Nunca estou pensando uma coisa só.
Sempre pensando em muitas coisas ao mesmo tempo e houve um tempo que eu me julgava maluco por causa disto. Fazia até segredo do fato de que estava fazendo diversas operações simultâneas na minha mente.
Em meio a discursos então nem se fala. Agora que comecei a cantar tive um consciência mais clara desta experiência. Eu cantando de olhos abertos pensando nas partituras, nas letras, nas notas e trocando com o olhar expressões com o público. Por mais concentrado que eu estivesse notei trocas. Assim, passei a meditar sobre o fato de que o pensar é um fluxo de diversos discursos.
O “discurso silencioso da alma” do amigo Platão, inimigo dos poetas, me fez pensar no sistema de idéias, ou nas constelações de idéias de que falam certos autores. Ora, fica claro que a hermenêutica tenta nos aproximar disto. Um convite para pensar sem as amarras do nosso tempo.
As vezes, pensando, me sinto um músico que escuta a sua composição com todas as notas de um arranjo. Como ao escrever isto agora. Por mais desorganizado que pareça este texto ele traz em si diversas camadas e linhas de raciocínio. Não tenho como derramar aqui toda a polifonia do meu pensamento. Penso na hipermídia, como penso também naquele percentual baixo que usamos da nossa capacidade mental. Einstein deveria ter uma noção disto. Temos a capacidade de dar andamento a paralelas de idéias num fluxo tal em que cada uma delas está no seu ritmo e tom próprio.
Assim, quando te disserem abra sua mente, entenda: pense mais, tenha coragem de pensar mais.
O foco é um exercício, é um começo.
Você deve ultrapassar a idéia enganadora de que só é possível pensar uma coisa só.
Não reprima sua mente.
Se reeduque e se exercite para pensar mais.
Não tenha medo.
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