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domingo, 24 de janeiro de 2010

DISCURSO DE PARANINFO PARA AS TURMAS 3N1 & 3N2 E ALGUNS ALUNOS DO DIURNO

DISCURSO DE PARANINFO

JUSTIÇA – CORAGEM E ALEGRIA

Boa Noite a todos os presentes, quero fazer as saudações:

Saudação ao Diretor, Professor Jorge Lothar Von Muhlen

Saudação aos meus colegas professores e professoras presentes

Saudação a minha consorte e colega Regina Porto Werckmeister

Saudação ao meu Pai e minha Mãe – Antônio Boeira Sobrinho e Verônica Adams Boeira

Saudação aos pais, mães, avôs e avós, irmãos e irmãs dos alunos

Saudação aos meus ex-alunos e alunas e aos meus amigos e a todos os presentes.

Saudação aos meus alunos e afilhados

Meninos e meninas

Meus muito queridos jovens

Ser Paraninfo de vocês é para mim uma grande distinção.

Ser o padrinho destes formandos - senhores pais e mães - é para mim motivo de muito orgulho.

Ser professor deles já me é e foi uma grande alegria, mas receber esta homenagem é também talvez minha última oportunidade de me dirigir de forma solene para com eles – na condição de alunos – na condição de pupilos e pupilas.

É também uma oportunidade de ouro para tentar fazer o que eu não consegui fazer durante o ano inteiro. Dar uma aula em que seja possível ver o final.

A oportunidade de falar com eles como um professor que se dirige para os seus alunos pela última vez, não é pouca coisa para mim que adotei esta profissão por opção – por escolha deliberada.

Encontro nesta profissão uma grande missão um sentido para a minha vida na realização plena dos meus dois maiores ideais o de ser justo e o de lutar sempre e enfrentar sempre qualquer situação de indignidade, com coragem e muita alegria.

Meus queridos alunos não estou aqui agora por mera obrigação ou ofício profissional, mas como uma pessoa, um sujeito, como um ser humano que pode estar concluindo hoje mesmo a sua passagem neste grande vale de lágrimas que é o mundo. E confesso que me sinto muito orgulhoso de ser aqui o paraninfo de vocês não tanto por ser o professor que sou, mas por ser a pessoa que sou e por vocês serem as pessoas que são e que eu conheço muito bem.

Confesso para todos os presentes aqui que a minha relação com eles foi mais pessoal do que profissional e que tenho a convicção de que se houvesse sido diferente o tamanho desta colheita seria muito menor e mais triste.

Não porque eles não tenham deixado, mas sim porque com estas duas turmas do noturno, em especial, e com alguns alunos e alunas do diurno, mais do que com todas as outras turmas que eu tive durante este ano e nos últimos dez anos de trabalho nesta adorável escola, eu tive um trabalho diferenciado.

Para todos nós chegarmos aqui hoje eu briguei com eles pelo menos uma vez por mês desde março. Nos últimos quatro meses ralhei quase todos os dias e, confesso, não deixei em nenhum momento eles terem a ilusão, fantasia ou mera impressão de que os havia abandonado, esquecido ou desamparado.

Ou seja, apoiei intensamente estes alunos e alunas que estão aqui hoje e isto explica porque são tantos os alunos do noturno aqui presentes, porque muito poucos declinaram de vir aqui e mostrar para todo mundo quem são seus colegas e como é importante esta cerimônia para eles e para mim.

Como professor dediquei todas as minhas horas e dias deste ano no convívio com estes alunos e alunas para construir a fotografia e o retrato desta noite.

Certamente não sou, não serei e não quero ser o professor mais importante da vida deles, porque sei que existem educadores mais preparados aqui mesmo nesta mesa, neste salão, sei que eles terão ainda muitos outros professores e educadores.

Mas devo me dirigir a eles agora com palavras especiais. (A partir daqui até aonde eu vou marcar eu não li).

Palavras que eles ouviram nos últimos três anos, ou até dez anos. Pois que alguns destes alunos e alunas são – na padaria da vida – a escola, fregueses de caderno.

E todos eles sabem do que eu estou falando aqui, porque hoje é o dia em que nós vamos fechar esta conta e abrir uma outra. Vamos fechar a conta das pequenas promessas e abrir a conta das grandes expectativas.

E eu tenho muitas expectativas em relação a vocês. Aposto muito em vocês, mas sei que esta aposta só se cumprirá se vocês apostarem mais do que eu mesmo apostei em mim mesmo um dia.

Hoje é o dia que nós vamos lembrar como uma grande conquista individual e coletiva. Se a padaria fechar amanhã – e queira Deus e os senhores que ela não feche, saberemos e lembraremos que comungamos do mesmo pão – de uma tentativa de fazer uma educação plena com vocês e meus colegas.

Na minha primeira experiência como professor a mais de 19 anos – em estágio de observação acabei substituindo um professor que não foi dar aulas – eu tentei explicar algo que é muito esquecido em geral e que talvez explique porque o trabalho de educar é tão difícil e tão pouco valorizado.

Uma mera distinção conceitual entre educação formal e educação informal havia sido objeto da minha primeira aula. É uma distinção tão simples que pareceria ocioso gastar tempo aqui com ela. Mas é uma distinção importante.

