Fico pensando muito tempo nestas coisas, por exemplo, no fato
de que alguns canalhas precisam sempre de outras vantagens para fazer aquilo
que é o certo e indubitável para o bem do Brasil.
O mensalão ou coisa que o valha ou semelhante a ele é só a
pontinha da desfaçatez que são as vantagens exigidas pela maior parte dos
políticos – e de muitos cidadãos - para fazer o certo, votar o certo e apoiarem
aquilo que é necessário.
Isso é ruim? Muito ruim. Mas é isto exatamente o que a casa
oferece para qualquer partido no Brasil hoje.
Me deu um alento – e alento não é conforto nem uma serena
tranquilidade - saber que o próprio Lincoln teve que pagar para a canalha e
dispor de cargos e posições para conseguir abolir a escravidão nos EUA até
1865. Pelo menos formalmente, porque
sabemos que levaram mais 100 anos para que isso de fato ocorresse com o fim da
discriminação racial, a abolição do Apartheid várias outras medidas. Mas é bom
anotar aqui que estas mudanças não se deram sem lutas.
No Brasil, na minha opinião, vale o paralelo em relação a
pobreza. Senão me digam qual foi o governo na história deste pais que dedicou
esforços, recursos e programas para atacar isto? E como este governo conseguiu
reeleger seu presidente e reeleger sua sucessora?
Mas creio que é um bom exercício para todos nós ainda que
cada um pense por si mesmo sobre isto. Mas pense mais sobre isto. Nenhuma brasileiro
é obrigado a ter filiação partidária, mas todos nós sabemos que precisamos de
partidos mais fortes e de lideranças melhores. Eu perguntaria em, que mesmo que
a mídia nacional tem ajudado nesta seletiva? Vejo aqui pelo Rio Grande do Sul
mesmo. Todo gaúcho sabe ou deveria saber que a grande imprensa e televisão, que
os herdeiros do monopólio dos meios de comunicação local incidem sobre as
escolhas do povo. Como é isto nos demais estados do Brasil?
Eu ficaria muito mais feliz e escreveria textos bem mais
agradáveis se antes de eleger senadores e deputados que fazem uma força
desgraçada para apoiar o fim da miséria e o fim da pobreza, o povo elegesse
senadores e deputados que simplesmente estivessem dispostos a fazer o que é
correto.
As vezes me dou conta de algo parecido com isto: eles
elegem toda semana o maior problema do Brasil da hora. Eles, o povo da
moralidade e dos senso comum nacional, a classe media que lê o mundo através de
articulistas e jornalistas que são uma piada, ficam correntemente vexados co0m
o cenário político e seus personagens. Mas eles não fazem política, não assumem
nenhuma responsabilidade pública, fazem como os republicanos atuais nos EUA
pagam seus impostos se forem obrigados, reclamam do alto custo deles e pedem
para o governo não se meter nas ações morais cotidianas deles.
E Renan Calheiros é isso: o maior problema do Brasil!!! E
assim tudo se passa como se o problema só ganhasse existência agora. Porqie ele
é somente mais um biombo para atacar o PT. Bem, eu creio que não foi o PT que
deu sobrevida a Renan Calheiros, nem foi o PT que o elegeu nestes últimos 47
anos. E assim como com ele vale com muitos outros. Ou alguém acha que o PT pode
governar o Brasil, sem senadores e deputados, sem estes partidos que ai estão,
solito no más?
Postei estes dias no meu Blog e em uma comunidade do PT o
discurso de Posse do LULA em 2003 e aquela avaliação do João Sicsú que foi
colocada aqui no Blog do Nassif.
Para que os companheiros que também estão descontentes como
Renan Calheiros dessem uma avaliada nos resultados gerais e no que falta fazer.
Avaliar porque a luta continua e não cério que devamos recuar, recolher
bandeiras e abandonar esta caminhada difícil e dura para fazer o que fazemos.
