NOTAS
E DISPERSÕES: 10 DE JANEIRO DE 2017
"Pegue
o seu coração partido e transforme-o em arte." Meryl Streep
E
a chuva começa para molhar minhas ideias. 
Nenhuma
gota cai em vão. 
Entre
ponto e outro, vejo um texto sendo preenchido, só meu. 
Plano
sequência. 
Um
homem se desprende da multidão e começa a caminhar até sair da
cidade. 
Pega
uma carona no caminhão dos sonhos. 
Chega
ao sopé da montanha da vida e uma alcatéia o recebe uivando
desconfiada do estranho. 
Sobre
o impulso incontido ao deboche com a morte de Bauman. 
Mentalidade
de liquidação. 
Mentalidade
de liquidação: Tudo vale menos. 
O
trabalho vale menos. 
A
vida vale menos. 
O
pensamento vale nada. 
E
as palavras são sem valor, sem medida e dignidade. 
Para
algumas pessoas não basta receber privilégios, pois é preciso
também tripudiar e diminuir aqueles que não recebem. 
Assim
vemos os bafejados pela sorte tripudiando o azar alheio. 
Como
vemos também os exploradores tripudiando aos explorados. 
Como
vemos a colheita sendo feita por quem não plantou. 
Assim
caminha a humanidade num ciclo de luta, conquista e revolta. 
Trabalho,
renda e desigualdade. 
Isso
não é um drama, não é ficção, não é um teatro. 
A
luta pela vida não se encena, se vive...Não é um discurso. 
E
realmente impressionado com a cara de pau dos privilegiados. 
Já
vi caírem por falta de mérito e ficarem em pé sem caráter.
Deve
mesmo ser uma proeza seguir a vida sem se beneficiar ou assinar isto.
E
vemos que para fazer isto temos só duas opções: o silêncio e a
revolta. 
Qual
é a escolha digna? 
A
mesma chuva que lava a nossa alma pode nos tirar a vida. 
A
mesma luta que nos liberta pode também nos aprisionar. 
Até
mesmo fora da caverna de Platão pode haver uma caverna maior nos
envolvendo. 
Mundo
duplicado. 
Bauman
e o ganha ou perde entre liberdade e segurança. 
Ao
par revolta e silêncio vale a mesma regra. 
A
terra geme com os passos de todos nós. 
E
os canhões e trovões anunciam do que se trata. 
Adeus
às velhas armas. 
No
crepúsculo é preciso olhar para o lado certo. 
Não
há luz no passado. 
A
repetição é uma farsa. 
Precisamos
nos libertar do passado para tornar um futuro viável. 
E
é preciso pagar a passagem para que isto seja possível. 
Entre
a pílula azul e a pílula vermelha se faz uma escolha definitiva. 
Ou
tudo fica como está ou tudo muda realmente. 
O
primata que imaginou um outro mundo e uma outra vida olhando para a
lua, olha agora para o céu pensando que depois da chuva... 
A
filosofia mais barata há de custar muito mais caro. 
Não
existe uma mágica que garanta êxito com ideias podres. 
Não
dura muito... 
Num
mundo paralelo de ilusões e fantasias isto pode dar certo, mas na
vida real este logro é prejuízo. 
Fazer
o tema de casa não basta, é preciso comparecer à aula. 
Afinal,
é após o sermão da montanha, boa caminhada, que se faz a
distribuição dos pães, e da água, um bom vinho. 
Como
é bom acordar com o dia resolvido em sua cabeça. 
Sabendo
que a chuva não pede licença para vir, que não dá para parar o
sol. 
E
insônia passou a ser revelação. 
Reflexão
e mística dão licença para a praxis. 
Não
idéias perfeitas e nem redenção, mas a vida. 
Preciso
passar ali e deixar a chave daquela porta para seguir caminho.
Nem
sempre as nossas conquistas coletivas nos pertencem ou nos
contemplam. 
Não
há problema algum com você. 
Todo
o teu medo, toda tua mágoa e insegurança se dissipam e você
descobre que foi só isso. 
Foi
só um sentimento e a realidade era outra. 
O
que deve te guiar aqui? 
Quando
for capaz de responder a isto... 
Boas
razões são bem vindas e só serão encontradas com muito rigor e
precisão. 
Deixe
a queixa e o desdém para quem não sabe. 
Chuva,
banho, chuva e banho. 
Gotas
caem sobre minhas ideias. 
Valeu
Bauman! 
Zé
Ramalho - é aquela que fere, que virá mais tranquila... 

 
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