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quinta-feira, 21 de abril de 2011

PORQUE NÃO RESPONDO MAIS A CERTAS COISAS OU E-MAILS

Sim, não te respondi e li com atenção tudo que você me disse. Fiquei pensando e tomei certas decisões que são novas para mim que sempre fui dado a responder a tudo que recebo por e-mail.

Nâo posso assumir todas as batalhas do mundo e das pessoas.

Tenho que me esforçar para cada vez mais entender as pessoas e suas motivações eternas ou passageiras.

Eu prefiro as eternas.

Sinceramente.

As passageiras são importantes naquele momento, depois, à medida que nos afastamos delas, consideramos inuteis.

Pensei muito no que alguém me escreveu por e-mail estes dias
e resolvi não responder.

Porque assim como você tem o direito de escrever o que quiser
eu tenho direito de escrever ou não o que eu quiser, e tenho o direito de decidir sobre isto também, pensando mais livremente também.

Não devo responder por tudo que encomoda ou chateia as pessoas.

Somente porque sou amigo delas ou pertenço ao partido x ou y, e nem mesmo por ser do governo ou de parte dele, devo responder a tudo que é jogado na minha cara, nos meus pés ou ouvidos.

Tenho envolvimento muito alto com minhas coisas e responsabilidades. E com minha prória vida também. Afinal, como diz a música, quem me levará sou eu.

Estou me esforçando muito para cuidar bem daquilo que me cabe cuidar bem.

Nem sempre consigo, mas sempre tento.

Isso vale como uma resposta e um gesto de carinho aos meus amigos que esperam de mim respostas para todas as aflições e angustias.

Um grande abraço amigo.

domingo, 10 de abril de 2011

A TRAGÉDIA DO REALENGO, ESCOLA ESPECIAL, DESARMAMENTO E DOENÇAS MENTAIS

Esta semana a bruxa esteve solta e atacando gravemente a educação e a sociedade brasileira. Em São Leopoldo mesmo tivemos uma escola fechada por conta de brigas que ameaçavam a paz dos estudantes e educadores desta escola. Falo aqui da Escola Municipal Padre Orestes Stragliotto. Digo a bruxa, porque não quero colocar a culpa em alguém particular, nem adotar o raciocínio simplista de que o problema é da falta de segurança ou falta da proteção da escola e dos cidadãos.

O problema é da sociedade brasileira que precisa tomar atitudes diferentes das que tem tomado em relação a diversos assuntos, entre eles o tema do desarmamento, a relação com a escola dos seus filhos, a forma como tratamos as doenças mentais e a tolerância permissiva, ao meu ver, com discursos religiosos que dividem o mundo entre pecadores e puros, por exemplo, fazendo promessa de salvação.

Para começar li em jornais, vi na televisão, e ouvi no rádio algo sobre três ou quatro eventos tristes nesta semana última semana e assisti e acompanhei, com muito pesar e lamento, os desdobramentos da notícia deste golpe cruel em uma escola especial do Realengo. Este massacre foi terrível. Primeiro, porque as vitimas não tiveram nenhuma alternativa frente à execução premeditada de um psicopata. Segundo, porque acentuou um sentimento que já vaga na sociedade brasileira de que a violência atingiu limites nunca antes vistos. O que gera terror, pânico e muita dor na sociedade.

Me solidarizo com os educadores do Rio de Janeiro e de todo o Brasil que tem sofrido em diversas circunstâncias e peço que sejamos mais fortes do que já temos sido e que a sabedoria nos dê luz para enfrentar estas situações com atenção e muito carinho pelo próximo. E peço que os pais e os alunos tomem uma atitude decisiva também em relação as suas responsabilidades com a escola. A melhor proteção que a escola pode receber é a participação e a atuação de toda a comunidade no seu espaço escolar. A intensificação do relacionamento da comunidade com os trabalhadores em educação pode sim alterar os sinais de violência e aumentar a proteção do espaço escolar e da comunidade.

Nós professores e professoras, educadores e funcionários de escola, entramos todos os dias nas escolas do Brasil e tentamos dar o máximo de nós. Muitas vezes sofremos com insucessos e frustrações e muitas vezes vemos sucessos e belos resultados serem desprezados e tratados como coisa comum.

