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domingo, 7 de maio de 2017

GH E O PENSAMENTO DESORGANIZADO

Estava seguindo a pista interessante na palestra do meu amigo e ex-colega de graduação Eduardo ("Lispector e Nussbaum: ensaio para um monólogo", com Eduardo Vicentini de Medeiros  ) sobre a Paixão Segundo GH de Clarice Lispector, no que toca ao pensamento desorganizado e achei esta reflexão cheia de anotações inconclusas e com reticências ainda de 2012, sobre o mesmo assunto e outras coisas ligadas ao desentendimento:

A característica mais interessante do pensamento desorganizado é que ele desorganiza o dono e faz um tremendo esforço para tentar desorganizar os ouvintes também...

Isso, quando vem expresso em frases ambíguas, lacunares, com confusões incríveis entre sujeito/objeto e com conexões lógicas de difícil compreensão...

E nas vezes que você conversa com alguém assim e se dá conta de quanto esforço uma pessoa destas requer para se expressar - e muitas vezes sorte - para obter os resultados que ambiciona ou a que se propõe...me parece muito assim quando a linguagem se constitui numa gaiola, numa falsa prisão, simplesmente construída através de algumas incompreensões gramaticais e de algumas operações lógicas não bem compreendidas....

Exclama o ouvinte: ó senhor, dai-me a santa e bendita paciência....

E também porque nestas vezes acabamos por suspeitar também do caráter do sujeito que se comunica desta forma...Mas não devemos chegar a tanto.

E para aqueles que gostam de se comunicar muito e claramente e que zelam não por uma moral da linguagem, mas talvez muito mais por uma comunicação satisfatória é um grande desafio isso....

É porque você precisa de novo apreender e ensinar coisas elementares...Aprender a ser generoso com seu interlocutor e ajudar ele.

Com algumas partículas elementares da nossa linguagem que também significam uma atitude de respeito para com o outro....

E mesmo que ele não te entenda tanto, mesmo que ele nem saiba ou tenha consciência de que está errado ou habitando como um estrangeiro numa linguagem e num ambiente estranho, desconhecido e não dominado...

E não é, no meu ponto de vista aqui, muito correto afirmar que é de dar dó ou que não dá para conversar - numa situação destas....porque estas pessoas também tem direitos e também merecem respeito...

Veja que não podemos culpá-las ou excluí-las de um diálogo por tais dificuldades...

E esta não é um indireta - é somente uma reflexão inicial sobre algumas dificuldades e desafios sociais provocadas por uma certa incompreensão da linguagem e de suas regras...E também pela desorganização do pensamento em que estas pessoas habitam com sérias dificuldades.

E isso aqui também não é um diário - nem muito menos uma provocação...


Creio que temos que pensar nisto - seja como professores e professoras, seja como cidadãos e cidadãs...Em nossas comunidades de diálogo e em nossas diversas formas de interações sociais.

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