Meu primeiro trabalho de filosofia era sobre a fecundidade dos mitos e o surgimento da verdade na filosofia...ou da questão da verdade na filosofia. Escrevi em 1989 e tenho guardado ali no meu arquivo. Nem vou procurar agora. Quero aquecer a memória um pouco porque gosto de pensar e lembrar. É um bom exercício para a gente.
O mote era a reprodução incessante dos mitos. Ouvi esta expressão na primeira cadeira de filosofia, na primeira aula. Introdução a filosofia, ministrada pelo Prof. Dr. Hans Georg Flickinger. O nosso primeiro professor alemão. Especialista em Adorno, escola de Frankfurt e que havia sido aluno e orientando do gigante Hans Georg Gadamer, o pai da hermenêutica. Portanto, havia uma boa linha de passe entre a gente. Mais tarde descobri outras relações também importantes e referências importantes. As referências e lições dele nos levaram diretamente para uma obra Dialética do Esclarecimento que traz a crítica ao iluminismo e seus desdobramentos. E depois chegamos a outra obra dele a Dialética Negativa em que é feita a crítica do sujeito em Kant. O que foi objeto de estudo e perdição em meu trabalho de iniciação científica e conclusão.
Voltando aos gregos, a produção de mitos é incessante, porque tinham mito para quase tudo. Era uma coisa que se fazia bastante na Grécia pré-clássica ou arcaica. Que se entenda minha ironia, off course, era a única coisa que se podia fazer antes de começar a constituir outra abordagem para certas questões. Tatear e poetar sober as vontades alhures. Como diria Platão: estes malditos poetas..kkkkk.
A minha primeira impressão foi de espanto, bem clássica, e a pergunta era: como a verdade surge em meio a um oceano de ilusões, fantasias, engodos e etc? Mas os mitos não são isso dizia o manual?
São explicações, enredos narrados com o propósito de erguer uma causa como candidata a verdade.
A vontade divina ou o capricho dos deuses.
Eu me interrogava mais ainda.
No final, por preguiça e impaciência lógica eu concluí: a verdade não surge deste oceano não, o que surge dele é a procura de uma outra verdade, a pergunta pelo fundamento da verdade.
Abandonamos todos os deuses, heróis e etc e partimos para uma causa material, intencional ou natural. Para cada fenômeno uma ou mais possibilidades de acordo com a sua natureza ou categoria.
E aqui eu recaio em Heidegger e Nietzsche. Mas isto conto outro dia.
Filosofia Matinal.
Nunca entendi por que minhas idéias e minhas boas lembranças sempre me aparecem pela manhã.
Mas sempre me ocorre que é fruto do despertar após um bom repouso.
E também como uma resposta ao cotidiano.
Uma resposta que repara certas coisas.
E põe certas idéias no seu devido lugar.
Bom Dia
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