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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O MILAGRE GREGO

Estive pensando na minha total impossibilidade de entender os gregos...no fato de que bem pensadas as coisas a Grécia é uma coisa meio inexplicável....como explicar para as crianças que os poemas de Homero possuem uma métrica para facilitar - com rimas e etc, a memorização dos rapsodos  e que eles sobreviveram graças a uma - talvez a maior de todas - façanhas de transposição da memória oral para a escritura, como explicar que o próprio Homero - essa figura gigantesca talvez não seja um poeta, mas um Deus colocado lá atrás para justificar a unidade e a veracidade moral de certas narrativas fantásticas, mitológicas, cosmogônicas e heróicas.... Aquiles, Helena, Ulisses, e ir desfiando aquelas histórias - não é todo dia que o professor chega na escola disposto a narrar resumidamente e a desafiar radicalmente os jovens a saírem do tempo atual (partiu ao passado) para talvez um tempo passado que talvez não tenha nada que ver com o nosso tempo - como afirmam os ignóbeis desenraizados....me assopra ao ouvido maqui um Totem: mas vc não podia também contar e narrar os mitos Yorubas?...sim, claro...claro que sim...mas também contar e narrar a história de Arjuna...mas voltando ao Milagre Grego e o que me impressiona nele e que me levou a  escrever isto aqui: como explicar que esta proeza da memória - a passagem dos poemas de Homero ( Iliada e Odisséia), se conecta diretamente com o surgimento da filosofia, sem apelar para o uso da expressão MILAGRE? eu não sei....eu não sei....vai ter que ser assim....e alguém vai tenatr me convencer de novo de que a filosofia não surgiu na Grécia de que ela foi importada de um outro lugar mais maravilhoso, mas me lembro de uma pequena nota de um classicista: sim, talvez tudo se explique somente pela brisa nova do mediterrâneo que sopra ali em especial na costa de Mileto e o segredo está naquela terra em que um jovem plantou oliveiras e colheu frutos para fazer um azeite e tal.....e que pensando bem, foi a água de lá, foi a combinação daquela lenha no fogo, foi a natureza da pedra e do pó com os quais aqueles homens e mulheres foram feitos e formados pelos seus próprios deuses que levou isto tudo...um mistério glorioso...digno de todo meu esforço para espantar..digno de todo meu impeto para surpreender...vou clamar muito que aconteça uma tempestade na hora desta aula, para que eu faça o que já fiz um dia: aponte o dedo para a rua..para os ventos, arvores balançando e para a chuva e diga: é isto meninos e meninas - é este o motivo de tudo que digo...a força da natureza impeliu os gregos - mais do que qualquer outro povo a procurar razões, causas, explicações....ali aonde justamente todos os temerários deste mundo viam deuses e viam a possibilidade da perpétua danação...estes loucos guardaram na memória um  poema de heróis e deuses...em que os heróis brigam entre si, em que os deuses brigam com os heróis e os deuses brigam entre eles para simplesmente dizer para tudo: que agora chegou a  hora de começar a pensar...de investigar as causas, abandonar os culpados e tentar compreender o que acontece...venha tempestade, venha que eu te darei meus olhos, venha que eu te darei meu espanto....isso não é um milagre? não sei....não sei....não sei....não tenho certeza alguma sobre isto....

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