Uma vez observando um discurso político me dei conta de uma coisa que para mim era incrível na época. Fiquei pensando no jogo e na competição entre os instintos ou impulsos altruístas, generosos e benevolentes daquele que discursava e na forma inteligente como ele encobria ou exibia com boas cores seus próprios interesses pessoais, mesquinhos e egoístas ao tratar de suas ambições combinadas com os sonhos daqueles que estavam na audiência.
Eu pensei, na época, em uma espécie de teoria do equilíbrio, em que a pessoa faria pequenas concessões morais e honestas a si mesmo com um senso de profundo respeito aos seus eleitores, apoiadores e simpatizantes. Em que todos os benefícios pessoais advindos da sua conquista fossem direcionados para o bem comum e se justificassem pela ótima realização de um bem comum.
Olhando ontem pela primeira vez Entreatos (2004) aquele muito bem feito documentário de João Moreira Salles sobre os bastidores da campanha política que elegeu Lula presidente em 2002, me dei conta de uma coisa muito mais dura e muito mais simples: não existe equilíbrio possível entre estes impulsos altruístas e generosos. Ou você cala sua própria vaidade e egoísmo no espaço político ou ela vai acabar falando mais alto que qualquer projeto, que qualquer pretensão de generosidade.
Você, na política, deve assumir sim a máxima generosidade e fazer ela dar as cartas, sem fazer concessão alguma para o seu próprio interesse pessoal ou seu egoísmo. Justamente eles são aquilo que deve ser derrotados para que o bem coletivo seja realizado de forma decisiva e exemplar. Somente quem já domou suas próprias tentações e todas as outras seduções existentes neste meio sabe o que eu estou dizendo aqui. Assim, resta aos que negam esta reflexão ficarem em silêncio, pois que a negação moral do mal feito só é possível mesmo e reconhecida efetivamente no foro interno.
Da próxima vez que alguém fizer um discurso político vamos experimentar esta análise para ver onde vai parar o sujeito e como ficará o coletivo....
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