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sexta-feira, 14 de maio de 2021

O AFFAIR DERRIDA COM ALGUNS FILÓSOFOS DE CAMBRIDGE: TODOS ESCREVEM

 

O AFFAIR DERRIDA COM ALGUNS FILÓSOFOS DE CAMBRIDGE: TODOS ESCREVEM

Vivos escrevem.

Mortos escrevem.

Todos escrevem.

Esse poderia ser um silogismo derridiano para tratar do mundo intelectual e das disputas infinitas sobre quem faz filosofia de verdade ou quem atravessa as linhas de fronteira porque tem orientação equivocada ou um método equivocado de pensamento.  

Uma das maiores surpresas que eu tive nos primeiros e nos últimos anos foi que no mais das vezes as coisas não são tão simples assim ou que o buraco é sempre mais embaixo. Eu fui constatar que muitos filósofos tratados como marginais ou até mesmo pseudo filósofos pelos porteiros de entrada de muitas academias de filosofia, aqueles que fazem a conferência ou o reconhecimento de certas credenciais, ou aqueles que fazem a seleção crítica e criteriosa do que é filosofia e quem são os filósofos legíveis, validáveis e recomendáveis.

Por outro lado, a presunção que alguns tem de que os que escrevem ou pensam ou que expressam um pouco mais detidamente suas posições, não tem juízo ou responsabilidade é para mim somente uma demonstração a mais de o quanto as pessoas não querem vencer as primeiras páginas dos livros, as primeiras camadas dos fatos e as meras aparências.

Devo ser respeitoso, contudo, mas isso não me impõe aceitar toda negação fácil como refutação ou toda acusação como verdadeira. Seria muito bom que fossemos todos verdadeiros, sábios justos e honestos, mas às vezes parecem que só os outros precisam pensar e para alguns resta apenas concordar ou não...

Mas veja, sou levado a crer que não é indício de sabedoria nem de racionalidade fazer a coisa certa da forma errada. Isto é, a crítica é uma tarefa permanente da filosofia, mas não há uma lata de lixo da filosofia onde será depositado aquilo que você criticar.  

Você nunca conseguirá ser compreendido se proceder assim, pelo menos não será compreendido e nem contribuirá para a compreensão.

Você está respondendo apenas a uma necessidade própria criando uma desmedida para satisfazer sua ambição e urgência ao mesmo tempo. No confronto com a realidade a tua crítica será provada, mas a prova não virá rapidamente ou imediatamente.

Veja que quando isso depende dos demais, estais enfiando goela abaixo aquilo que tem valor e que mereceria mais mediação para ter sua dignidade preservada na crítica. Então, o método não é somente uma questão epistêmica é também uma questão essencialmente política, ética e moral.

Uma das coisas que eu mais gostei nas minhas leituras ligeiras do Derrida foi que ele usa essa abordagem chamada desconstrução para apontar aos limites da contradição daquilo que a gente chama de sentido e também da nossa lógica binária ou classificatória. Ele estica e abre o arco de interpretação do sentido, tanto no tempo quanto em relação a identidade e a intencionalidade do pensamento que é singular em uma escola ou filósofo.

Dando uma olhada nisso de novo pensei em coisas do seguinte tipo: Será que essa insuficiência não é produto de uma negação ao modo de um mecanismo de defesa ou estratégia inconsciente de boicote do outro e de auto sabotagem?

Eu tenho designado isso, a partir de experiências políticas com o poder e a autoridade, como uma espécie de paranoia de controle. Trata-se de uma espécie de patologia intelectual e política muito comum que parece ser movida por um temor de perder o controle, as fronteiras e as distinções rigorosas.  

Usamos uma lógica rígida para o outro e uma lógica alargada para a gente, digamos assim.

Acredito que o que esses camaradas acabaram fazendo com Derrida não passa de uma Patafisica. Como consta na Wikipedia a patafísica, definida como a "ciência das soluções imaginárias e das leis que regulam as exceções", foi criada pelo dramaturgo francês Alfred Jarry, escritor, morto em 1907, autor de obras como Ubu Rei e Dr Faustroll.

     

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