CORONA E HISTÓRIA - DAS NUVENS ÀS
PROFECIAS
Olha, eu não me fiaria nisso de
que após esse grande Fenônemo, tudo vai voltar ao normal. Não vejo um céu limpo
e cristalino à vista para nós hoje. Eu vejo esse Tsunami chegando - a minha
sensação e imagem recorrente de que estou vendo uma onda gigante se aproximar e
destruir tudo, não desaparece mesmo.
Essa grande Pandemia Global do
Corona Vírus ou Covid 19, não me parece deixar nenhuma ou alguma pequena
possibilidade de que tudo vá voltar ao normal ou ser como era antes. Talvez
alguns esperem isso mesmo, mas isso é uma ilusão para mim.
Alguns por pessimismo de que o
mundo vai continuar exatamente tão desigual e perverso como era antes e que não
adianta ter esperanças. E outros de que vão continuar levando a boa vida que
levam, apesar de reclamarem e apurrinharem a vida de muitos, seja dominando
eles, seja discriminando, seja explorando. O mundo tem sido muito perverso e
injusto com milhões de seres humanos e não por acaso, mas por decisão de
poderosos e também de humildes que decidem sobre o mal dos próximos ou dos
desconhecidos.
É interessante que isto esteja
ocorrendo também em tempos dos filmes Bacurau, Parasita e Coringa, em que
excluídos, explorados e estigmatizados pela tal sociedade evoluída e
institucional se revoltam contra ela. Coringa é um símbolo de um estigma e
Joaquin Phoenix usou uma expressão no Oscar que merece ser usada aqui: temos
que dar voz aos que não podem falar. Pois esse vírus acaba, com o seu grande
impacto, tirando a voz de muitos, mas dando hora e lugar para a voz não da
economia, do lucro, da riqueza ou ao sucesso de poucos, mas dando voz a luta
pela vida de todos. Como essa equação não tem sido bem feita, parece que ela
está sendo imposta pela natureza - alguns diriam que Deus quis assim ou fez
assim. Cada um com sua doutrina pode bem entender o que eu digo aqui.
Todos os cenários, modelos e
análises, devo registrar, indicam um grande golpe evolutivo e seletivo sobre a
nossa espécie e a nossa cultura.
Esse fenômeno tem, portanto, uma
grandeza muito superior a Peste Negra na Europa ou a Gripe Espanhola ou a todas
as catástrofes que ocorreram desde o início do século vinte pelo mundo. Esse
fenômeno tem a grandeza de uma guerra mundial, uma glaciação, um tsunami, um
meteoro e/ou um salto evolutivo na espécie. Eu já chamo ele de terceira guerra
mundial porque é de fato global e atinge a totalidade dos países e porque
requer a mobilização de um grande exército de trabalhadores da saúde, de
governos e da iniciativa privada para lhe fazer frente. Além disso, o modo como
o processo tem sido recebido com um misto de incredulidade - não pode ser e não
é possível - e de pânico - isso é surreal, é um filme de terror ou um grande
pesadelo, o que só prova o seu assombro em nós. Esse misto de negação e
espanto, cegueira e pânico.
Vejam, não faz muito tempo aqui
no Brasil estávamos em uma guerra iminente com ameaças e arroubos e violências
de parte de uns e declarações de resistência de outros. De tal modo que
estávamos em tempos de guerra e o comportamento litigante, odioso e raivoso, o
impulso de haters e outros estava em alto e elevadíssimo grau. Sim, eram os tempos
de guerra. E curiosamente também tempos em que – como em toda guerra - mais uma
vez a verdade se torna a primeira vítima com a proliferação desavergonhada e na
maior cara de pau de Fake News e de militantes de Fake News para derrubar
governo, prender e matar pessoas, eleger presidente com mentiras e destruir
direitos e o patrimônio público nacional na maior cara de pau e era isso.
