Uma das questões filosóficas mais
perturbadoras que me tem ocorrido desde antes mesmo da minha formação e que tem
me preocupado porque importa numa compreensão mais nítida e fina da realidade e
das cosias é que nem sempre podemos reduzir tudo que há a dois pares de
conceitos opostos. De que o dualismo relativo às coisas, ao modo de ser das
coisas e à nossa compreensão e a interpretação do mundo deve ser sim – para o
bem do nosso juízo e do sentido da existência - razoavelmente mitigado, ou seja, reduzido. O
espírito dual que tenta simplesmente dividir o mundo, as coisas e os seres –
este belo espírito bem inspirado na ontologia e no ser - poderia ser aplacado
pelo conhecimento do mundo, das coisas e dos seres. Quando Aristóteles montou
aquela bela tabuinha de categorias – os primeiros dez mandamentos do pensamento
do ser, da predicação que ele chamou de pensamento categorial, devemos entender
que ele tentou nos ajudar a compreender o ser e a dizer algo com sentido e
chegar à verdade. A proposta dele não era reduzir as coisas a um universo em
que não há nenhuma coloração, tonalidade ou nuance intermediário entre o preto
e o branco. Aristóteles não falava das cores e isso deve nos alertar sobre
muitos pontos. Primeiro que não somos nós os primeiros nem os últimos a nos
surpreender com a realidade das coisas e o modo de ser das coisas e segundo que devemos continuar nos surpreendendo para o
bem da nossa razão e para o bem da nossa sensibilidade. Se olharmos para o
mundo e dividirmos todas as coisas em pares, não haverá diversidade alguma que
possa ser conhecida em sua essência ou em sua peculiaridade, então vamos
parando por aqui. Devagar com o andor e as categorias duais. A elegância de uma
teoria é algo desejável, mas não em prejuízo daquilo que é.
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