É preciso dizer que muitos de nós conseguem realizar verdadeiros milagres individuais e coletivos, considerando as dificuldades que enfrentamos e a incompreensão generalizada hoje da responsabilidade dos pais com o ambiente escolar.

Mas também precisamos aprender todos os dias a conviver com a falha e as frustrações. E algumas destas frustrações são as vezes grandes e trágicas como esta. Me coloco no lugar das ex-professoras deste jovem que massacrou os alunos, devem estar arrasadas e se sentindo culpadas e vão passar muito tempo de suas vidas convivendo com a dor, o luto e a culpa. Uma culpa que não é delas, mas que dará muito trabalho para ser extraída do coração e da consciência delas. Será difícil para elas escapar da encruzilhada imposta entre o poder que elas tem de educar e humanizar e os descaminhos que se deram com este jovem que o levaram insanamente a esta tragédia.

Por isto um dia escrevi que vamos levando e aprendendo a desistir de desistir durante toda a nossa carreira. Porque é uma processo de resistência contínua em que mantemos a esperança nos resultados do nosso trabalho e superamos as frustrações e eventualmente os golpes duros que sofremos ao longo da nossa carreira.

Temos quase todos os educadores conhecimento do fato de que muitos desistem ao longo desta jornada e, muitas vezes, bem no começo dela. Já vi casos de desistência no estágio, após a primeira observação de sala de aula, na primeira semana de exercício profissional e alguns desistem, mas ficam. O que é uma pena porque ficam desolados e sofrendo durante esta permanência. Não há como culpar ou condenar alguém por não ter tolerância a certas frustrações, ambientes, situações e acabar por desitir no enfrentamento destas. Aqui tratamos de algo relacionado àquelas habilidades que não são igualmente distribuídas entre os homens tal como inteligência emocional ou resiliência “a capacidade de um indivíduo em possuir uma conduta sã num ambiente insano, ou seja, a capacidade do indivíduo sobrepor-se e construir-se positivamente frente as adversidades”.

Mas quero aqui dizer que todos aqueles que não desistem merecem todo o nosso respeito e admiração. E em momentos como estes precisam ser apoiados e reforçados por conta do que as tarefas que se colocam para eles agora, em especial, aos educadores da Escola do Realengo, são superiores aquilo que todos nós estávamos preparados. O luto e a dor são duas delas que nos desafiam mais. E que aqueles que suportam esta dor, ao seu modo, saberão continuar educando e aprendendo a fazer mais humanidade e mais vida no Brasil.

Este terrível evento é tão grave que encobre a vitória da luta pela valorização profissional ontem no Supremo Tribunal Federal em sentença sobre o Piso Salarial Nacional, mesmo vencendo a luta legal pelo piso salarial profissional, mal podemos comemorar esta vitória pois que sobreveio um golpe em toda a educação brasileira.

A coincidência é que eu iniciei a semana com uma reunião sobre educação especial e/ou educação inclusiva. Se você ainda não sabe o que significa isto te direi. É chamada de educação especial aquele regime educacional que trata somente de alunos com necessidades educacionais especiais. E é chamada de educação inclusiva aquela que inclui os alunos portadores de deficiências, necessidades especiais, sejam estas genéticas ou adquiridas, na escola regular. Devemos anotar aqui que alguns alunos e alunas tem necessidades especiais que não são atendidas na escola regular por conta da escala ou nível de prejuízo, motor, cognitivo ou mental de que são portadores.

Tenho discutido muito o tema da deficiência nos últimos sete anos desde que iniciamos a gestão na educação municipal em 2005 e, mesmo antes, no processo de discussão do programa de governo local. Um dos desafios colocados a mesa foi a escola de surdos e outro o tema da acessibilidade aos alunos cadeirantes. Mas estes são os problemas mais visíveis. Ficam menos visíveis todas as outras deficiências mais singulares e menos generalizadas entre os alunos da rede municipal e estadual. Confesso que sempre enfrentamos este tema com dificuldade, e que, aliás, qualquer um que enfrentá-lo terá dificuldades sérias, porquanto, sanando a acessibilidade subsiste também os outros temas que requerem especialização pedagógica para servidores em geral, supervisores, orientadores e educadores nas escolas.

