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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PESCARIA FURADA: SERRA E O SENSO COMUM

È recorrente a argumentação da turma do Serra e da tyurma que quer ter motivo para votar no Serra a crítica ao bolsa-família porque o bolsa família dá o peixe, mas não ensina a pescar.

Eu imagino que o que eles querem dizer com esta crítica tem duas dimensões a positiva e a negativa.

Na positiva, "naquelas" como diz me enteado, eles querem sugerir que é preciso criar formas de fazer os beneficiários obterem renda para não precisar do bolsa família, ou seja, é preciso abrir uma porta de saída. Esta é uma proposta razoável. Mas eu não entendo porque em estados onde eles governam e em municípios onde eles governam, tanto o DEM, quanto o PSDB, como o PPS e outros, não são nunca criadas as condições e as portas de saída do maior programa de distribuição de renda do mundo?

Já, na dimensão negativa, que me parece gritante eles defendem no fundo que o estado exagera ao amparar estas famílias. Boa parte do simpatizantes e apoiadores do Serra no fundo gostariam que se trabalhasse alguma forma de qualificação profissional para as famílias e depois virem-se. Eu não acredito que eles desconheçam que a maioria das beneficiárias do bolsa-família são ou mães solteiras ou mães abandonadas pelos conjuges e que acabam por carregar todos os filhos juntos para o mar de dificuldades que advém da miséria e da pobreza tanto para a criação dos filhos quanto para a geração de renda. Vejo uma razão cínica atrás dos argumentos deles - e foi esta razão que foi derrotada nas urnas, pois foi notável que praticamente todos os críticos do bolsa-família em nível de Senado Federal, por exemplo, e que estavam disputando as eleições agora foram derrotados.

No fundo, e aqui está a dimensão bem negativa da posição deles e daqueles que gostariam que este benefício fosse investido em seu próprio bem ( o que inclui aí profissionais liberais e pequenos empreendedores que alegam se prejudicados - como sempre - por altos impostos e carga tributária ), querem que o povo que depende do bolsa família fique exposto diretamente às leis de mercado, à competição desenfreada pela sobrevivência, onde quem tem mais meios e oportunidades leva vantagem sempre. A metáfora da pescaria esconde, portanto, uma grande perversidade.

Estas cosiderações são devidas a uma discuissão no blog DIÁRIO GAUCHE e no blog do MILTON RIBEIRO que sigo aqui ao lado. vale também o exemplo textual apresentado pelo IDELBER AVELAR do blog BISCOITO FINO E A MASSA, quando encarou os dois brasis no aeroporto de Miami. E minha resposta, neste caso agora, aos ex-petistas que não lutam mais por inclusão porque sentem que serão superados pelos incluídos é a que segue.

Nessa pescaria deles eu não vou não. Nem o povo cai nessa mais. São afogadores de oportunidades. Investiram muito em alpinismo social, pulando degraus do conhecimento de tal modo que não encontramos nenhum liame consistente entre o topo e a base da experiência biográfica de um pusilânime. Esquecem que as oportunidades que tiveram não são obra do acaso ou do talento genioso e pessoal deles próprios.

Foram dependentes de outros sempre e agora cantam o hino da sereia com o firme propósito de impedir com que outros cheguem ao seu próprio destino. Querem ser únicos e exclusivos bem sucedidos do darwinismo social. Pensam que pensam. E ler Hume (ou Home) não é suficiente para acordá-los deste sono da razão idiota no qual se encontram. A desilusão subjetiva deles não tem correspondência alguma com os fatos. Não me ocupo com estes tipos almofadinhas.

Deveriam dar aula de filosofia ou praticar medicina na periferia das grandes cidades para perceberem o que anda acontecendo no mundo real. Ou arranjar uma namorada de outra classe social para terem a percepção clara de que as pessoas sabem pensar sem doutorado nisto ou naquilo. O mensalão fez bem ao PT porque livrou o PT de moralistas pretensiosos e auto-complacentes. E obrigou quem ficou a trabalhar muito mais e melhor.

Para mostrar a que veio é preciso muito mais do que campanha e eleição. Nenhum discurso substitui os resultados. Fiquem com seus discursos. A cada palavra o pensamento foge. Acho bom montarem outro partido ou agarrarem muletas mais fortes para a fraqueza da sua alma. Nenhum pingo de generosidade lhe passa pela cabeça? Nada mais do que velhas companhias...

Assim não me foge da cabeça a ideia de que o segundo turno é tributrário de insatisfações deste tipo também.

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