Porque para mim é muito duro a gente mudar a vida de milhões
de brasileiros e mudar de forma profunda e radical e as pessoas ficarem
discutindo de um ponto de vista moralista se o Sarney, o Renan ou o Collor são
amigos ou inimigos. Eu jamais recusaria apoio – e nenhum partido no Brasil se
mantem recusando apoio ou adesões, recusando alianças, acordos e pactos, ou
impondo somente seus interesses e programas. E teve um dia – lá atrás – bem
antes da famosas CARTA AOS BRASILEIROS em que a gente teve que desistir de
ficar posando de salvação do Brasil e conquistar o poder aqui.
E tudo que tem acontecido desde lá está nesta lógica com o
firme objetivo de mudar a vida das pessoas.
NÃO É A REVOLUÇÃO, não é mesmo e também NÃO É A MORALIDADE
que a gente gostaria, mas é o nosso governo, é o governo do PT sim, e um
governo que fez, tem feito e fará mais bem para o nosso povo brasileiro.
E isto está dando muito certo, muito certo mesmo, sob
qualquer parâmetro real de avaliação.
O problema para mim não são as más companhias. Ao contrário
do que diz uma figura extremamente respeitada no Partido, e que também teve que
suportar a pressão, a campanha e o ataque impiedoso da mídia, de alguns aliados
e de muitos adversários poderosos na época. Vale revisitar aqui o governo
Olívio Dutra no Rio Grande do Sul. Pois foi um belo governo onde as companhias
faltaram.
Sempre haverão más companhias para bons e ótimos governos, e
não temos que ter ilusão para isto não, nem construir um sonho ou um conto de
fadas, inclusive dentro do PT mesmo. Não somos perfeitos, não somos infalíveis,
não somos angelicais, mas temos propostas políticas ali onde muitos calam,
temos discursos com soluções e programas ali onde muitos apostam na recessão,
no deficit zero ou nas medidas de diminuição, extinção e eliminação do estado.
Sim, porque este é outro debate que deveríamos tratar aqui. Há uma ideologia
por trás desta crítica geral ao PT que no fundo quer extinguir o estado. Eu não
digo isto desconhecendo a tremenda e grave pressão das corporações pro mais
ganhos e rendas – inclusive a exemplar e muito moral corporação incrustrada no
judiciário. Os donos do poder não são personas escondidas, tem visibilidade e
prestígio e são bem reconhecíveis. Suas gerações, seus nomes e sobrenomes são
bem conhecidos em todos os rincões deste país.
O único problema com as boas companhias é para que e o que você
faz com o apoio delas. Se me dissessem que era para
fazer isto tudo que fizemos eu aceitaria de novo e de novo e de novo.
Ou alguém prefere ficar assistindo
o PSDB governar, o PMDB governar sozinho ou o PP governar, porque tem aversão a
corruptos? Porque tem aversão a política?
Também tenho aversão à corrupção e
não há nada que me deixa mais furioso é ver entre nós companheiros e
companheiras alguém em qualquer desvio de conduta. Isso inclui o palito abandonado
na repartição ou a dedicação diária a assuntos pessoais ou interesses pessoais.
Mas, os nosso aliados, nós não
pedimos para eles serem como nós.
Nós pedimos para eles nos apoiarem
e eles estão nos apoiando mais e às vezes nos compreendendo mais do que muitos
que começaram esta caminhada com a gente.
E quem bater em mim pelo que eu
digo que faça melhor, faça mais e lute muito mais. Se eleja e faça muito
melhor.Mas conquiste o poder e faça mudanças, não meras acomodações e
adaptações.
Pois, então eu prefiro o Renan Calheiros do que muitos
outros e suas batinas e sandálias franciscanas. Sempre lembro quando discuto
política o quanto as aparências enganam e o quanto elas não enganam não – para
fazer aqui um trocadilho e me lembrar da querida Elis.
Lembro daquela cena do Poderoso Chefão, em que Michael está na
Itália., na Sicilia e quando o assassino e seu auxiliar estão vestidos de
padres. É assim que eu olho para alguns destes anjos: assassinos vestidos de
padres. Eu passo. Ou seja não aposto nenhuma ficha da política nacional nestes
caras.
Nós já tivemos posição de correntes internas no PT sobre o
Senado.
E eu ainda tenho a mesma posição que é contrária a
existência do senado.
Porque é uma espécie de câmara moderadora e bem
conservadora. Veja bem o perfil dos senadores.
