Estes dias escrevi para o Idelber Avelar do Biscoito Fino e a Massa - um dos meus blogues preferidos - um elogio a sua coragem e ao fato de que ele se posiciona sem medo, ao contrário de muitos intelectuais brasileiros blasês e subservientes que fazem ar de neutralidade e dizem, ainda assim, cumprir um papel importante na democracia brasileira. Toda vez que penso nestes intelectuais lembro aquele papo de envergadura moral ou reserva moral da nação. Tipo assim: na hora que for muito urgente nos posicionaremos. E você deve saber muito bem que este tipo de intelectual quando chega no debate é porque aí mesmo é que está tudo perdido e a vaca vai inteirinha a passos largos para o brejo.
O que eu considero um absurdo, pois que como me ensinou um professor política é tomar posição e fazer pinta de externalidade nisso é só símtoma de alienação ou de desimportância do sujeito histórico que se é. Claro que este professor não disse tudo isso, mas eu creio que ele e outros que admirei nesta minha longa história de aluno assinariam embaixo. Ele queria dizer que é a arte de tomar posição. Portanto, ao meu ver, na minha modesta perspectiva filosófica neutralidade é uma contingência da política e posição uma necessidade. O que não contraria em nada a minha completa desaprovação em relação aqueles tipos de militantes e ex-militantes covardes ou acomodados que não carregam mais bandeira, não colocam adesivos e tentam sempre ser convenientes e submissos onde isto não deveria ser a regra. Por exemplo, no espaço escolar onde deveríamos ser sempre mais democratas ainda do que na sociedade. Me lembrei de um outro mestre de quem só ouvi falar e li algumas memórias e lembranças da ditadura militar.
Bem, bem, bem, mas o que eu escrevi para o Idelber tinha ainda um outro ingrediente: a possibilidade de fazermos filosofia em tempos melhores.
Pautei isto como um desafio não porque a realidade carece de reconhecimento, mas porque justamente quando a realidade está resolvida que podemos pensar para além dela, para adiante e mais longe do nosso tempo.
Confesso que quando estudei filosofia no início dos anos 90 torci a cara para a expressão de um professor de que a filosofia grega é fruto do auge da civilização grega, da abundância de meios e de um vasto espaço ocioso dos cidadãos atenienses par se dedicarem ao pensamento. E que, num viés mais crítico ainda, tudo isso era possível pela abundância de escravos que um cidadão médio atenienese dispunha para trabalharem e lidarem com os seus afazeres econômicos e (sic) domésticos, ou seja, cuidarem da produção material da vida.
Pois bem, quem me conhece destes tempos deveria imaginar que de 1989 a 1997 - período no qual empreendi minha odisséia filosófica, foram tempos muito difíceis e cabeludos para filosofar, mas, nem por isto, impossíveis. Quando parei com este negócio tavga completamente esgotado no esforço de compatibilizar esforço pela manutenção da vida material e esforço pela luta - tão árdua quanto - acreditem, em encontrar verdadeiros pensamentos sobre qualquer coisa dignos de alguma nota e valor imaterial.
Pois bem, tenho pensado muito nisto: na possibilidade de voltar a tentar filosofar caso a Dilma vença esta eleição. Pois o meu esforço político de 1996 até hoje tem tateado e procurado resolver estes assuntos da vida material para ver se a partir disto faz ainda algum sentido filosofar nesta minha curta vida.
Espero que sim!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário