Powered By Blogger

domingo, 19 de agosto de 2018

APROXIMAÇÃO - CLOSER - PERTO DEMAIS



Creio que é um dos filmes mais intrigantes do ponto de vista dos envolvimentos amorosos e do compromisso consigo e com o outro. O amor parece nele algo sagrado, mas impalpável e o sexo algo trivial e palpável. Mas a ênfase mais importante para mim, aparece no estabelecimento de um vínculo de confiança e segurança que não parece mais possível, após certos acontecimentos. Dos encontros emocionantes e acidentais aos provocados e procurados, você percebe uma dinâmica que oscila entre o jogo, a sedução, a atração e a permanência ou impermanência seja pelo abandono do objeto do desejo, seja pela traição simples, que só é possível porque alguns e algumas acreditam mesmo que amor é posse. Daquela gotinha de maldade e perversidade, à malícia e perversidade que leva à vingança e a retaliação. Todas as cenas aparecem nos intrigando com as condutas e ocupações ambíguas das personagens.

Spoiler: Alice é uma stripper que parece estar fugindo de uma desilusão amorosa e que encontra um jornalista, Dan Woolf, ocupado da coluna de obituários do jornal e que sonha em publicar um livro e virar escritor. Num lance de olhos entre os dois na rua, Dan se apaixona por Alice à primeira vista. Anna é uma fotógrafa profissional que conhece Larry e casa com ele. No meio disso, Dan é seduzido por Anna e mantém um caso com ela até que Larry descobre e resolve lhe dar um revés que vai acabar revelando a personagem de Alice como alguém superior em caráter em relação a todos eles. Caráter aqui é caráter amoroso e afetivo. 

  

Não só nos tais tempos líquidos e frágeis em que vivemos - Bauman era tão pessimista quanto a possibilidade de um vínculo estável nesses tempos, mas também no fato de que ele representa bem o caráter ambíguo e difícil das aproximações, reciprocidades e do respeito pelo outro. Navegação em tempestade e sob o regime da insegurança e da incerteza. A possibilidade do amor depende de uma firmeza de intenções, da persistência no propósito e tal coisa parece exigir pessoas muito mais determinadas. É a personagem da Natalie Portman que concentra em si o melhor caráter, apesar do seu ofício. Sua personagem é menos volúvel do que os demais e isso deve nos lembrar nesse filme que de fato no amor e nas relações nem tudo é somente o que parece, mas que há em algumas pessoas um caráter radical que mistura coragem de amar e decisão de se libertar de relações doentias ou fugazes.

No ciclo dos afetos - e isso parece mesmo uma figura de retórica - em que os altos e os baixos, essa oscilação e instabilidade, nos desafia. É tal como uma espécie de situação instável e oscilante em que os oportunistas, os jogadores, os interessados e os comprometidos se misturam e se confundem. Nós nos vemos envolvidos apaixonada e desapaixonadamente e essa intensidade nos engana na maior parte dos casos. Não temos um medidor ou um termômetro exato para deliberar. É preciso intuir e ser mais sensível aos sinais revelados e ocultos para sair desse labirinto de encontros e desencontros, perfeições e perdições, descobertas e esquecimentos. 

Recomendo sim 

CLOSER...

Aqui um dos temas de estudo do meu núcleo temático e existencial. O amor, a moralidade e a cognição.

Depois de revisar e reeditar este texto do ano passado, fui dar uma volta e lembrei de uns insights que eu tive na última vez em que vi este filme. O principal é que Closer, ou Closet (a analogia de Fechado ou guardado). Perto Demais é uma analogia com algumas questões cognitivas bem importantes para mim. Muito próximo, pois a primeira questão é que ao estar perto demais às vezes não se enxerga nada. Que é preciso tomar uma certa distância para compreender o peso das paixões, do amor e dos afetos. A segunda é que perto demais é quase fechado e exclusivo e a exclusividade não ajuda mesmo a evitar certos riscos quando não se está fechado, próximo ou perto demais. Que a ideia de confinamento na relação nos engana muito a respeito da segurança ou firmeza da relação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário