O texto de Rafael Galvão - veja o link ao blog dele ao lado a sua direita - Do Esquecimento é um daqueles textos que eu gostaria de ter escrito. E por diversos motivos não escrevi. Entre estes é porque ainda estou pensando sobre isto. Mas dá para dar uma palhinha sobre algo relativo a isto.
A pergunta chave para mim - que talvez não seja chave de coisa alguma e assim devo dizer ou a pergunta com a qual eu gostaria de começar é a seguinte: Quem lembrará de nós, dos nossos esforços daqui a alguns anos?
E a resposta é: Ninguém!
Nossos nomes serão completamente esquecidos, por mais que a gente faça força para deixar aquilo que o meu pai chamava de marquinha no mundo, as marquinhas dos outros que vierem depois de nós certamente as encobrirão. Mas, então, porque todo este esforço esta luta por reconhecimento? Esta necessidade de ser alguém parece ser orientada por aquilo que Heidegger chamou de impulso para a criação de um sentido na vida ou da vida que em cada um e nós se manifesta e em outros se realiza.
Mas, de fato, nossa finitude é superior a todos os nossos registros serenos. Seremos encobertos por outros sentidos. Coisas que eu digo aqui podem inclusive não terem significado algum para meus pósteros.
Tenho esta sensação frequentemente de que a perenidade de alguns textos filosóficos, por exemplo, é obra de um milagre. De que parece que alguns textos carregam consigo uma aura de significado que os recolocam com sentido e desafiam ao intérprete de qualquer tempo. Mas eles não reapresentam sujeito algum com isso não. Aristóteles, a pessoa de Aristóteles não está viva ali naquelas palavras. Por mais que nós, por um hábito reverencial até nos maravilhamos ao ler certos autores e a reconhecer traços dos seus caráteres em suas páginas, não sabemos de fato nada muito claro sobre quem eles são ou foram. Como tratavam suas mulheres ou como criaram seus filhos e filhas.
Se você já leu As confissões de Santo Agostinho talvez esteja pensando claramente em me refutar. Mas é pouca coisa em muitas histórias.
Leiam lá no Rafael Galvão - vamos continuar com isso depois.
MAFALDA "Justo a mim coube ser eu."
Esta é uma declaração de fatalidade?
Uma exclamação de espanto?
A autoconsciência transcendental de uma personagem em quadrinhos?
Ou a ironia fina do eu consigo mesmo?
E Descartes repousa com seu eu no fundo de uma cova rasa e na lembrança de suas palavras.
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