O AFFAIR DERRIDA COM ALGUNS FILÓSOFOS DE CAMBRIDGE: TODOS
ESCREVEM
Vivos escrevem.
Mortos escrevem.
Todos escrevem.
Esse poderia ser um silogismo
derridiano para tratar do mundo intelectual e das disputas infinitas sobre quem
faz filosofia de verdade ou quem atravessa as linhas de fronteira porque tem orientação
equivocada ou um método equivocado de pensamento.
Uma das maiores surpresas que eu
tive nos primeiros e nos últimos anos foi que no mais das vezes as coisas não
são tão simples assim ou que o buraco é sempre mais embaixo. Eu fui constatar
que muitos filósofos tratados como marginais ou até mesmo pseudo filósofos
pelos porteiros de entrada de muitas academias de filosofia, aqueles que fazem
a conferência ou o reconhecimento de certas credenciais, ou aqueles que fazem a
seleção crítica e criteriosa do que é filosofia e quem são os filósofos legíveis,
validáveis e recomendáveis.
Por outro lado, a presunção que
alguns tem de que os que escrevem ou pensam ou que expressam um pouco mais
detidamente suas posições, não tem juízo ou responsabilidade é para mim somente
uma demonstração a mais de o quanto as pessoas não querem vencer as primeiras páginas
dos livros, as primeiras camadas dos fatos e as meras aparências.
Devo ser respeitoso, contudo, mas
isso não me impõe aceitar toda negação fácil como refutação ou toda acusação
como verdadeira. Seria muito bom que fossemos todos verdadeiros, sábios justos
e honestos, mas às vezes parecem que só os outros precisam pensar e para alguns
resta apenas concordar ou não...
Mas veja, sou levado a crer que não
é indício de sabedoria nem de racionalidade fazer a coisa certa da forma
errada. Isto é, a crítica é uma tarefa permanente da filosofia, mas não há uma
lata de lixo da filosofia onde será depositado aquilo que você criticar.
Você nunca conseguirá ser
compreendido se proceder assim, pelo menos não será compreendido e nem
contribuirá para a compreensão.
Você está respondendo apenas a
uma necessidade própria criando uma desmedida para satisfazer sua ambição e
urgência ao mesmo tempo. No confronto com a realidade a tua crítica será
provada, mas a prova não virá rapidamente ou imediatamente.
Veja que quando isso depende dos
demais, estais enfiando goela abaixo aquilo que tem valor e que mereceria mais
mediação para ter sua dignidade preservada na crítica. Então, o método não é
somente uma questão epistêmica é também uma questão essencialmente política,
ética e moral.
Uma das coisas que eu mais gostei
nas minhas leituras ligeiras do Derrida foi que ele usa essa abordagem chamada
desconstrução para apontar aos limites da contradição daquilo que a gente chama
de sentido e também da nossa lógica binária ou classificatória. Ele estica e
abre o arco de interpretação do sentido, tanto no tempo quanto em relação a
identidade e a intencionalidade do pensamento que é singular em uma escola ou
filósofo.
Dando uma olhada nisso de novo
pensei em coisas do seguinte tipo: Será que essa insuficiência não é produto de
uma negação ao modo de um mecanismo de defesa ou estratégia inconsciente de
boicote do outro e de auto sabotagem?
Eu tenho designado isso, a partir
de experiências políticas com o poder e a autoridade, como uma espécie de paranoia
de controle. Trata-se de uma espécie de patologia intelectual e política muito
comum que parece ser movida por um temor de perder o controle, as fronteiras e
as distinções rigorosas.
Usamos uma lógica rígida para o
outro e uma lógica alargada para a gente, digamos assim.
Acredito que o que esses
camaradas acabaram fazendo com Derrida não passa de uma Patafisica. Como consta
na Wikipedia a patafísica, definida como a "ciência das soluções
imaginárias e das leis que regulam as exceções", foi criada pelo
dramaturgo francês Alfred Jarry, escritor, morto em 1907, autor de obras como
Ubu Rei e Dr Faustroll.
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