Mas esse fenômeno que bota uma
Guerra efetiva e real em tela não é de origem política, por mais que tenhamos
uma proliferação de teorias de conspiração para todos os gostos, terrores e
paranóias, o fenômeno é essencialmente de natureza biológica, tem sua origem
biológica, mas tem tal grandeza que - como a AIDS nos anos 80, possui a
virtualidade de ter impacto não sobre um segmento ou um tipo de comportamento
sexual ou acidental - sexo, uso de drogas injetáveis e transfusão de sangue
foram as causas da proliferação da AIDS, o Corona Vírus se dissemina por
contato físico cordial ou proximidade, e a deposição do vírus em superfícies as
quais se tem contato com as mãos e por transmissão aérea pegando
indiscriminadamente quase 80% da população que será sintomática ou
assintomática.
O Coronavirus tem pelo seu nível
de contágio social ou comunitário consequências culturais sobre todos os
segmentos e setores sociais. Não tem muito como fugir dessas consequências
também porque provoca isolamento de todos ou da grande maioria, mas também
porque parece mudar as formas das relações de confiança e proximidade e, portanto,
as distâncias e os parâmetros de
proximidade e confiança entre nós.
Ao ameaçar de colapso os sistemas
de saúde, tendo parte da sua letalidade associada ao fato de não ter cura e de
também não se ter suficientes equipamentos, recursos humanos, leitos e mesmo
sangue para transfusão, como tratar todos para enfrentar seus danos. E isso não
é um privilégio de um ou outro país: nenhum país possui os meios para atender a
todos os sintomáticos leves ou críticos. A única vantagem possível contra ele
que é a prevenção e o isolamento tem sido negligenciada na maior parte dos
países pelas razões políticas mais mesquinhas e também por uma certa ganância
econômica mais comezinha que é a ganância do curto prazo. Vejo pessoas pensando
na feira da semana e esquecendo completamente o resto de suas vidas pela
imediatez de continuar como está e “ir levando assim mesmo”. Além disso, temas
as pessoas e aqueles países onde a ignorância grassa ou possui algum poder.
Não é pouca coisa mesmo por isso
tudo o impacto dele. O fato de se disseminar completamente e globalmente
deveria gerar maior percepção nas pessoas, mas tem ocorrido negação dele.
Talvez isso seja um fenômeno ao que Freud chamou de impulso de morte ou
tanático que veio assaltar de novo O Mal Estar da Civilização ou criar esse mal
estar, mas eu percebo algo muito semelhante aquela negação trivial, costumeira,
habitual e corrente de muitas pessoas que sabem que devem mudar algo, uma
conduta ou tomar uma decisão, mas que não o fazem porque tem estão muito adaptadas
a situação que vivem, as condições que vivem e aos seus hábitos e rotinas – por
piores que elas sejam aos olhos dos outros – e, então, esse típico e certo comodismo a uma determinada situação,
mantém tudo como está. Se mudar estraga – eles dizem, não pode melhorar eles
pensam e assim seguem vivendo mal, se relacionando mal - com as coisas, as
gentes e a natureza, e, portanto, fazendo o mal para si mesmo e para os outros.
Porém, é preciso lembrar também
que nem sempre as testemunhas da história tem noção ou a dimensão dos fatos que
vivem. Já usei esse exemplo em Lula é um gigante. Para mim, porém, a cada dia
que passa e que ocorre a evolução dos acontecimentos, e eu sinto que mudamos
definitivamente de era histórica ou grande período histórico em dezembro de
2019. E o nome dessa era pouco me importa agora. E quanto mais as pessoas lhe
negarem esse estatuto, parece que mais evidente fica que tal tipo de negação é
apenas a confissão de um crime, de uma culpa, de uma responsabilidade de todos.
E é uma curiosidade assaz
interessante - por falar em responsabilidade de todos, de quase todos ou da
maioria - que ele tenha ocorrido justamente no momento em que aqueles que mais
defendem o neoliberalismo que é um liberalismo mais radical e individualista,
estão no poder no Brasil e nos EUA com uma combinação de ultra direita,
fanatismo religioso, militarismo e xenofobia e fascismo.
Deve ser ou parece ser uma
resposta da natureza impondo um limite na liquidação de parte da nossa espécie.
Tipo assim: agora chega, assim não dá mais!
Ponto Final.
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