Na minha saudação me senti muito feliz porque ainda que pesem muito as dificuldades que a gente passa na nossa luta, pelo menos a gente sabe que não está sozinho.
Afirmei que conhecia o Professor Euclides Redin não de palestras, aulas ou artigos publicados, mas sim das nossas diversas caminhadas aqui em São Leopoldo e em Porto Alegre, em que muitos de nós anônimos e estamos lá simplesmente ajudando na luta dos educadores e dos movimentos sociais.
Lembrei que em 2004, no período da transição para o novo governo de São Leopoldo, participamos de reunião sobre a educação infantil no município,de São Leopoldo. Aliás ele fez menção ao fato de que em SL conseguimos atender 50% da demanda de carência na educação infantil. Devo lembrar que o atendimento era de apenas 10% até 2004.
Fui infeliz em fazer menção aos meus colegas que participam muito pouco das jornadas de luta. Aqueles colegas que não acham legal ir em caminhadas ou passeatas que priorizam outras coisas e que muito poucos participaram de todas as jornadas dos anos 80 para cá. Mas, por outro lado devo reconhecer que muitos colegas do Olindo participam dos movimentos, muitos são vanguarda, porta-vozes e outros acompanham dando força e defendendo a nossa luta.
Apontei para o fato que a nossa participação no CONAE 2010 limitou-se a quatro educadores da escola estadual. Não fiz na hora muito caso disso, mas devo apontar para a necessidade dos nossos educadores e estudantes serem convocados a participar com mais entusiasmo, afinal, com todas as dificuldades que conhecemos de fazer cumprir a lei e os planos só podemos nos comprometer com eles construindo.
Lembrei que eu escrevi num texto que está aqui aliás que nós educadores temos que constantemente DESISTIR DE DESISTIR.
Me fiz a seguinte afirmação de que a Democratização da Educação é uma tarefa permanente. Que a conquista das eleições de diretores deve ser renovada com a adoção de métodos participativos de tomada de decisão.
A nossa Caminhada teve momentos extraordinários e o próprio Redin lembrou do Fórum Social Mundial 2001 e dos seguintes quando uma grande multidão realizava uma luta global contra um sistema e uma política que exclui as minorias. Que fazer parte dessa massa é ser companheiro e irmão daqueles que acreditam que um outro mundo é possível.
É sempre preciso uma Reunião de Educadores que passa a construir a educação democrática e popular e a gente tem lembranças disto, muitas lembranças.
Apontei que uma das minhas preocupações no processo futuro de Eleição de Diretores é que para Liderar é preciso confiar nos liderados, não somente ter a confiança de alguns deles, de uma maioria. Os governos devem ser feitos para a maioria, mas devem respeitar as minorias.
Dirigir democraticamente é construir junto, é promover a participação e ouvir todas as opiniões mesmo as divergentes.
Afirmei que tenho um sonho neste ano que me é provocado pelos meus alunos e os nossos de 3º anos do noturno. Sonmho em aprovar todos os 60 alunos. Até porque nenhum de nós vai conseguir remendar nem agora nem no ano que virá as carências de conteúdo que muitos deles tem. Então propus uma reavaliação das nossas avaliações de tal modo que consigamos romper com um movimento continuo e irracional de exclusão.
Os meus e os nossos alunos de 1º anos precisam, na minha opinião de muita atenção, em vários sentidos.
Os meus e os nossos alunos de 2º anos estão num bom estágio e precisamos motiva-los para permanecer na escola também.
O tema da permanência na escola evasão, repetência, abandono e desistência é para mim o maior desafio da educação hoje. Mas também precisamos olhar para fora da escola, para a violência e as drogas. Muitos pensam que isso se resolve com uma pseudoqualidade da educação a partir de conteúdos e planos de estudo. Eu discordo. Penso que precisamos romper radicalmente com esta receita de bolo. A não ser que queremos continuar fazendo meio bolo e meia educação.
O desafio para mim passa pela decisão coletiva dos educadores de conhecer os alunos que temos. Não é simplesmente saber qual a situação deles. A condição social para muitos já é um grande passo, mas para aqueles que já reconhecem isto o passo adiante é saber quem eles são, o que eles pensam o que eles querem. E isso para mim passa pela inclusão deles, das opiniões deles em todos os processos escolares. Não somente na formalidade do conselho ou do CPM. Nas diversas comissões internas eles podem ter participação também.
Por exemplo, foi feita uma Gincana na Escola. E devo admitir e reconhecer por justiça que esta atividade conseguiu envolver os meus alunos. Mas infelizmente não envolveu todos os alunos e todos os professores. Aplicando-se aqui o que o Redin disse, temos que perguntar de que modo e para quem foi concebida a Gincana? E qual a participação dos demais alunos e professores como sujeitos deste processo. E nisto entra tudo desde a definição dos critérios passando pela avaliação e pela construção das atividades. Não dá para fazer as coisas transformando os outros em objetos dos nossos objetivos. Quais poderiam ser os objetivos dos alunos.
O caminho para construir o reconhecimento dos professores e das professoras passa por reconhecer neles o direito de opinião e de divergência também. Não seremos respeitados por ninguém se não optarmos por ouvir com respeito a todos.
Por fim tem aquela pergunta que sempre me faço: Como um aluno chama alguém de mestre?
Assim, temos que freiar este movimento automático de reprodução de conteúdos, objetivos e métodos. Precisamos provocar uma ruptura com nossos modelos, pois eles não estão trazendo resultados.
Temos que construir um conflito sério sobre o método e os objetivos. Para parar de cumprir essa cartela, temos que debater qual cartela será cumprida e este não é debate exclusivo para alguns.
Sempre digo que uma das maiores conquistas da filosofia do século XX foi entender que não faz sentido pensar sozinho.
Assim, quem fala aqui é aquela metade de mim que fala pela outra metade de mim e que também ama.
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