Veja meu caro que não é indício
de sabedoria nem de racionalidade fazer a coisa certa da forma errada. Por isso,
se tua proposta é realmente boa decline de toda alternativa ou metodologia que envolva
impor ela ao demais, seja por necessidade e urgência seja por necessidade de mostrar
força ou exibir ou aumentar tua autoridade. Se você quer de fato obter êxito em
teu intento cuida mais disto. Pois você nunca
conseguirá ser compreendido se proceder assim de maneira torta ou aos vacilos com
algo que deve ser reto e seguro. Se você está respondendo a uma necessidade muito
importante, mas criando uma desmedida para satisfazer sua ambição e urgência ao
mesmo tempo, vais te dar muito mal e não vai obter a metade do resultado
almejado. E perceba meu amigo ou amiga que quando isso depende dos demais, quando
isso depende do juízo e da recepção dos demais, se estais enfiando goela abaixo
aquilo que tem valor e que mereceria mais mediação para ter sua dignidade
preservada, então você está cometendo um erro grave que põe a perder toda a qualidade de teu nobre
objetivo. É preciso convir que o método não é somente uma questão epistêmica –
que garante reconhecimento e entendimento – mas é também uma questão
essencialmente política – que pode garantir aceitação, adesão e não resistência
e rejeição. Então, se a medida, proposta ou projeto é realmente bom e
importante, razoável e adequada, não destrua ela adotando a imposição como quem
exibe seu poder – por insegurança – ou exige pressa, por um sentido de urgência
que é direcionado somente por ansiedade, angustia e não sabedoria ou juízo.
Obs.: Não vou referir aqui o
contexto crítico e original desta fala. Meus colegas educadores, sindicalistas
e militantes de esquerda sabem exatamente disto, ainda que alguns esqueçam isso,
em determinados contextos e situações. Porém, creio que é fundamental a adoção
do método correto e creio que quanto mais importante a medida ou proposta, mais
se exige dela o bom método. Quando isso envolve compreensão, colaboração e
engajamento das pessoas, então é bom dialogar, tergiversar e conceder não só
voz, mas incidência das pessoas na formatação do projeto e no processo de concepção,
elaboração e finalização. Quando a gente sabe que a democracia é o melhor
método de tomada de decisão mesmo, não existe razão para jogar no segredo, no
sigilo e no fundo de uma sala a esfera de decisão. O poder não é um atributo
pessoal, mas relacional. E todo aquele que sabe disso evita ao máximo atribuir
a si mesmo tal atributo. Isso pode lhe ser conferido, pode lhe ser entregue,
mas está todo dia sendo renovado e autorizado pelo método e pelas medidas que
se toma.
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