Em qualquer hipótese ou crivo de análise representam o
passado do Brasil e as políticas do passado - justamente aquilo do que devemos
nos afastar o mais rapidamente possível, não para negar, mas para dar um passo
adiante.
Renan foi eleito por 70% destes caras. E não dou a mínima
se tem ou não gente do PT lá – todos os senadores que lá estão, na minha
opinião seriam melhores deputados. Tivemso um candidato do PT ao senado aqui no
Rio Grande do Sul que chegou a discutir isto em campanha. O Miguel
ROSSETTO parecia que queria ir para lá para explodir aquilo lá. E não deu, não
se elegeu. Venceu esse Senador chamado Pedro Simon.
Então, RENAN é bem representativo deles todos e é o líder
deles. Eu fico muito i8ntrigado com o PMDB nacional e o local. Tem um debate
interessante que foi feito aqui no Rio Grande do Sul sobre a ÉTICA ABAIXO OU
ACIMA DO MAPITUBA ser diferente no período dos escândalos do Governo Yeda.
É muita ingenuidade nós querermos que a Dilma peite isto e
dissolva estes senadores, seus partidos e seus poderes.
Nós não queremos ter poder absoluto em coisa nenhuma e não
foi para isto que construímos o PT. Ao contrário, na nossa gênese somos contra
os partidos únicos e contra também os modelos stalinistas de formação política.
Isto está na nossa história lá atrás no final dos anos 70, quando os primeiros
militantes comunistas e socialistas optaram por se juntar aos estudantes,
trabalhadores e comunidades eclesiais de base para formar o PT.
Eu era estudante e tinha uma suave formação marxista e
trotskista, e, como muitos, era contrário a este modelo de partido único e
também muito crítico ao personalismo.
Na minha modesta opinião fraqueza geral é um partido que
não consegue implementar o seu projeto e nós estamos dez anos fazendo justamente
isto: implementando o projeto que em linhas gerais construímos em 22 anos de
militância e gestões.
O povo é soberano e ao eleger as pessoas que elege, nos
obriga sim a negociar e a promover alianças e acordos com eles. Isso é um gesto
de profundo respeito à democracia brasileira da nossa parte. E eu quero que
nenhum governo deste país seja dominado por um único partido, porque quando
isso acontecer voltaremos à ditadura e a liberdade de escolha, de reflexão e a
possibilidade de construir o nosso país ficará na mão de poucos.
Sobre a nota ética vou traçar algumas linhas aqui. Porque
se a ética que nós defendemos for aplicada é quase a mesma coisa que fazer uma
revolução e botar no paredão a grande maioria dos políticos, inclusive alguns
nossos, mas eu quero escrever sobre isto com muito mais rigor do que opinião,
por uma questão profissional e política também.
O PT não abdicou da ética e da moralidade, mas o PT não é o
povo, nem o guia espiritual dos demais partidos e jamais será. Cabe à nós do PT
sermos exemplares nisto. E esta linha política não é de alguns indivíduos. Ou é
do coletivo ou não significa nada e para que tal aconteça precisamos interagir
com o coletivo dentro do Partido.
Quanto a cortar na carne a cada um aqui no partido aquilo
que lhe é devido e na exata medida do que é devido. Sem meias palavras. Para
ser ético não basta opinar como ético é preciso agir como tal e os espaços da
ação são a vida, o partido, a comunidade, a escola e governos ou movimentos.
Ou no nosso caso no nosso trabalho e no nosso cotidiano. Qualquer
que seja ele.
Penso que o PT não está apodrecendo, o que ocorre é uma
acomodação e a supremacia freqüente de interesses facciosistas e personalistas
em muitos lugares, mas isto é um problema político decorrente de um
comportamento de rebanho que ocorre no PT por força da institucionalidade.
Quando alguns falam em virar o cocho deveriam se lembrar de
qual é mesmo a natureza do alimento primordial num partido. Não são cargos, nem
salários, nem espaços, nem prestígio ou vaidades, são as propostas, as idéias e
o programa.
Tudo deve estar absolutamente a serviço do programa.
E na minha opinião, nestes 33 anos o PT fez muita coisa a
serviço do Programa e neste sentido é um partido que cumpre o seu compromisso
com este pais.
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