Já faz um tempo que tenho falado desta expressão. E uso ela para mostrar aos alunos que por tras de algumas expressões típicas do cotidiano existem situações determinadas de onde estas expressões são originárias.
Eu interpreto assim: por cima da carne seca é a situação do dono da charqueada que fica olhando em panorâmica para os escravos que estão abaixo da carne seca colocando ou retirando o charque das varas da charqueada. Tô até vendo o seu moço na varanda da estãncia a visualizar a indiada e a negrada (sic) a estender as tiras de carne salgadas nas varas.
Dei até uma busca no google e, por incrível que pareça, a maior parte das interpretações leva para a história do charque, mas não mostra a situação apontada pelo dizer POR CIMA DA CARNE SECA.
Me lembrei de Heidegger que dizia que a interpretação existencial é superior a interpretação histórica, pois dá conta do contexto ontológico da ação.
Pensei que haveria uma perspectiva melhor que a minha suave e forçada interpretação da realidade.
Então fica assim: o dono da charqueada, senhor dos escravos, proprietário da estância e do gado não sente uma gota de sal nas costas. E muitas vezes deve ter passado por cima dos montes de carne seca para verificar quanto seria enviado para a freguesia ou quanto rendeu a última charqueada do verão. Por isto está por cima da carne seca.
Eita mundão véio sô...
Nenhum comentário:
Postar um comentário