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sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

O FOGO E A LENHA

 

O FOGO E A LENHA



 


Plutarco saca aqui duas grandes linhas ou estilos de pensamento.

 

A metáfora não exige uma grande explicação. Me interessa apenas sugerir a exploração do que talvez seja uma falsa dicotomia, desde que não se esteja disposto a sentar em um extremo ou outro dessa diferença e julgar que a partir dali tudo mais é desprezível.

 

Muitos filósofos e filósofas podem ser considerados como sistemáticos ou cumulativos e é assim também na ciências e nas artes. Não há neles algo como um brilho de gênio ou uma faísca ou raio mágico do pensamento. Eles acumulam conhecimento, organizam, introduzem e fazem quase algo como um jornalismo engenhoso do pensamento. A originalidade deles aparece nos detalhes e aqui e ali, num ponto ou outro percebemos algo notável. Muitas vezes é preciso se dar ao trabalho de compreender o ponto de vista deles, seus métodos e estilos e comparar a outros de seu tempo para perceber ou apreender algo realmente importante.

 

Outros filósofos e filósofas tem um gênio mais surpreendente. Percebemos a chama prometeica da sua sabedoria num pequeno fragmento de texto, em um aforismo ou nas primeiras linhas de seus textos. Em geral, são esses que despertam paixões, adesões mais duradouras e também dão mais prazer na leitura e geram uma cadeia de descobertas e surpresas quase incessante. Eles tem essa chama da qual fala Plutarco e são notáveis de forma até escandalosa. Não raramente participam de grandes controvérsias, enfrentam as tradições consolidadas e as autoridades de muitos domínios, mas, o que me parece mais importante geram em nós a espécie de espírito de liberdade e impulso para topar certas paradas e não deixar assim.

 

Porém, me parece um bom desafio compreender a ambos. E eu recomendaria ver como alguns filósofos ou pensadores transitam de um extremo ao outro em suas obras. Porque parte dessa dicotomia me parece estar ligada tanto ao próprio estilo, mas também em um modo de se enfrentar os demais pensadores/as.

 

É evidente  que todos que se apaixonam pelos incendiários brilhantes e geniais tem pouca paciência para aqueles que são acumuladores e ruminantes quase infinitos. Mas a fagulha depende da lenha para gerar um grande incêndio.

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