tudo o impacto dele. O fato de se disseminar completamente e globalmente deveria gerar maior percepção nas pessoas, mas tem ocorrido negação dele. Talvez isso seja um fenômeno ao que Freud chamou de impulso de morte ou tanático que veio assaltar de novo O Mal Estar da Civilização ou criar esse mal estar, mas eu percebo algo muito semelhante aquela negação trivial, costumeira, habitual e corrente de muitas pessoas que sabem que devem mudar algo, uma conduta ou tomar uma decisão, mas que não o fazem porque tem estão muito adaptadas a situação que vivem, as condições que vivem e aos seus hábitos e rotinas – por piores que elas sejam aos olhos dos outros – e, então, esse típico e  certo comodismo a uma determinada situação, mantém tudo como está. Se mudar estraga – eles dizem, não pode melhorar eles pensam e assim seguem vivendo mal, se relacionando mal - com as coisas, as gentes e a natureza, e, portanto, fazendo o mal para si mesmo e para os outros.

Porém, é preciso lembrar também que nem sempre as testemunhas da história tem noção ou a dimensão dos fatos que vivem. Já usei esse exemplo em Lula é um gigante. Para mim, porém, a cada dia que passa e que ocorre a evolução dos acontecimentos, e eu sinto que mudamos definitivamente de era histórica ou grande período histórico em dezembro de 2019. E o nome dessa era pouco me importa agora. E quanto mais as pessoas lhe negarem esse estatuto, parece que mais evidente fica que tal tipo de negação é apenas a confissão de um crime, de uma culpa, de uma responsabilidade de todos.

E é uma curiosidade assaz interessante - por falar em responsabilidade de todos, de quase todos ou da maioria - que ele tenha ocorrido justamente no momento em que aqueles que mais defendem o neoliberalismo que é um liberalismo mais radical e individualista, estão no poder no Brasil e nos EUA com uma combinação de ultra direita, fanatismo religioso, militarismo e xenofobia e fascismo.

Deve ser ou parece ser uma resposta da natureza impondo um limite na liquidação de parte da nossa espécie. Tipo assim: agora chega, assim não dá mais!

Ponto Final.

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