Também me preocupo tanto com a manutenção das escolas especiais para os casos que requerem um cuidado e atenção em escala mais especializada, como quanto ao fato de que precisamos dar maior atenção para alternativas nas escolas regulares. Ou seja, é preciso criar suporte e generalizar certos conhecimentos sobre estas condições especiais ou de deficiência. Você não trata alguém de acordo com a sua singularidade se não reconhecer esta singularidade. Neste sentido, é importante aos educadores terem o conhecimento de laudos e de procedimentos alternativos e métodos alternativos adequados a cada condição. E entre estes métodos alternativos garantir atividades especializadas e adaptadas a estas condições que dêem conta delas.

Por exemplo: viabilizar atividades em contra-turno para os deficientes de inclusão e também envolver mais a família com o processo escolar destes alunos. Devemos incluir aí a perspectiva de contribuir para a inclusão também dos pais em outras etapas e suas etapas próprias de aprendizagem. A inclusão sempre é um tema que se bem respondido, ajuda a escola normal a dar conta de suas tarefas com maior humanização e com ganhos sociais relevantes.

Quanto ao tema das doenças mentais, às psicoses e outras manias, temos que refletir seriamente em que sentido estamos dando atenção adequada a isto. Não creio ser razoável dizer de que porque os serviços são disponíveis, basta aos doentes, parentes ou pacientes procurá-los. Creio que estamos num ambiente de laissez-faire no que toca a doenças mentais e o resultado disto é somente uma parcela inteira da população portadora de alguma forma de sofrimento mental desassistida e sem nenhum acompanhamento especializado. Isto não pode continuar assim.

Quanto a outro tema que sobressai desta tragédia, a questão do desarmamento quero terminar falando do que li e ouvi nos desdobramentos.

Veja-se Eduardo Valdoski no twitter: "A tragédia no Rio deve ser faturada na conta de quem foi contra o desarmamento no plebiscito de 2005"

Reproduzi no meu feice isto por conta da evidência deste tema para a sociedade. Claro, só fala da segurança pública e do papel do estado em supri-la, mas não relacionam isto a suas atitudes e escolhas políticas no tema.

Quando tem a vez de fazer sua parte votaram sim no plebiscito das armas. Seduzidos por uma apelação absurda de que o cidadão deve ter o direito às suas armas porque se o estado não funciona deve se defender com suas próprias mãos e armas. Ora, para concluir isto aqui mesmo: defender-se de si mesmo, é claro.

domingo, 3 de abril de 2011

BERRY NO TEATRO MUNICIPAL DE SÃO LEOPOLDO

O Show foi excelente. De Sábado no Teatro Municipal do Centro Cultural José Pedro Boéssio em São Leopoldo ficará uma marca indelével nas consciências dos que aceitaram os convites, leram o jornal ou ficaram sabendo do show. Noto que o pessoal precisa estar mais ligado e atento, pois São Leopoldo tem tido verdadeiros espetáculos nos últimos tempos. Com a reabertuira do Teatro Municipal em 2008, São Leopoldo tem palco como poucas cidades tem no Rio Grande do Sul.

A Sra. Berry canta como poucas e suas letras e as melodias são muito bem arranjadas. Hoje é em Caxias e espero que o povo de Caxias aproveite, porque é algo maravilhoso poder assistir ao vivo uma cantora como esta.

Nas palavras de Messier Jacques (Diretor da ALiança Francesa de Porto Alegre) ela representa o renascimento da canção francesa. E quem assistiu ao show teve a certeza de que a canção francesa está em boas mãos e terá ainda uma vida longa pela frente.

A voz dela não fica devendo para a voz de nenhuma diva francesa, ou alemã ou brasileira. A impressão que tive é de ter assitido uma cantora realmente de nivel superior. Fiquei pensando o que ela seria capaz de fazer com uma coleção de bossa nova. Também, pensei nas pontes possíveis com Totonho Villeroy, Nei Lisboa (por afinidade melódica ao meu ver) e Vitor Ramil ( em especial as composições do disco Tango), seria um luxo só e traria com certeza um belo resultado.

