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sábado, 6 de novembro de 2010

POLÍTICA E RELIGIÃO: ALGUMAS ANOTAÇÕES PÓS-ELEITORAIS

Em meio ao debate regressivo imposto pelo adversário fiquei pensando na relação entre política e religião.

Todos falam em estado laico.

Sim o estado deve ser laico: governantes não devem promover discriminação entre credos religiosos, generalizar conflitos de poder na religião.

O respeito às diferenças não é só uma consideração institucional, é também o reconhecimento do direito à livre orientação e opção religiosa.

E o respeito às diferenças é também o reconhecimento do direito à livre orientação e opção políticas. Quando se mistura isto temos aí um par muito incongruente, porque orientações religiosas e orientações políticas tem em comum muitas vezes dogmatismos e concepções que tendem a irracionalidade quando se misturam.

Por isto devemos evitar esta mistura grosseira e regressiva, sob pena de começarmos a construir conflitos eternos entre sujeitos políticos e religiosos, uma regressão em tanto – O Brasil não merece isto.

Entre o fim do primeiro turno e todo segundo turno assistimos a isto, quase sem poder fazer nada em relação a isto, incluso porque o debate ficou contaminado por questões como terrorismo, aborto, ficha policial e etc. Foi uma atitude muito irresponsável do candidato Serra.

Na minha opinião foi um verdadeiro atentado a democracia brasileira, pois combinava os princípios do terror e do medo na esfera política.

É bom lembrar que Hitler usou os mesmos princípios contra os judeus e outros segmentos sociais.

Insuflando pânico alavancou um processo de violência que custou muitas vidas ao longo de 12 anos da história da Alemanha (1933-1945) e que para ser estancado custou muitas vidas ao longo dos seis anos da segunda grande guerra (1939-1945).

Vamos precisar trabalhar muito e debater seriamente para que este recurso sujo e irresponsável não vire uma constante nas eleições, seja por desespero, seja de forma criminosa e intencional.

Pensei e fiquei muito preocupado com a hipótese de virar lugar comum as religiões fazerem escolhas políticas e partidárias e os partidos fazerem escolhas religiosas.

Se acaba por discriminar este ou aquele partido e esta ou aquela religião. É este o caminho mais curto para a guerra e a rivalidade constante no seio da sociedade.

É preciso estabelecer acordos sobre isto com as religiões e os partidos políticos.

Precisamos evitar esta contagiosa regressão e perversão.

Porque daí advirão todos os conflitos possíveis com um caráter dogmático.

Como aliás assistimos nas últimas semanas da eleição que perpassaram.

Se a Política definir e escolher a Religião oficial ou parceira, e a Religião escolher a política parceira não teremos estabilidade social e isto que eu digo aqui deve dar uma idéia de quanto eu e muitos outros ficamos preocupados não somente com vitória ou derrota eleitoral.

Porque é uma péssima idéia combinar fanatismo religioso com fanatismo político e o debate completamente endiabrado do aborto fazia isto.

Que o estado deva ser laico e que a política deva evitar o recursos a religião, portanto, não é somente uma questão filosófica ou um princípio celeste.

É uma claúsula de preservação social que deveria ser respeitada com mais rigor por candidatos e partidos, e isto também vale para a gestão pública.

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