A educação formal é aquela em que o sujeito passa por um processo regrado de educação, em que dispositivos como Avaliação, Recuperação, Exercícios, Conteúdos pré-determinados e tempos pré-determinados são utilizados. Assim temos a matéria, os horários, os dias e as provas determinadas.

Já a educação informal é absolutamente casual e muitas vezes depende de uma decisão em procurar educar. A educação informal – meus senhores e minhas senhoras é aquela que nós fazemos quando damos uma advertência a um estranho na rua, ou quando abordamos qualquer criança ou jovem na rua e lhes cobramos conduta diferente do que aquela que eles estão a ter. E esta educação é – na minha visão a mais importante – e é aquela que nos dias de hoje mais falta também.

Porque muitos hoje – por efeito de uma incompreensão sobre o que é a democracia, a liberdade, a justiça e a autoridade – consideram que tal atividade é precípua dos pais ou mães, dos policiais e daqueles – a parte mais irônica disto – que ousam perder tempo se metendo na vida dos outros ou falando e julgando o que os outros fazem ou o que os filhos dos outros fazem.

Ocorreu – com estes tempos individualistas – uma excessiva permissividade, não por convicção liberal das pessoas, mas sim por puro egoísmo e tentativa de se descomprometer com a educação, a proteção e a orientação de nossos jovens.

Foi mais ou menos assim que chegamos ao atual estado de coisas. Por força desta renúncia à educação informal, acabam por renunciar também a uma sociedade em que a dignidade e a importância das coisas e das gentes é muitas vezes esquecida

(a partir daqui eu continuei a leitura.)

Peço aos meus alunos que façam a coisa certa. Que critiquem o que deve ser criticado, que corrijam o que deve ser corrigido é através de um grande esforço preservada.

Não é difícil entender porque isto aconteceu. Nem é difícil observar como isto acontece. Todos nós sabemos o quão desconfortável é contrariar o livre curso das coisas e pessoas a nossa volta. Passamos muitas vezes por inconvenientes e sentimos muitas vezes o quão difícil é alertar para este problema. Afinal, contrariar e assumir a conflitividade necessária para mudar as coisas, mudar a vida e mudar o mundo pode ser muito oneroso, pode ser muito desagradável.

E é assim que muitos se dobram ao senso comum e ao preconceito – o qual não é o mesmo que o bom senso. E neste ano, meus queridos alunos, tivemos muitas experiências em que a opção de contrariar o senso comum e os preconceitos nos foi muito favorável. Não darei os exemplos porque a consciência de quase todos vocês esta repleta destes exemplos. Sugiro até que contem no fim de semana, no churrasco da família ou no passeio dominical alguns causos disto.

Tenho que fazer alguns agradecimentos também – porque é sempre bom lembrar que poderia ter sido muito diferente:

Primeiro, eu agradeço em nome de todos os meus colegas e do nosso sindicato CPERS, ou seja, o apoio da gigantesca maioria absoluta destes alunos para a greve e a luta dos professores, neste ano, no ano passado e nos anos anteriores.

Segundo, eu agradeço o forte apoio e participação destes alunos em diversas atividades: a) na discussão sobre segurança pública; b) na discussões e nos debates sobre a temática da prevenção às drogas em sala de aula, no salão da escola e nas atividades de sábados; c) na participação a Palestra de Prevenção aos acidentes de trânsito e de explicação de como funciona o Samu lá na escola; d) a corajosa e engraçada participação na festa de São João; d) a concepção, e organização e realização, com o devido sucesso, da festa de Hallowen; e) a participação intensa destes alunos no Grêmio Estudantil, no Conselho Escolar e f) o excelente comportamento destes alunos em todas as saídas e passeios externos aos muros da escola; como no passeio à Feevale e na passagem pela Unisinos. g) os bons debates, trabalhos e exercícios realizados na disciplina de Sociologia neste ano, na disciplina de Filosofia no ano passado e nas demais atividades pedagógicas.

Terceiro, tenho que fazer um agradecimento muito especial a todos os alunos que cumpriram o que propomos nos conselhos de classe, nas diversas atividades de orientação e, também, aqueles que aceitaram com racionalidade nossas advertências e pedidos.

Quarto lugar, quero agradecer a minha turma 3N2 que cumpriu em 110% tudo que eu esperava deles. A minha aposta em vocês me rende muita alegria.

Para concluir quero respeitosamente e humildemente apor aqui um enigma a todos vocês – a todos os presentes.

Que semelhanças haveremos de encontrar hoje e no futuro entre estes alunos e o seu professor?

Espero que todos eles sejam muito melhores do que eu fui capaz de ser.

Passo a eles agora o meu bastão definitivo: cresçam mais, sejam mais justos, sejam mais corajosos e sejam felizes.

Façam desta cidade, deste estado, deste país e deste mundo um lugar melhor para se viver.

Eu me lembrarei de todos vocês pela eternidade.

Hasta La vista.

Muito Obrigado e Parabéns a todos.

PS.: Preciso citar aqui alguns alunos que foram decisivos na comissão de formatura: Thais da 3N1, Pedro da 3N2, a Tayla da 3M1 e a Gabriela da 3M2. Valeu o esforço de vocês. Um grande abraço especial.

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