E o público vibrou ardentemente com as canções dela. A casa estava em 80% de sua lotação. Ao final o Rodrigo do Rally de Comunicação da ONG Trilha Cidadã foi tomar um depoimento dela nos bastidores. O rapaz ficou emocionadísssimo, pensei que ia ter que chamar o SAMU. E ela foi bem atenciosa na tomada do depoimento. Deste depoimento, entre outras coisas, ficou uma impressão dela sobre o Brasi.

Segundo Berry: No Brasil tudo é mais. As pessoas são mais carinhosas. As pessoas dão abraços. Tem mais paixão. Tudo é mais. Daí ela listou também mais paixão, mais violência, mais emoção, mais amor, mais carinho rsss. É uma Sra. impressão esta.

E teve também aquele fã entregando um buquê de rosas para a diva no momento certo de uma certa canção. Foi um momento lindo. Bem, com certeza quem assistiu teve um razoável privilégio mesmo. Espero muito que ela volte e não vejo a hora de comprar um ou dois CDs dela. Ela convence mesmo.

sábado, 2 de abril de 2011

FILOSOFIA, PENSAMENTO, SOCIOLOGIA E NOSSAS MISÉRIAS

Na pergunta guia da aula de ontem: O que é uma idéia?

uma imagem, a forma de algo, uma construção mental, o pensamento? Há um desacordo aqui. Um desacordo que não se expressa como detalhe. A pergunta se transforma no que você está pensando agora?

Cada aluno lê a pergunta a partir de uma perspectiva não elaborada.

Então quer dizer que você nunca parou para pensar nisto?

Mas o que anda acontecendo com a gente afinal?

Renunciamos ao pensamento?

Cada vez que abordo uma questão como esta me dou conta da medida da grandiosidade da pergunta de Heidegger.

Ele chegou até ela se dando conta de que paramos de pensar.

A metafísica ocidental se afastou do pensamento. Se afastou da questão do pensamento. A questão do ser.

Semana passada teve uma reunião na escola. Estávamos discutindo o texto do PPP. O Projeto Político-Pedagógico. E voltou a baila a questão de porque a filosofia da escola não exibe logo a sua aplicação e não tanta teoria, ou abstração ou idéias. Me dei conta de algo semelhante aqui: As pessoas não gostam e não se dedicam ao esforço do pensamento. É muito desgastante, obtuso, retórico e etc.

Mas pô o pensamento é justamente aquilo que deveria propor os princípios, valores e critérios fundamentais da escola. Bem, elas só querem as orientações práticas. Entendemos este impulso como afastamento do pensamento. Mas prá que servem as orientações práticas se você não sabe de onde vai e para onde quer ir?

As pessoas não fazem isto por mal. Não é justo chamá-las de ignorantes ou mediocres. Elas se comportam aqui como a manada, renunciam ao pensamento e quando precisam pensar compram um pensamento pronto para botar naquele lugar em que o pensamento é exigido. Vai lá e copia o PPP pronto de outra escola. É mais fácil e nos afasta de contradições e de nossos problemas fundamentais.

É um hábito que tem origem nos hábitos da nossa elite. E que a nossa elite tenta passar com discurso altissonante para o povo. Afinal para que aprender filosofia ou sociologia? Você não precisa pensar precisa produzir. Você precisa se ocupar com coisas práticas para sobreviver. Vá trabalhar e para de pensar bobagens.

Um exemplo das aulas de sociologia. Passada a introdução a gente dá uma "paradinha" em Augusto Comte. Você se surpreende com o fato de que Comte foi capaz de expressar a necessidade de uma ciência da sociedade e, no entanto, a ciência da sociedade hoje praticamente prescinde de Comte. Nada mal. O pensamento de Comte nos resta como Doutrina: o Positivismo.

Positivismo este inscrito na nossa bandeira "Ordem e Progresso". Valem aqui duas críticas. A primeira da recepção e importação de idéias de fora, como se incapazes de pensar o social com nossos conceitos sociais. E isto foi feito por uma elite ilustrada do beletrismo. Aliás elite esta que representava o pensamento, haja visto que ao povo do século XIX não cabia as tarefas do pensamento.

DE outra banda a crítica ao mérito da idéia de que a ordem é garantia de progresso. Diria um filósofo indigena: Ordem de quem cara pálida? Progresso para quem cara pálida?

Continuo depois....