O Sr. Tarso Genro continua produzindo belos textos de reflexão sobre a esquerda.
Mas tenho senões em relação a expressões grandiloquentes como as dele.
Principalmente quando não se altera em nenhum milimetro a profunda desigualdade entre os servidores públicos do judiciário e do executivo.
O quanto ganha um Juiz - com seus direitos e privilégios - e o quanto ganha um professor com suas responsabilidades crescentes e diretos decrescentes mostra algo sobre a promessa de justiça.
O recurso à crise ou à uma indeterminação programática e ideológica não pode servir mais de justificativa para a esquerda no poder fazer de fato aquilo que precisa ser feito.
Governamos em 2011-2012 o país e o estado: o que é que falta para fazer exatamente aquilo que precisa ser feito?
Quem joga com as elites com a facilidade que ele joga, deve, cada vez mais, se afastar da base social do PT.
E o discurso de crise só leva mais e mais água para este velho moinho.
Aqui apresento parte de minha carta: AO MEU QUERIDO GOVERNADOR...
Temos uma lista bem grande de motivos que tem produzido inconformidade, insatisfação e revolta no magistério estadual e esta lista não foi concebida na cabeça de minerva da presidente do cpers ou de algum ideólogo do PSTU ou PSOL.
Ela foi produzida pelo padrão de gestão e relação estabelecido entre o governo e os servidores da educação...
E não é preciso fazer muito esforço para saber o que há nesta lista. Nem é preciso teorizar sobre racionalidade, pragmática ou tática para compreender porque cada uma destas coisas estão nesta lista...
Este padrão de gestão é contrário a muitas coisas que construímos e cultivamos dentro das escolas, nas reuniões sindicais, nas relações políticas de partido e de movimento...
coisas caras para nós como o uso permanente do método democrático...
Método democrático significa também concepção de gestão: jamais impor algo goela abaixo....
jamais abusar do mandato à nos conferido pela confiança do povo...
jamais ousar tomar os nossos colegas como incapazes ou outra coisa...
respeitá-los profundamente....
E é realmente uma pena que isto tem acontecido. Porque coloca muita gente entre o sindicato e o governo procurando não qual deles está certo, mas como não incorrer ou fortalecer o mesmo erro.
Um exemplo foi o tal PACOTE DO MAGISTÉRIO. Só na taxa de inscrição do concurso já há um excesso.
Mas as coisas continuam assim mesmo e as razões de gestão são superiores aos princípios de justiça.
Ou olhar melhor para o tema da evasão.
O professor passa a ser responsabilizado e avaliado por um fenômeno estrutural diretamente vinculado a supremacia do mundo do trabalho sobre a escola.
Qualquer professor que está em escola pública sabe que a evasão nos últimos anos tem se mantido pela abundante oferta de trabalho, bicos, serões e outras opções para além do portão da escola.
E agora o professor passa a ser avaliado a partir destes resultados de evasão e abandono sem possuir nenhum instrumento eficaz para atacar as causas disto.
É quase a mesma situação dos estágios: enquanto o estado não regular a disponibilidade do tempo para a escola.
A escola ficará em último lugar.
Por mais que eu tenha uma grata e tranquila tendência a apoiar o governo, tem mais itens ainda na lista.
Por exemplo o tema da nomeação e lotação dos professores concursados no novo certame para as escolas das CRES.
Já passamos por isto e de certa forma todos os contratos emergenciais passam por isto.
Você é designado para a escola que na região da CRE tem necessidade de professor independentemente da circunstância ser favorável às suas despesas ou ter alguma facilidade no acesso.
O que determina é a necessidade.
Bem, alguém vai acabar desistindo da vaga se, por exemplo residir em São Leopoldo e for designada para Sapiranga em determinada circunstancia.
Mas isto abre possibilidade para arbítrio.
E dá poder excessivo às Cres.
E nem sempre as CRES tem gestão democrática e respeitosa com os educadores.
Não acho boa medida.
Deveria haver um equilíbrio entre necessidade da rede e oportunidade do professor aprovado em concurso.
No mínimo facilitar a negociação na lotação e na escola de interesse do educador.
Por que não.
Não pode ser só porque é difícil lotar educadores ali ou acolá não....
poder excessivo corrompe e gera distorções.
Fico pensando em todos os meus colegas que fizeram greve.
Em todos meus colegas que fizeram campanha.
Nos meus colegas que escreveram o programa de governo.
Naqueles que tiraram fotos com o candidato assim como eu.
Naqueles que sacrificaram os últimos 30 anos com uma militância a toda prova.
Permanente, contínua, intermitente.
Confesso que tenho orgulho deles, mais orgulho deles do que daqueles que levaram as coisas até este ponto.
Você....por exemplo, que anda dando nó em pingo dágua....
E num princípio que foi quebrado lá atrás.
Evitar abrir dissidênciua pública com nossos governos e que hoje parece uma coisa que só depende hoje de quem fala e onde fala.
Não fomos nós que inauguramos a página 10 com o Barrionuevo plantando posições contrárias aos nossos gestores.
E não somos nós que somos citados elogiosamente pela abelhinha de plantão
Digo isso com muito carinho.
Quando o debate não tem instâncias para ocorrer...é assim que acontece mesmo.
Pois bem, pois bem....
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